Contemporaneidade

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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:"Cada [[invenção]] tenta desesperadamente ser a alternativa. No entanto, em geral, para ser uma alternativa, sempre se observa uma carência do ''alter''-, e uma sobra, mesmo que nem sempre considerada, do -nativa. Na tentativa do estabelecimento do [[novo]], que toda a contemporaneidade, a seu modo, almeja, o empecilho é sempre a dificuldade na admissão do [[outro]]. A alternativa é sempre postulada desde uma [[atualização]] do [[próprio]], desde uma ''atualitas'', desde um tornar ato, desde um aperfeiçoamento dos modos de antemão previstos, racionalizados, calculados e prescritos. Assim, o novo raramente consegue realizar-se como o efetivamente novo. Realiza-se muito mais na dimensão abstrata que todo novo traz consigo, isto é, a novidade. O novo acaba se opondo, de modo falaz, ao velho, e este é relegado à [[memória]] ou, o que acaba sendo o mesmo, à [[história]], ambas entificadas e assim entendidas como mero depósito, no qual se pode entrar e consultar quando necessário. O clamor pela novidade é equivalente ao seu descarte. A novidade tem uma [[vigência]] tão veloz quanto a necessidade de sua ''superação'' por outra." (1)
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:"Cada [[invenção]] tenta desesperadamente ser a alternativa. No entanto, em geral, para ser uma alternativa, sempre se observa uma carência do ''alter''-, e uma sobra, mesmo que nem sempre considerada, do -nativa. Na tentativa do estabelecimento do [[novo]], que toda a contemporaneidade, a seu modo, almeja, o empecilho é sempre a dificuldade na admissão do [[outro]]. A alternativa é sempre postulada desde uma [[atualização]] do [[próprio]], desde uma ''atualitas'', desde um tornar ato, desde um aperfeiçoamento dos modos de antemão previstos, racionalizados, calculados e prescritos. Assim, o novo raramente consegue realizar-se como o efetivamente novo. Realiza-se muito mais na dimensão abstrata que todo novo traz consigo, isto é, a novidade. O novo acaba se opondo, de modo falaz, ao velho, e este é relegado à [[memória]] ou, o que acaba sendo o mesmo, à [[história]], ambas entificadas e assim entendidas como mero depósito, no qual se pode entrar e consultar quando necessário. O clamor pela novidade é equivalente ao seu descarte. A novidade tem uma [[vigência]] tão veloz quanto a necessidade de sua ''superação'' por outra" (1).
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:(1) JARDIM, Antonio. ''Música: vigência do pensar poético''. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, pp. 28-29.
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:(1) JARDIM, Antonio. ''Música: vigência do pensar poético''. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, pp. 28-9.
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:"O entendimento do que foi e do que será se realiza, de qualquer modo, nas possibilidades e vicissitudes de uma contemporaneidade. Os critérios que determinam o movimento como a [[evolução]] de um ontem para um amanhã, eles também só podem ser formulados desde um hoje, e jamais desde um ontem ou desde um amanhã. A evolução é uma modalidade de avaliação prescritiva cunhada sempre desde a contemporaneidade. Na verdade, o problema, bem como a [[vigência]] das [[questão|questões]], são sempre [[contemporâneo|contemporâneos]]. Seja por [[inércia]], seja por vigor, o que persiste e insiste constitui conosco as nossas possibilidades e impossibilidades." (1)
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:"O entendimento do que foi e do que será se realiza, de qualquer modo, nas possibilidades e vicissitudes de uma contemporaneidade. Os critérios que determinam o movimento como a [[evolução]] de um ontem para um amanhã, eles também só podem ser formulados desde um hoje, e jamais desde um ontem ou desde um amanhã. A evolução é uma modalidade de avaliação prescritiva cunhada sempre desde a contemporaneidade. Na verdade, o problema, bem como a [[vigência]] das [[questão|questões]], são sempre [[contemporâneo|contemporâneos]]. Seja por [[inércia]], seja por vigor, o que persiste e insiste constitui conosco as nossas possibilidades e impossibilidades" (1).
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:"A [[história]] é precisamente a contemporaneidade vigendo como e com os [[acontecimento|acontecimentos]] memoráveis. Nesse sentido ela não se distingue de qualquer outra [[época]] histórica, na medida em que, em qualquer época, a pretensão do ser humano é constituir e constituir-se como [[memorável]]." (1)
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:"A [[história]] é precisamente a contemporaneidade vigendo como e com os [[acontecimento|acontecimentos]] memoráveis. Nesse sentido ela não se distingue de qualquer outra [[época]] histórica, na medida em que, em qualquer época, a pretensão do ser humano é constituir e constituir-se como [[memorável]]" (1).
:(1) JARDIM, Antonio. ''Música: vigência do pensar poético''. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 106.
:(1) JARDIM, Antonio. ''Música: vigência do pensar poético''. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 106.

Edição de 14h19min de 13 de Setembro de 2009

1

"Cada invenção tenta desesperadamente ser a alternativa. No entanto, em geral, para ser uma alternativa, sempre se observa uma carência do alter-, e uma sobra, mesmo que nem sempre considerada, do -nativa. Na tentativa do estabelecimento do novo, que toda a contemporaneidade, a seu modo, almeja, o empecilho é sempre a dificuldade na admissão do outro. A alternativa é sempre postulada desde uma atualização do próprio, desde uma atualitas, desde um tornar ato, desde um aperfeiçoamento dos modos de antemão previstos, racionalizados, calculados e prescritos. Assim, o novo raramente consegue realizar-se como o efetivamente novo. Realiza-se muito mais na dimensão abstrata que todo novo traz consigo, isto é, a novidade. O novo acaba se opondo, de modo falaz, ao velho, e este é relegado à memória ou, o que acaba sendo o mesmo, à história, ambas entificadas e assim entendidas como mero depósito, no qual se pode entrar e consultar quando necessário. O clamor pela novidade é equivalente ao seu descarte. A novidade tem uma vigência tão veloz quanto a necessidade de sua superação por outra" (1).


Referência:
(1) JARDIM, Antonio. Música: vigência do pensar poético. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, pp. 28-9.


Ver também:


2

"O entendimento do que foi e do que será se realiza, de qualquer modo, nas possibilidades e vicissitudes de uma contemporaneidade. Os critérios que determinam o movimento como a evolução de um ontem para um amanhã, eles também só podem ser formulados desde um hoje, e jamais desde um ontem ou desde um amanhã. A evolução é uma modalidade de avaliação prescritiva cunhada sempre desde a contemporaneidade. Na verdade, o problema, bem como a vigência das questões, são sempre contemporâneos. Seja por inércia, seja por vigor, o que persiste e insiste constitui conosco as nossas possibilidades e impossibilidades" (1).


Referência:
(1) JARDIM, Antonio. Música: vigência do pensar poético. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 35.


3

"A história é precisamente a contemporaneidade vigendo como e com os acontecimentos memoráveis. Nesse sentido ela não se distingue de qualquer outra época histórica, na medida em que, em qualquer época, a pretensão do ser humano é constituir e constituir-se como memorável" (1).


(1) JARDIM, Antonio. Música: vigência do pensar poético. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 106.
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