Conceito

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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:Há uma relação profunda entre [[metafísica]], conceitos e [[razão]]. Se os conceitos vigem na razão, as questões vigem no pensamento enquanto ''poiesis'', o poético vigorando. O destino metafísico ocidental está em se constituir a metafísica numa experienciação de pensamento enquanto razão nos seus limites de possibilidade a partir de e nos conceitos. Por isso nos diz Nietzsche: "Os diversos conceitos filosóficos não são, de forma alguma, coisa de somenos nem nada que tenha nascido espontaneamente por si mesmo. Cresceram numa relação de parentesco uns com os outros. Por mais que aparentem ter surgido de chofre e arbitrariamente, pertencem de fato a um [[sistema]], tanto quanto os espécimes da fauna de uma região: é o que, em última instância, nos revela a segurança com que os filósofos mais diferentes entre si sempre preenchem um mesmo esquema básico de filosofias possíveis. Na força de um ditado invisível, todos eles percorrem sempre de novo a mesma órbita. Por mais que se sintam independentes, em sua vontade crítica ou sistemática, algo neles os conduz, alguma coisa os empurra, um atrás do outro, dentro de determinada ordem, a saber, o sistema inato de parentesco dos conceitos. O seu pensamento é, na verdade, muito menos descoberta do que reconhecimento e recordação, retorno e volta para uma economia distante e arcaica da alma, donde os conceitos brotaram pela primeira vez. Deste modo, filosofar é uma espécie de atavismo no mais alto grau" (1).
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:Há uma relação profunda entre [[metafísica]], conceitos e [[razão]]. Se os conceitos vigem na razão, as questões vigem no pensamento enquanto ''poíesis'', o poético vigorando. O destino metafísico ocidental está em se constituir a metafísica numa experienciação de pensamento enquanto razão nos seus limites de possibilidade a partir de e nos conceitos. Por isso nos diz Nietzsche: "Os diversos conceitos filosóficos não são, de forma alguma, coisa de somenos nem nada que tenha nascido espontaneamente por si mesmo. Cresceram numa relação de parentesco uns com os outros. Por mais que aparentem ter surgido de chofre e arbitrariamente, pertencem de fato a um [[sistema]], tanto quanto os espécimes da fauna de uma região: é o que, em última instância, nos revela a segurança com que os filósofos mais diferentes entre si sempre preenchem um mesmo esquema básico de filosofias possíveis. Na força de um ditado invisível, todos eles percorrem sempre de novo a mesma órbita. Por mais que se sintam independentes, em sua vontade crítica ou sistemática, algo neles os conduz, alguma coisa os empurra, um atrás do outro, dentro de determinada ordem, a saber, o sistema inato de parentesco dos conceitos. O seu pensamento é, na verdade, muito menos descoberta do que reconhecimento e recordação, retorno e volta para uma economia distante e arcaica da alma, donde os conceitos brotaram pela primeira vez. Deste modo, filosofar é uma espécie de atavismo no mais alto grau" (1).

Edição de 21h36min de 29 de março de 2009

1

Há uma relação profunda entre metafísica, conceitos e razão. Se os conceitos vigem na razão, as questões vigem no pensamento enquanto poíesis, o poético vigorando. O destino metafísico ocidental está em se constituir a metafísica numa experienciação de pensamento enquanto razão nos seus limites de possibilidade a partir de e nos conceitos. Por isso nos diz Nietzsche: "Os diversos conceitos filosóficos não são, de forma alguma, coisa de somenos nem nada que tenha nascido espontaneamente por si mesmo. Cresceram numa relação de parentesco uns com os outros. Por mais que aparentem ter surgido de chofre e arbitrariamente, pertencem de fato a um sistema, tanto quanto os espécimes da fauna de uma região: é o que, em última instância, nos revela a segurança com que os filósofos mais diferentes entre si sempre preenchem um mesmo esquema básico de filosofias possíveis. Na força de um ditado invisível, todos eles percorrem sempre de novo a mesma órbita. Por mais que se sintam independentes, em sua vontade crítica ou sistemática, algo neles os conduz, alguma coisa os empurra, um atrás do outro, dentro de determinada ordem, a saber, o sistema inato de parentesco dos conceitos. O seu pensamento é, na verdade, muito menos descoberta do que reconhecimento e recordação, retorno e volta para uma economia distante e arcaica da alma, donde os conceitos brotaram pela primeira vez. Deste modo, filosofar é uma espécie de atavismo no mais alto grau" (1).


- Manuel Antônio de Castro


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. Aprendendo a pensar II. Petrópolis: Vozes, 1992, p. 122.

2

Diz Heidegger: "Nas ciências se realiza no plano das ideias - uma aproximação daquilo que é essencial em todas as coisas" (1). O problema do conceito é sempre este: ele estabelece necessariamente uma forma e um limite a partir do poder estabelecer relações - o da ideia. Porém, esta se torna problemática porque toda forma enquanto ideia (conteúdo) se torna uma fôrma. E esta, equanto representação, é apenas uma aproximação sem vigor na proximidade do Ser (Real).


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. O que é metafísica?. Trad. Ernildo Stein. São Paulo: Duas Cidades, 1969, p. 23.

3

"Uma interpretação do símbolo continua sendo ela mesma símbolo, apenas um pouco racionalizada, ou seja, um pouco mais próxima do conceito".

"O sentido não é solúvel no conceito. Papel do comentário. Teremos quer uma racionalização relativa do sentido (a análise científica habitual), quer um aprofundamento do sentido, com a ajuda de outros sentidos (a interpretação filosófico-artística)".


Referências:
(1) BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. S. Paulo, Martins Fontes, 2000, p. 402.
(2) idem.

4

A lógica brota naturalmente do Logos, assim como o conceito da questão. Tanto lógica como conceito são etapas interrompidas da coisa como acontecer. Nesse horizonte, tanto a lógica como o conceito devem ser paragens de apreensão e compreensão da própria doação da coisa.

5

Esquece-se totalmente que a hegemonia do conceito e a interpretação do pensamento como conceber (cum-capere) repousam de ante-mão e unicamente sobre a essência impensada, porque não-apreendida, de "on" e "einai". Conferir abaixo.


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. "A palavra de Anaximandro". In: Os pensadores. Os pré-socráticos. São Paulo: Abril Cultural, 1978.

6

"P - Talvez acena para a essência da linguagem?
J - Isso mesmo. Mas também receio que caracterizar a formulação "casa do ser" e aceno poderia nos levar a representar o aceno como um conceito-chave em que tudo pudesse ser empacotado.
P - É o que não pode e nem deve acontecer.
J - Mas evitar?
P - Jamais poderá evitá-lo totalmente.
J - Por que não?
P - Porque o modo de representação conceitual se aninha facilmente em todo tipo de experiência humana."


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. "De uma conversa sobre a linguagem entre um japonês e um pensador". In: A caminho da linguagem. Petrópolis: Vozes, 2003, p. 92.


7

Ver o diálogo platônico HIPIAS MAIOR, onde Sócrates tenta de toda maneira trazer Hípias para o conceito, para a noção de conceito (o que é a virtude, a coragem etc.) , mas Hípias não consegue sair do particular para o universal.

8

"O conceito é a tentativa constante e necessária de o conhecimento anular o paradoxo da realidade, em sua manifestação poética. Ele não consegue porque a todo conceito subjaz sempre um interstício, um vazio, um silêncio, um velar-se" (1).

Referência
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Interdisciplinaridade poética: o 'entre'". In: Revista Tempo Brasileiro. Rio de Janeiro: número 164, jan.-mar. 2006, p. 7.

Ver também