Fabular

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: CASTRO, Manuel Antônio de. "Ficção e literatura infantil". In: ------------. ''Tempos de Metamorfose''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1994, p. 132.
: CASTRO, Manuel Antônio de. "Ficção e literatura infantil". In: ------------. ''Tempos de Metamorfose''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1994, p. 132.

Edição atual tal como 22h22min de 6 de Maio de 2017

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"Atentemos para o que nos diz a palavra infantil, uma vez que falar de literatura é mergulhar com palavras. Infantil compõe-se do prefixo in- e de -fantilis. A forma fantilis tem sua origem no verbo latino for, fatus sum, fari, que significa: dizer, predizer e celebrar em poesias. Ora, se observarmos a palavra infantil superficialmente, chegamos a uma conclusão, até de certa maneira cômica, pois, olhando o dicionário, o prefixo in- indica a negação. Logo, literatura infantil é a literatura que não fala ou a literatura para o homem enquanto não fala. Este aparente paradoxo pode ser resgatado. Se a criança ainda não exercita o sistema de signos de uma língua, não quer dizer que ela não more, não se movimente, na luz da Linguagem. E uma constatação nos confirma isto. Podemos afirmar que a criança ainda não fala, mas efabula, faz suas fabulações. O verbo fabular ou efabular tem o mesmo radical da palavra infantil, o verbo fari. Logo, o sentido profundo do verbo fari não se confunde com o simples falar ao nível da língua, mas remete para a Linguagem, onde a criança eclode no que é e a realidade se manifesta em seu sentido" (1).


CASTRO, Manuel Antônio de. "Ficção e literatura infantil". In: ------------. Tempos de Metamorfose. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1994, p. 132.
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