Contemporaneidade

De Dicionrio de Potica e Pensamento

Edição feita às 14h19min de 13 de Setembro de 2009 por Patricia Marouvo (Discussão | contribs)

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"Cada invenção tenta desesperadamente ser a alternativa. No entanto, em geral, para ser uma alternativa, sempre se observa uma carência do alter-, e uma sobra, mesmo que nem sempre considerada, do -nativa. Na tentativa do estabelecimento do novo, que toda a contemporaneidade, a seu modo, almeja, o empecilho é sempre a dificuldade na admissão do outro. A alternativa é sempre postulada desde uma atualização do próprio, desde uma atualitas, desde um tornar ato, desde um aperfeiçoamento dos modos de antemão previstos, racionalizados, calculados e prescritos. Assim, o novo raramente consegue realizar-se como o efetivamente novo. Realiza-se muito mais na dimensão abstrata que todo novo traz consigo, isto é, a novidade. O novo acaba se opondo, de modo falaz, ao velho, e este é relegado à memória ou, o que acaba sendo o mesmo, à história, ambas entificadas e assim entendidas como mero depósito, no qual se pode entrar e consultar quando necessário. O clamor pela novidade é equivalente ao seu descarte. A novidade tem uma vigência tão veloz quanto a necessidade de sua superação por outra" (1).


Referência:
(1) JARDIM, Antonio. Música: vigência do pensar poético. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, pp. 28-9.


Ver também:


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"O entendimento do que foi e do que será se realiza, de qualquer modo, nas possibilidades e vicissitudes de uma contemporaneidade. Os critérios que determinam o movimento como a evolução de um ontem para um amanhã, eles também só podem ser formulados desde um hoje, e jamais desde um ontem ou desde um amanhã. A evolução é uma modalidade de avaliação prescritiva cunhada sempre desde a contemporaneidade. Na verdade, o problema, bem como a vigência das questões, são sempre contemporâneos. Seja por inércia, seja por vigor, o que persiste e insiste constitui conosco as nossas possibilidades e impossibilidades" (1).


Referência:
(1) JARDIM, Antonio. Música: vigência do pensar poético. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 35.


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"A história é precisamente a contemporaneidade vigendo como e com os acontecimentos memoráveis. Nesse sentido ela não se distingue de qualquer outra época histórica, na medida em que, em qualquer época, a pretensão do ser humano é constituir e constituir-se como memorável" (1).


(1) JARDIM, Antonio. Música: vigência do pensar poético. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 106.
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