Escuta
De Dicionário de Poética e Pensamento
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Fábio (Discussão | contribs)
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Edição de 22h49min de 3 de janeiro de 2009
- Heráclito no fragmento 50 fala do lógos como escuta, certamente porque o leguein além de significar reunir quer dizer falar. Se há fala, e há, então é necessária a escuta. Porém, para nós mortais, vem logo a questão: Escuta do quê? É como se esperássemos algo de fora a que pudéssemos prestar ouvidos. Na escuta do lógos não há fora nem dentro. Há, e é tudo, é o real se dando como fala, mas uma fala que não fala algo, é álgo, é real, é o real se dando como fala, como verdade e se retraindo e velando como não-verdade. Então escutar é deixar-se invadir pelo real acontecendo. Por isso, não há fora nem dentro. Talvez fica mais claro, se é possÃvel, que um outro modo de escuta do real é a visão. Ver como escuta poético-onto-fenomenológica é deixar o real se tornar e doar como presença, onde está incluÃdo tanto o que se vê como quem vê e a própria luz e a própria clareira onde tudo isso acontece. É deixar eclodir o "on", a realidade se realizando. Presença é a alétheia, é o desvelamento do ente. É a verdade, mas que se dando como presença se guarda como não-verdade. Escutar é ver a verdade como presença. Por isso, presença é mais do que a visão de algo, embora esta esteja incluÃda na presença. Presença é o real se densificando enquanto corpo, onde tudo está contido: dança, música, poesia, pintura, escultura como linguagem, mundo e memória. Marcar presença, fazer-se presente, apresentar-se, dar presença, tudo isto diz o corpo em sua tensão manifestativa sendo. O presentificar-se é, portanto, tanto a escuta como a visão que se dá a ver. O corpo então é o lógos que a tudo reúne e diz.