Eu

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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:(1) SILESIUS, Angelus. ''Angelus Silesius - a meditação do nada''. Seleção e organização de Hubert Lepargneur e Dora Ferreira da Silva. São Paulo: T.A. Queiroz, Editor, 1986, p. 68.
:(1) SILESIUS, Angelus. ''Angelus Silesius - a meditação do nada''. Seleção e organização de Hubert Lepargneur e Dora Ferreira da Silva. São Paulo: T.A. Queiroz, Editor, 1986, p. 68.
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:"[...], [[pensar]] no ‘eu’ é pensar que esse eu não é código linguístico que afirma uma [[subjetividade]], e sim que é a transfiguração do ‘sou’. Mais ainda, o ‘sou’ enquanto é está sendo porque resguarda no que é o não-é. O ‘outro’ minimamente é uma conjuntura do [[ser]] e do [[não-ser]] no que estiver sendo. Portanto, há pelo menos dois ‘[[outro|outros]]’: o que não sou eu (o tu) e o que não sou enquanto ‘sou’, ou seja, o sendo que ainda não sou, mas estou prestes a ser” (1).
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:Referência:
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:PESSANHA, Fábio Santana. ''A hermenêutica do mar – Um estudo sobre a poética de Virgílio de Lemos''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2013, p. 124.

Edição de 16h44min de 8 de janeiro de 2014

1

"...todos os romances de todos os tempos se voltam para o enigma do eu. Desde que você cria um ser imaginário, um personagem, fica automaticamente confrontado com a questão: o que é o eu? Como o eu pode ser apreendido? É uma dessas questões fundamentais sobre as quais o romance como tal se baseia. Pelas diferentes respostas a esta questão, se você quiser, pode distinguir diferentes tendências e, talvez, diferentes períodos na história do romance" (1).


Referência:
(1) KUNDERA, Milan. A arte do romance. São Paulo: Companhia das Letras, 1988, p. 27.


2

"A busca do eu sempre terminou e terminará sempre por uma insatisfação paradoxal. Não digo fracasso. Pois o romance não pode ultrapassar os limites de suas próprias possibilidades, e a revelação destes limites já é uma imensa descoberta, uma imensa proeza cognitiva. Não obstante, depois de ter tocado o fundo que implica a exploração detalhada da vida interior do eu, os grandes romancistas começaram a procurar, consciente ou inconscientemente, uma nova orientação" (1).


Referência:
(1) KUNDERA, Milan. A arte do romance. São Paulo: Companhia das Letras, 1988, p. 27.


3

"Mas a busca do eu termina, mais uma vez, por um paradoxo: quanto maior é a ótica do microscópio que observa o eu, mais o eu e sua unicidade nos escapam: sob a grande lente joyciana que decompõe a alma em átomos, somos todos parecidos. Mas se o eu e seu caráter único não são atingíveis pela vida interior do homem, onde e como podemos atingi-los?" (1).


Referência:
(1) KUNDERA, Milan. A arte do romance. São Paulo: Companhia das Letras, 1988, p. 28.


4

"Eu não sei o que sou, eu não sou o que sei: / Uma coisa e não-coisa, um ponto e um círculo" (1).


Referência:
(1) SILESIUS, Angelus. Angelus Silesius - a meditação do nada. Seleção e organização de Hubert Lepargneur e Dora Ferreira da Silva. São Paulo: T.A. Queiroz, Editor, 1986, p. 68.


5

"[...], pensar no ‘eu’ é pensar que esse eu não é código linguístico que afirma uma subjetividade, e sim que é a transfiguração do ‘sou’. Mais ainda, o ‘sou’ enquanto é está sendo porque resguarda no que é o não-é. O ‘outro’ minimamente é uma conjuntura do ser e do não-ser no que estiver sendo. Portanto, há pelo menos dois ‘outros’: o que não sou eu (o tu) e o que não sou enquanto ‘sou’, ou seja, o sendo que ainda não sou, mas estou prestes a ser” (1).


Referência:
PESSANHA, Fábio Santana. A hermenêutica do mar – Um estudo sobre a poética de Virgílio de Lemos. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2013, p. 124.
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