Figura

De Dicionrio de Potica e Pensamento

(Diferença entre revisões)
(1)
Linha 2: Linha 2:
== 1 ==
== 1 ==
:No substituir a figura pela [[forma]] e no poder mostrar que o ''fingere'' como ''[[poíesis]]'' é uma doação do [[vazio]] e do [[silêncio]] como fala/música, não se trata de uma simples substituição, pois a figura vai indicar nessa tensão o entre, fonte do paradoxo de [[limite]] e [[não-limite]]. Do vazio como entre surge a [[questão]]. Por isso é necessário falar de figura ou figuração, sempre no [[horizonte]] da questão, pois esta dá sempre a tensão entre [[ser]] e [[ente]]. Não sendo ente é o vazio, o silêncio ou a linguagem. Por isso, toda figura é sempre uma questão. Mas há a questão explícita e a implícita. Explícita é quando se manifesta numa pergunta o sentido que implica determinada figura. Por exemplo, [[Édipo]]. Implícita é o próprio sentido de Édipo em seu [[percurso]]/[[travessia]] como [[verbo]]/[[linguagem]], vigorando no vigor do [[poético]], onde fica bem claro, pelo "ato" final de arrancar seus olhos, a tensão de limite (do ver) e não-ver (entrever). O entre deixa de ser entre quando Édipo mergulha no silêncio e no não-ver. Mas este não é negação do ente, mas a figura chegando à en-teléquia, ao desabrochar pleno, ao "terceiro olho", à terceira margem do [[rio]], à [[esfericidade]] enquanto [[plenitude]]. A figura aqui tratada não é, pois, uma figura [[retórica]], [[lógica]], [[gramática|gramatical]]. É sempre figura-questão. É Verbo-Linguagem, [[Mundo]], [[Memória]].
:No substituir a figura pela [[forma]] e no poder mostrar que o ''fingere'' como ''[[poíesis]]'' é uma doação do [[vazio]] e do [[silêncio]] como fala/música, não se trata de uma simples substituição, pois a figura vai indicar nessa tensão o entre, fonte do paradoxo de [[limite]] e [[não-limite]]. Do vazio como entre surge a [[questão]]. Por isso é necessário falar de figura ou figuração, sempre no [[horizonte]] da questão, pois esta dá sempre a tensão entre [[ser]] e [[ente]]. Não sendo ente é o vazio, o silêncio ou a linguagem. Por isso, toda figura é sempre uma questão. Mas há a questão explícita e a implícita. Explícita é quando se manifesta numa pergunta o sentido que implica determinada figura. Por exemplo, [[Édipo]]. Implícita é o próprio sentido de Édipo em seu [[percurso]]/[[travessia]] como [[verbo]]/[[linguagem]], vigorando no vigor do [[poético]], onde fica bem claro, pelo "ato" final de arrancar seus olhos, a tensão de limite (do ver) e não-ver (entrever). O entre deixa de ser entre quando Édipo mergulha no silêncio e no não-ver. Mas este não é negação do ente, mas a figura chegando à en-teléquia, ao desabrochar pleno, ao "terceiro olho", à terceira margem do [[rio]], à [[esfericidade]] enquanto [[plenitude]]. A figura aqui tratada não é, pois, uma figura [[retórica]], [[lógica]], [[gramática|gramatical]]. É sempre figura-questão. É Verbo-Linguagem, [[Mundo]], [[Memória]].
 +
 +
 +
:- [[Manuel Antônio de Castro]]
 +
 +
 +
== 2 ==
 +
:A questão da forma deve sair do âmbito do [[fundamentar]] e ser posta no âmbito do [[fundar]]. Então acontece que propriamente não há [[forma]], mas figura, tendo como origem o verbo latino ''fingere'' (figurar, fingir, educar). Este indica o deixar agir do agir se dando em figuras. O figurar os gregos o pensaram na palavra ''[[morphé]]'', o advir de algo à plenitude, [[sentido]] e [[verdade]] de seu ser. Isto é figura. Isso é forma poética.
:- [[Manuel Antônio de Castro]]
:- [[Manuel Antônio de Castro]]

Edição de 13h42min de 8 de Julho de 2011

1

No substituir a figura pela forma e no poder mostrar que o fingere como poíesis é uma doação do vazio e do silêncio como fala/música, não se trata de uma simples substituição, pois a figura vai indicar nessa tensão o entre, fonte do paradoxo de limite e não-limite. Do vazio como entre surge a questão. Por isso é necessário falar de figura ou figuração, sempre no horizonte da questão, pois esta dá sempre a tensão entre ser e ente. Não sendo ente é o vazio, o silêncio ou a linguagem. Por isso, toda figura é sempre uma questão. Mas há a questão explícita e a implícita. Explícita é quando se manifesta numa pergunta o sentido que implica determinada figura. Por exemplo, Édipo. Implícita é o próprio sentido de Édipo em seu percurso/travessia como verbo/linguagem, vigorando no vigor do poético, onde fica bem claro, pelo "ato" final de arrancar seus olhos, a tensão de limite (do ver) e não-ver (entrever). O entre deixa de ser entre quando Édipo mergulha no silêncio e no não-ver. Mas este não é negação do ente, mas a figura chegando à en-teléquia, ao desabrochar pleno, ao "terceiro olho", à terceira margem do rio, à esfericidade enquanto plenitude. A figura aqui tratada não é, pois, uma figura retórica, lógica, gramatical. É sempre figura-questão. É Verbo-Linguagem, Mundo, Memória.


- Manuel Antônio de Castro


2

A questão da forma deve sair do âmbito do fundamentar e ser posta no âmbito do fundar. Então acontece que propriamente não há forma, mas figura, tendo como origem o verbo latino fingere (figurar, fingir, educar). Este indica o deixar agir do agir se dando em figuras. O figurar os gregos o pensaram na palavra morphé, o advir de algo à plenitude, sentido e verdade de seu ser. Isto é figura. Isso é forma poética.


- Manuel Antônio de Castro
Ferramentas pessoais