Ereignis
De Dicionrio de Potica e Pensamento
(Diferença entre revisões)
(→1) |
|||
Linha 1: | Linha 1: | ||
__NOTOC__ | __NOTOC__ | ||
== 1 == | == 1 == | ||
- | :Ronaldes de Melo e Souza (1) faz uma tradução especial do termo essencial em | + | :Ronaldes de Melo e Souza (1) faz uma tradução especial do termo essencial em Heidegger: ''Ereignis'': evento criptofânico. E vai relacioná-lo com o [[e]] de ser e [[tempo]]. Diz : "O evento criptofânico (das ''Ereignis'') é, por assim dizer, um ''neutrale tantum'' (simplesmente [[neutro]]), o ''neutrale'' (neutro) 'e' no título ''Tempo e Ser''. No jogo alethopoético, a ''[[alétheia]]'' (''Ereignis'') se fundamenta na ''léthe'' (''Enteignis''). No ''krýptesthai'' de Heráclito, pronunciou-se pela primeira e última vez o que é a [[retração]] (''léthe'') do ser. A ''léthe'' é a mística ocultação do [[sagrado]] (''krýpsis he mystiké ton hierôn'') na sacrossanta automanifestação mística do [[ser]] enquanto ser". |
Linha 15: | Linha 15: | ||
:*[[Acontecimento]] | :*[[Acontecimento]] | ||
- | |||
== 2 == | == 2 == |
Edição de 19h30min de 9 de Agosto de 2015
1
- Ronaldes de Melo e Souza (1) faz uma tradução especial do termo essencial em Heidegger: Ereignis: evento criptofânico. E vai relacioná-lo com o e de ser e tempo. Diz : "O evento criptofânico (das Ereignis) é, por assim dizer, um neutrale tantum (simplesmente neutro), o neutrale (neutro) 'e' no título Tempo e Ser. No jogo alethopoético, a alétheia (Ereignis) se fundamenta na léthe (Enteignis). No krýptesthai de Heráclito, pronunciou-se pela primeira e última vez o que é a retração (léthe) do ser. A léthe é a mística ocultação do sagrado (krýpsis he mystiké ton hierôn) na sacrossanta automanifestação mística do ser enquanto ser".
- Referência:
- (1) SOUZA, Ronaldes de Melo e. "Ereignis: evento criptofânico". In: Revista Tempo Brasileiro, nº 95. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1988, p. 17.
- Ver também:
2
- Ereignis é uma palavra-chave do pensamento de Heidegger e de extrema dificuldade de tradução. Uma possível tradução seria: o aconter-poético-apropriante.
- Referência:
- Cf. HEIDEGGER, Martin. "Tempo e ser". In: Os pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1979.
- Ver também:
3
- No ensaio "Tempo e ser" (1), Heidegger trata a referência entre Tempo e Ser tematizando a dupla questão do acontecer apropriante e do dar-se. E toma lugar especial o e de tempo e ser no sentido de um entre, ambíguo e fundamental, que Heidegger trata como um e neutro, isto é, que não é nem um nem outro, por ser, ao mesmo tempo um e outro. Então esse e, como o entre, assume um lugar fundamental e impensado, porque impensado ficou exatamente o ser como dar-se. Ler especialmente as páginas 266 e 271. Esse e também vai ser fundamental para compreender a identidade dentro do que Heidegger entende por Ereignis, ou seja, o acontecer poético apropriante. Esse apropriar-se vai estar relacionado com o termo phileî do fragmento 123 de Heráclito, quando diz: phýsis krýptesthai phileî. O sentido antigo de phílos em grego é o que é próprio. E o que é próprio é o que nos pertence, não porque nós o conquistamos, porém, porque nos foi dado. Dar implica um receber possibilidades e apropriar-se do que nos é proprio. Nisso consiste viver a vida como experienciar e fazer travessia. Isso dá-se radicalmente no amar. O dar-se dos amantes é um dar-se de mútuo apropriar-se. O que os une é lógos, enquanto reúne no acontecer-poético-apropriante: Ereignis.
- Referência:
- (1) Cf. HEIDEGGER, Martin. "Tempo e ser". Os pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1979.