Disposição

De Dicionrio de Potica e Pensamento

Edição feita às 03h26min de 1 de Abril de 2009 por Andre (Discussão | contribs)

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"A dis-posição, toda disposição, só pode ser disposição, não por um ato de consciência, mas porque radica originariamente no 'entre'. É a intuição originária. Esta já traz em si o conhecer e a reflexão, mas muito mais" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Interdisciplinaridade poética: o 'entre'". In: Revista Tempo Brasileiro. Rio de Janeiro: número 164, jan.-mar. 2006, p. 11.


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Chama-se "posição" à própria eclosão da realidade em cada "sendo". Portanto, toda "posição" se dá em três di-mensões: o limite, o não-limite e um "entre", em que o ser chega ao saber e o saber ao ser. Esse "entre" é o ser humano enquanto o lugar da eclosão e desvelamento da realidade no que lhe é próprio. Nesse sentido, a "posição" está sempre referenciada ao ser humano, mas onde este não é quem origina a "posição". Como ser do "entre", nele o ser se dis-põe. Na dis-posição o ser se dispõe, isto é, é ele a origem de toda ação que se dá no ser humano enquanto não há apenas "posição", mas dis-posição de sentido. Dando sentido ao agir do homem na dis-posição o próprio ser se dis-põe como sentido, isto é, como lógos, linguagem, mundo, verdade. Não é o ser humano que dis-põe, mas o ser que se dispõe. No esquecimento desse "se" está todo o esquecimento do ser. É também nesse se que podemos apreender e compreender a própria obra de arte enquanto o lugar de referência de poeta e poesia, de ser humano e ser. Toda posição é, portanto, um "sendo". Nele, nos advém todo enigma do não-ser e ser do sendo. Enquanto operar da verdade, a obra-de-arte é um "sendo" onde se dispõe a poesia. Os gregos denominavam o "sendo" de ón. Sua tradução por "ente" efetua o esquecimento do ser, na medida em que reduz o ser ao fundamento "abstrato" dos entes, eliminando o "se" do dispor-se.


- Manuel Antônio de Castro