Ereignis
De Dicionrio de Potica e Pensamento
(Diferença entre revisões)
(→3) |
|||
Linha 35: | Linha 35: | ||
== 3 == | == 3 == | ||
- | : | + | :No ensaio "Tempo e ser" (1), Heidegger trata a referência entre Tempo e Ser tematizando a dupla questão do [[acontecer]] apropriante e do [[dar-se]]. E toma lugar especial o [[E]] de tempo E ser no sentido de um ENTRE, ambíguo e fundamental, que Heidegger trata como um E neutro, isto é, que não é nem um nem outro, por ser, ao MESMO tempo UM e OUTRO. Então esse E, como o ENTRE, assume um LUGAR fundamental e impensado, porque impensado ficou exatamente o ser como dar-se. Ler especialmente as páginas 266 e 271. Esse E também vai ser fundamental para compreender a identidade dentro do que Heidegger entende por ''EREIGNIS'', ou seja, o acontecer poético apropriante. Esse apropriar-se vai estar relacionado com o termo ''philei'' do fragmento 123 de Heráclito, quando diz: ''phýsis kryptestai philei''. O sentido antigo de ''philos'' em grego é o que é [[próprio]]. E o que é próprio é o que nos pertence, não porque nós o conquistamos, porém, porque nos foi dado. Dar implica um receber possibilidades e apropriar-se do que nos é proprio nisso consiste viver a vida como experienciar e fazer [[travessia]]. Isso dá-se radicalmente no [[amar]]. O dar-se dos amantes é um dar-se de mútuo apropriar-se. O que os une é ''lógos'', enquanto reúne no acontecer-poético-apropriante: ''Ereignis''. Amar. Sabedoria. |
:- [[Manuel Antônio de Castro]] | :- [[Manuel Antônio de Castro]] | ||
+ | |||
+ | |||
+ | :Referência: | ||
+ | |||
+ | :(1) Cf. HEIDEGGER, Martin. "Tempo e ser". ''Os pensadores''. São Paulo: Abril Cultural, 1979. |
Edição de 13h12min de 21 de março de 2009
1
- Ronaldes de Melo e Souza (1) faz uma tradução especial do termo essencial em Heidegger: Ereignis: evento criptofânico. E vai relacioná-lo com o "e" de ser e tempo. Diz : "O evento criptofânico (das Ereignis) e, por assim dizer, um neutrale tantum (simplesmente neutro), o neutrale (neutro) "e" no título Tempo e Ser. No jogo alethopoético, a [[alétheia']] (Ereignis) se fundamenta na léthe (Enteignis). No kryptestai de Heráclito, pronunciou-se pela primeira e última vez o que é a retração (léthe) do ser. A léthe é a mística ocultação do sagrado (krypsis he mystike ton hierôn) na sacrossanta automanifestação mística do ser enquanto ser".
- Referência:
- (1) SOUZA, Ronaldes de Melo e. "Ereignis: evento criptofânico". In: Revista Tempo Brasileiro, nº 95. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1988, p. 17.
- Ver também:
2
- Ereignis é uma palavra-chave do pensamento de Heidegger e de extrema dificuldade de tradução. Uma possível tradução seria: o aconter-poético-apropriante.
- Referência:
- Cf. HEIDEGGER, Martin. "Tempo e ser". In: Os pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1979.
- Ver também:
3
- No ensaio "Tempo e ser" (1), Heidegger trata a referência entre Tempo e Ser tematizando a dupla questão do acontecer apropriante e do dar-se. E toma lugar especial o E de tempo E ser no sentido de um ENTRE, ambíguo e fundamental, que Heidegger trata como um E neutro, isto é, que não é nem um nem outro, por ser, ao MESMO tempo UM e OUTRO. Então esse E, como o ENTRE, assume um LUGAR fundamental e impensado, porque impensado ficou exatamente o ser como dar-se. Ler especialmente as páginas 266 e 271. Esse E também vai ser fundamental para compreender a identidade dentro do que Heidegger entende por EREIGNIS, ou seja, o acontecer poético apropriante. Esse apropriar-se vai estar relacionado com o termo philei do fragmento 123 de Heráclito, quando diz: phýsis kryptestai philei. O sentido antigo de philos em grego é o que é próprio. E o que é próprio é o que nos pertence, não porque nós o conquistamos, porém, porque nos foi dado. Dar implica um receber possibilidades e apropriar-se do que nos é proprio nisso consiste viver a vida como experienciar e fazer travessia. Isso dá-se radicalmente no amar. O dar-se dos amantes é um dar-se de mútuo apropriar-se. O que os une é lógos, enquanto reúne no acontecer-poético-apropriante: Ereignis. Amar. Sabedoria.
- Referência:
- (1) Cf. HEIDEGGER, Martin. "Tempo e ser". Os pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1979.