Sagrado

De Dicionário de Poética e Pensamento

Edição feita às 13h51min de 22 de Julho de 2017 por Profmanuel (Discussão | contribs)

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O sagrado é o mistério que constitui e possibilita a manifestação da realidade. O sagrado é a energia que dá vida iluminando e dando sentido a tudo. Iluminar é fazer vigorar a claridade e a escuridão. O sagrado não é, vigora: tempo, memória, linguagem, sentido, ser. Sagrado é a energia da verdade e do sentido.


- Manuel Antônio de Castro


Ver também
* Deus

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"O que é o sagrado para Hölderlin? É a palavra com que ele nomeia a natureza. Esta, contudo, não deve ser tomada como a natura dos romanos, nem como natureza no sentido moderno, pois em ambos os casos é apreendida como conjunto dos fenômenos ou coisas pertencentes a um determinado setor do real, ou seja, o mundo natural. Natureza para o poeta possui, antes, a ressonância da palavra-guia dos primeiros pensadores gregos – phýsis –, como o aberto, por onde as coisas brotam e desabrocham, mas também como o obscuro, por onde elas se escondem e repousam" (1).


Referência:
(1) MICHELAZZO, José Carlos. Do um como princípio ao dois como unidade. São Paulo: Annablume, 1999, p. 144.


Ver também:

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"Quando os índios norte-americanos e certas tribos de esquimós mandam mensagens convidando os outros para um festival religioso, os mensageiros carregam bastões com penas e estas conferem ao portador a qualidade sacrossanta" (1).


Referência:
(1) FRANZ, Marie Louise von. A interpretação dos contos de fadas. Rio de Janeiro: Achiamé, 1981, p. 78 (Cf. Idem, p. 88, quando fala dos motivos religiosos dos tapetes).


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"Em que consiste o sagrado? Este, se formos à etimologia, mostrará uma outra realidade diferente daquela apreendida pelo religioso. O sintoma maior desta outra realidade está na não separação, no âmbito do sagrado, entre mal e bem. O sagrado diz do lugar de abertura da realidade, onde tal separação e divisão não existe. O criminoso, por exemplo, que entrasse num templo, passava a fazer parte de um lugar onde não mais poderia ser perseguido nem punido. O âmbito do sagrado não comporta as dicotomias metafísicas" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Metamorfose da narrativa". In: -----. Tempos de metamorfose. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1994, p. 71.

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"O canto sagrado não é outra coisa que a própria divindade se manifestando na música das palavras" (1).


Referência:
(1) BRAGA, Diego. A terceira margem do mito: hermenêutica da corporeidade. In: Revista Terceira margem. Revista do Programa de Pós-graduação em Ciência da Literatura da UFRJ. Ano XIV, 22, jan.-jun, 2010, p. 57.


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"Todos sabem que do mar se originou a vida porque é no mar que o sagrado faz vigorar a sua presença constante. A água não nos liberta de nossos limites porque representa algo externo a ela, que ela simboliza. Não. A água não simboliza. Ela liberta, purificando porque é água do mar, é energia irradiante. Purificar diz iluminar. O sagrado é a energia que dá vida iluminando. Iluminar é fazer vigorar o claro e escuro. O sagrado não é, vigora: tempo, memória, mar, linguagem, sentido, ser " (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A gota d'água e o mar". In: ------. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 252.


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"Deuses não são entidades, mas as diferentes modalidades manifestativas do vigorar do sagrado. Deuses são forças misteriosas que constituem a realidade e o ser humano em sua realidade. Por isso, todas as culturas sempre tiveram deuses"(1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O mito de Cura e o ser humano". In: -------. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, 222.


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No poético, as línguas são o rito da Linguagem. O mito narrado não é o mito, mas o rito e a língua da Linguagem. Por isso o poético, toda arte, tem origem mítica. E tanto o mito como a arte radicam no sagrado. Martin Heidegger afirma: "O pensador diz o ser, o poeta nomeia o sagrado" (1) (2).


(1) HEIDEGGER, Martin. "Que é metafísica? - Posfácio (1943)". In: Heidegger - Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1979, p. 51.
(2) CASTRO, Manuel Antônio de. "Ulisses e a Escuta do canto das Sereias". In: -----. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 155.
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