Ereignis

De Dicionrio de Potica e Pensamento

Edição feita às 19h40min de 28 de março de 2009 por Fábio (Discussão | contribs)

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Ronaldes de Melo e Souza (1) faz uma tradução especial do termo essencial em Heidegger: Ereignis: evento criptofânico. E vai relacioná-lo com o "e" de ser e tempo. Diz : "O evento criptofânico (das Ereignis) e, por assim dizer, um neutrale tantum (simplesmente neutro), o neutrale (neutro) "e" no título Tempo e Ser. No jogo alethopoético, a alétheia' (Ereignis) se fundamenta na léthe (Enteignis). No krýptesthai de Heráclito, pronunciou-se pela primeira e última vez o que é a retração (léthe) do ser. A léthe é a mística ocultação do sagrado (krypsis he mystike ton hierôn) na sacrossanta automanifestação mística do ser enquanto ser".


- Manuel Antônio de Castro


Referência:
(1) SOUZA, Ronaldes de Melo e. "Ereignis: evento criptofânico". In: Revista Tempo Brasileiro, nº 95. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1988, p. 17.


Ver também:

2

Ereignis é uma palavra-chave do pensamento de Heidegger e de extrema dificuldade de tradução. Uma possível tradução seria: o aconter-poético-apropriante.


- Manuel Antônio de Castro


Referência:
Cf. HEIDEGGER, Martin. "Tempo e ser". In: Os pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1979.


Ver também:


3

No ensaio "Tempo e ser" (1), Heidegger trata a referência entre Tempo e Ser tematizando a dupla questão do acontecer apropriante e do dar-se. E toma lugar especial o E de tempo E ser no sentido de um ENTRE, ambíguo e fundamental, que Heidegger trata como um E neutro, isto é, que não é nem um nem outro, por ser, ao MESMO tempo UM e OUTRO. Então esse E, como o ENTRE, assume um LUGAR fundamental e impensado, porque impensado ficou exatamente o ser como dar-se. Ler especialmente as páginas 266 e 271. Esse E também vai ser fundamental para compreender a identidade dentro do que Heidegger entende por EREIGNIS, ou seja, o acontecer poético apropriante. Esse apropriar-se vai estar relacionado com o termo phileî do fragmento 123 de Heráclito, quando diz: phýsis krýptesthai phileî. O sentido antigo de philos em grego é o que é próprio. E o que é próprio é o que nos pertence, não porque nós o conquistamos, porém, porque nos foi dado. Dar implica um receber possibilidades e apropriar-se do que nos é proprio nisso consiste viver a vida como experienciar e fazer travessia. Isso dá-se radicalmente no amar. O dar-se dos amantes é um dar-se de mútuo apropriar-se. O que os une é lógos, enquanto reúne no acontecer-poético-apropriante: Ereignis. Amar. Sabedoria.


- Manuel Antônio de Castro


Referência:
(1) Cf. HEIDEGGER, Martin. "Tempo e ser". Os pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1979.
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