Figura
De Dicionrio de Potica e Pensamento
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Edição de 13h42min de 8 de Julho de 2011
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- No substituir a figura pela forma e no poder mostrar que o fingere como poíesis é uma doação do vazio e do silêncio como fala/música, não se trata de uma simples substituição, pois a figura vai indicar nessa tensão o entre, fonte do paradoxo de limite e não-limite. Do vazio como entre surge a questão. Por isso é necessário falar de figura ou figuração, sempre no horizonte da questão, pois esta dá sempre a tensão entre ser e ente. Não sendo ente é o vazio, o silêncio ou a linguagem. Por isso, toda figura é sempre uma questão. Mas há a questão explícita e a implícita. Explícita é quando se manifesta numa pergunta o sentido que implica determinada figura. Por exemplo, Édipo. Implícita é o próprio sentido de Édipo em seu percurso/travessia como verbo/linguagem, vigorando no vigor do poético, onde fica bem claro, pelo "ato" final de arrancar seus olhos, a tensão de limite (do ver) e não-ver (entrever). O entre deixa de ser entre quando Édipo mergulha no silêncio e no não-ver. Mas este não é negação do ente, mas a figura chegando à en-teléquia, ao desabrochar pleno, ao "terceiro olho", à terceira margem do rio, à esfericidade enquanto plenitude. A figura aqui tratada não é, pois, uma figura retórica, lógica, gramatical. É sempre figura-questão. É Verbo-Linguagem, Mundo, Memória.
2
- A questão da forma deve sair do âmbito do fundamentar e ser posta no âmbito do fundar. Então acontece que propriamente não há forma, mas figura, tendo como origem o verbo latino fingere (figurar, fingir, educar). Este indica o deixar agir do agir se dando em figuras. O figurar os gregos o pensaram na palavra morphé, o advir de algo à plenitude, sentido e verdade de seu ser. Isto é figura. Isso é forma poética.