Alétheia
De Dicionrio de Potica e Pensamento
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- | :(1) HEIDEGGER, Martin. ''Heráclito''. Trad. Marcia Sá Cavalcante Schuback. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1998, p.115. | + | : (1) HEIDEGGER, Martin. ''Heráclito''. Trad. Marcia Sá Cavalcante Schuback. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1998, p.115. |
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Edição de 16h05min de 8 de Setembro de 2017
1
- Há uma ligação entre o radical etimológico de alétheia e os verbos lanthánomai, esquecer-se, e lanthánein, estar oculto. O radical é o mesmo na alternância vocálica: leth/lath. Esse mesmo radical aparece no verbo latino latere: estar latente, oculto, seguro. O radical de a-létheia reúne os dois sentidos, porque nele ressoa uma experiência originária da realidade enquanto não-verdade/não-desvelamento da verdade/desvelamento, isto é, a-létheia. Esta palavra forma-se de alethés, isto é, a- privativo + leth/lath. Então temos com o alpha privativum ou a- respectivamente o sentido de lembrar-se e esquecer-se.
2
- Ao se ler na entrada 1 (anterior) a formação etimológica da palavra a-letheia, não se propõe aí um mero exercício filológico. O que se pede para o leitor é uma abertura para a questão da a-létheia, da verdade. Tal abertura para a questão da verdade só acontece quando houver uma experienciação de pensamento ligada à referência entre cada leitor e o ser. A alteração do sentido das palavras remetendo simplesmente para sua origem é inútil e não desfaz os conceitos herdados da sofística metafísica e retórica. Não adianta simplesmente trocar o uso da palavra "verdade" por "desvelamento" ou "abertura" se não houver essa experienciação de pensamento, pois diz Heidegger a propósito de autores que leram sobre a etimologia de verdade: "[...] na frase seguinte onde se escreve sobre a 'verdade', fica evidente que se mantém a representação da essência da verdade ditada por algum manual moderno de epistemologia, deixando inalterada e intocada a essência da aletheia" (1).
- Referência:
- (1) HEIDEGGER, Martin. Heráclito. Trad. Marcia Sá Cavalcante Schuback. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1998, p.115.
- Ver também:
3
- "Des-encobrimento é o traço fundamental daquilo que já apareceu e que deixou para trás o encobrimento. Esse é o sentido do alfa [grego] (a)que compõe a palavra grega a-letheia e que somente recebeu a designação de alfa privativo na gramática elaborada pelo pensamento grego tardio. A relação com lethe (lethe), encobrimento, e o próprio encobrimento não perdem de forma alguma o peso pelo fato de se experienciar diretamente o descoberto como o que apareceu, como o que entrou em vigência, como vigente" (1).
- Referência:
- (1) HEIDEGGER, Martin. "Aletheia". In: -------. Ensaios e conferências. Petrópolis: Vozes, 2002, p. 229.
4
- Uma vez que a aletheia é a experienciação da realidade como linguagem, a verdade recebe diferentes interpretações, atrás das quais se faz ouvir o grito do silêncio de toda aletheia, porque esta não é nem pode ser algo que cale as experienciações da realidade e da linguagem, na medida em que elas sempre acontecem como aletheia. Realidade, linguagem e aletheia dizem sempre o mesmo diferente de si mesmo.