Mito

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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:(1) Schuback, Márcia Sá Cavalcante. "As cordas serenas de Ulisses". In: Ensaios de Filosofia. Petrópolis, Vozes, 1999, p.165.  
:(1) Schuback, Márcia Sá Cavalcante. "As cordas serenas de Ulisses". In: Ensaios de Filosofia. Petrópolis, Vozes, 1999, p.165.  
:(2) idem, p. 164.
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:Emmanuel Carneiro Leão diz que a filosofia, mais que um conhecimento ou uma ideologia ou uma visão de mundo, é uma experiência de pensamento. “Mas essa experiência de pensamento  que nós não sabemos ainda o que é precisamente não é a única experiência grega, nem a única experiência grega de pensamento. Outra experiência de pensamento é o mito, a mística. Outras são os deuses e o extraordinário. Ainda há uma outra, a poesia e a arte. Uma outra experiência de pensamento é a polis e a politéia, isto é, a organização, a ordem política da cidadania...uma outra... a primeira experiência grega de pensamento é a vida e a morte, Eros kai Thanatos.”(1). Penso que por essa riqueza de experiência de pensamento é que se dá a complexidade da linguagem (mito, logos, epos), a própria experiência de ser e não-ser.
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:Referêcias:
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:(1)''A filosofia grega hoje''. In: Caderno de Letras. Faculdade de Letras, Departamento de Letras Anglo-Germânicas, 18, 2002, p. 21
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Edição de 03h25min de 15 de janeiro de 2009

Tabela de conteúdo

1

O ser humano se desdobra em diversas faces, mas a razão tende a tudo querer abarcar. No mito isso não acontece e não há a separação dessas faces, que seriam:
Conhecer
Pensar ______________ RAZÃO
Compreender
Querer
Desejar ______________ VONTADE
Questionar
Imaginar
Sonhar________________ IMAGINAÇÃO
Inventar
Crer __________________FÉ
Sentir
Apaixonar ____________ AFETIVIDADE / EMOÇÃO
Sensibilizar
      Mito   Arte   Religião  ____  AMAR


A ciência dividiu essa realidade complexa em três campos:
1- Racional
2- Volitivo
3- Afetivo


E a dois métodos:
1-Dedutivo-racional
2-Indutivo-experimental - observacional - estatístico


Porém, hoje as ciências cognitivas, antigas ciências do espírito, já se dão conta de que é essencial trazer para a questão não só a vida do homem, mas também sua vida experienciada no cotidiano. Porém, do cotidiano enquanto ordinário sempre falaram as artes, mas não para reproduzi-lo, mas surpreendê-lo e apreendê-lo na dimensão do extra-ordinário. Porque entre um e outro é que se dá o vigor do poético, o ditar do sagrado enquanto energia que a tudo realiza. Por isso, o mito se dá sempre no entre dos ritos enquanto acontecer dos mitos. Quando os ritos esquecem os mitos, começa a necessidade de criar o simbóliico. As ciências cognitivas se não ouvirem o poder do mito como presença na experienciação cotidiana do extraordinário estarão ainda tolhidas e surdas para a fala e voz do humano do homem.
A cultura: tudo que o homem faz, pensa, quer, sente e crê.

2

Seria necessário pensar a referência/relação mito/escrita. Até onde a escrita abole o rito e deixa o mito entregue ao rito da escrita, gerando assim uma “perda” entre o rito do mito e o rito da escrita, que se refletiria na própria relação/referência linguagem/língua/narração. Cf. para isso as distinções (insuficientes) que faço no ensaio: Teoria literária: representação e ética.


Referências:
www.travessiapoetica.blogspot.com

3

O mito é a língua do sagrado. A linguagem é o sagrado se manifestando em língua. Por isso o mito é a linguagem de toda língua.

4

Na poesia, o que se revela memória do mito é o apelo do logos para dizê-lo. Por isso, mais no silêncio e no vazio do que nas palavras, sons, gestos e cores, está presente o mito enquanto memória do silêncio da poesia. O rito é o logos se fazendo palavras, música, dança e pintura do mito.

5

Os mitos no sentido moderno são: “... progresso, liberdade, igualdade e tantos outros criados pela razão moderna”. Ora estes mitos constituem a paidéia da *Bildung*. Dela se afasta a paidéia da poiesis.


Referências:
SOARES, André Marcelo Machado. Nietzsche e Heidegger na teologia de Paul Tillich. In: Caderno de Letras. Faculdade de Letras. Departamento de Letras Anglo-Germânicas, Ufrj, no. 16, p. 127.

6

“A recompensa, por se existir na ponte do tempo entre o silêncio e a fala, é avançar sempre e nunca parar.” (1) O mito é também o silêncio do rito. O rito é a fala do mito.


Referências:
(1)LEÃO, Emmanuel Carneiro. Aprendendo a pensar II. Petrópolis, Vozes, 1992, p.28.

7

Uma reflexão da ligação do mito com a literatura e a arte está exposta na interpretação de SCHUBACK: “Ao narrar que Ulisses [Kafka] com cera nos ouvidos jamais poderia ouvir que as sereias não teriam cantado e, assim, descobrir que o mito seria ilusão, Kafka mostra que a literatura é itinerário para a verdade do mito. Literatura é a saga de Ulisses de volta para o mito”. (1) Não só Ulisses tapa os ouvidos com cera, mas as sereias não cantam: “Mais do que silêncio, elas deixam em cena o seu não-canto e assim a ausência de encantamento que constituem “armas ainda mais terríveis do que o canto” (2). O canto cotidiano nos enche de contentamento, mas nos pode obstruir o caminho para o não-encantamento, para o silêncio. E esta pode ser a verdade do mito, o supremo encantamento, a morte, porque depois que o silêncio fala, qualquer palavra é excessiva, cada um achou a sua plenitude. Ulisses ao ouvir o que não pode ser ouvido só se salva porque se amarra ao limite que toda fala implica. O máximo de limite da fala frente ao ilimitado de todo silêncio está na palavra cantada, onde o encantamento advém como real e como possível, como desvelado e velado, como ordinário e extraordinário, onde a ambigüidade se faz o uno de toda diversidade. A palavra cantada sendo sucessão de sons se faz sentido enquanto uno de toda realidade. Por isso o ritmo é o real se dando, se manifestando em formas no devir continuo da não-forma. Eis porque na pausa não há ritmo, só na fala cantada do silêncio.


Referências:
(1) Schuback, Márcia Sá Cavalcante. "As cordas serenas de Ulisses". In: Ensaios de Filosofia. Petrópolis, Vozes, 1999, p.165.
(2) idem, p. 164.

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Emmanuel Carneiro Leão diz que a filosofia, mais que um conhecimento ou uma ideologia ou uma visão de mundo, é uma experiência de pensamento. “Mas essa experiência de pensamento que nós não sabemos ainda o que é precisamente não é a única experiência grega, nem a única experiência grega de pensamento. Outra experiência de pensamento é o mito, a mística. Outras são os deuses e o extraordinário. Ainda há uma outra, a poesia e a arte. Uma outra experiência de pensamento é a polis e a politéia, isto é, a organização, a ordem política da cidadania...uma outra... a primeira experiência grega de pensamento é a vida e a morte, Eros kai Thanatos.”(1). Penso que por essa riqueza de experiência de pensamento é que se dá a complexidade da linguagem (mito, logos, epos), a própria experiência de ser e não-ser.
Referêcias:
(1)A filosofia grega hoje. In: Caderno de Letras. Faculdade de Letras, Departamento de Letras Anglo-Germânicas, 18, 2002, p. 21

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