Forma
De Dicionrio de Potica e Pensamento
A forma e os Deuses
- Forma é um dos conceitos mais complexos, pois pode ser tomado em muitos sentidos: eidos, morphé, corpo, ente, objeto, utensílio, obra, unidade, organismo. Martin Heidegger, em A Origem da Obra de Arte trata da forma como Gestalt. A melhor tradução desta palavra alemã é, certamente, figura, mas ligada ao verbo latino fingere. Nesse ensaio, ele critica o conceito de forma, ligado à interpretação da realidade tendo em vista o ente utensílio (a forma é uma das quatro causas). Por isso, a concepção da arte baseada nas formas pode gerar grandes problemas mais do que indicar uma reflexão do mistério que é a obra de arte. A figura como tal é a obra, mas esta é pensada como a tensão de mundo e terra. No ensaio "A coisa" (1), Heidegger pensa a figura em tensão com o vazio. Jaa Torrano, por sua vez, se aproxima desse conceito ao definir assim forma: "É lícito recorrer à palavra 'forma' para explicitar-se a noção de Deus(es), desde que se entenda por 'forma' o princípio que possibilita toda manifestação. O que se manifesta na manifestação é o que por sua forma mesma ingressa no âmbito de ilatência. Eis o modo mais decisivo de os gregos antigos pensarem a verdade: ilatência, alétheia".(2)
- Referências:
- (1) In: Ensaios e conferências. Petrópolis: Vozes, 2002.
- (2) O sentido de Zeus. São Paulo: Iluminuras, 1996, p.17.
Composição
- "Antecipando, podemos dizer que: a morphé é dar a ver e compor-se nisso. Numa palavra: a composição que se instala no aspecto. Em conseqüência, quando em seguida se trata simplesmente de 'aspecto', tratar-se-á do aspecto que se dá a si-mesmo, e na medida em que se dá e se entrega nisto que cada vez é por um certo tempo (o 'aspecto' de 'mesa' nesta mesa aqui). O que cada vez é por algum tempo, chama-se assim porque é enquanto particular que se demora no aspecto do qual guarda o modo de permanência (a entrada no tornar-se presente), e que é a partir de uma tal salvaguarda do aspecto que nele se mantém e nele sobressai - em grego: que ele É".
- Referência:
- HEIDEGGER, Martin. "Como se determina a physis". In: Questions II. Paris: Gallimard, 1968, p. 234.