Pensamento
De Dicionrio de Potica e Pensamento
(Diferença entre revisões)
(→1) |
|||
Linha 1: | Linha 1: | ||
__NOTOC__ | __NOTOC__ | ||
== 1 == | == 1 == | ||
- | :O pensamento não é, se por | + | :O pensamento não é, se por ''é'' entendemos um determinado [[ente]] em sua [[forma]] e [[conteúdo]] entitativo. "O pensamento con-suma a [[referência]] do [[Ser]] à [[Essência]] do [[homem]]" (1). Neste referenciar, o pensamento se torna [[linguagem]] do Ser. A linguagem não é; dá sentido ético-poético ao [[agir]] do homem. E, dando sentido, é. O pensamento então é o Ser se dando (tempo) enquanto linguagem no homem. Pensar é agir, é co-nsumar a referência do homem ao Ser. Na [[referência]], o ser humano chega a ser o que é. E o que no ser humano é é o que lhe é próprio, o ser. Chegar a conquistar e realizar o que é próprio é o que se pode denominar: pensar. |
:- [[Manuel Antônio de Castro]] | :- [[Manuel Antônio de Castro]] | ||
+ | |||
+ | :Referência: | ||
:(1) HEIDEGGER, Martin. ''Carta sobre o humanismo''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1967, p. 24. | :(1) HEIDEGGER, Martin. ''Carta sobre o humanismo''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1967, p. 24. | ||
+ | |||
== 2 == | == 2 == | ||
:"O pensamento con-suma a [[referência]] do Ser à [[Essência]] do [[homem]]. Não a produz nem a efetua. O pensamento apenas a restitui ao Ser como algo que lhe foi entregue pelo próprio Ser. O [[ser]] já se destinou sempre ao pensamento" (1). | :"O pensamento con-suma a [[referência]] do Ser à [[Essência]] do [[homem]]. Não a produz nem a efetua. O pensamento apenas a restitui ao Ser como algo que lhe foi entregue pelo próprio Ser. O [[ser]] já se destinou sempre ao pensamento" (1). | ||
+ | |||
:Referência: | :Referência: | ||
:(1) HEIDEGGER, Martin. ''Carta sobre o humanismo''. Trad. Emmanuel Carneiro Leão. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1967, p. 24 | :(1) HEIDEGGER, Martin. ''Carta sobre o humanismo''. Trad. Emmanuel Carneiro Leão. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1967, p. 24 | ||
+ | |||
== 3 == | == 3 == | ||
- | :Pensamento é a reflexão em que vigora a [[renúncia]] a qualquer pretensão de convencer. "No âmbito do pensamento Essencial, toda a refutação é uma nescidade." (1) O pensamento se entrega à renúncia para [[deixar]] a renúncia mesma falar. Quando a própria renúncia fala, temos a [[vigência]] do pensamento. "Em seu dizer, o pensamento eleva apenas à [[linguagem]] a [[palavra]] impronunciada do [[Ser]]." (2) | + | :Pensamento é a reflexão em que vigora a [[renúncia]] a qualquer pretensão de convencer. "No âmbito do pensamento Essencial, toda a refutação é uma nescidade." (1) O pensamento se entrega à renúncia para [[deixar]] a renúncia mesma falar. Quando a própria renúncia fala, temos a [[vigência]] do pensamento. "Em seu [[dizer]], o pensamento eleva apenas à [[linguagem]] a [[palavra]] impronunciada do [[Ser]]." (2) |
Linha 30: | Linha 35: | ||
== 4 == | == 4 == | ||
- | :"O entendimento da [[história]] nos convida para a [[verdade]] do [[Ser]], lá onde o estático e o dinâmico, o [[absoluto]] e o relativo, o [[divino]] e o [[humano]], dão lugar ao pensamento essencial. Daí inter-essarem sempre as palavras de Heidegger: 'Transformar em [[linguagem]] cada vez esse ad-vento permanente do Ser que, em sua permanência, espera pelo homem, é a única [[causa]](Sache) do pensamento. É por isso que os pensadores Essenciais dizem sempre o [[mesmo]] (das Selbe), isso, no entanto, não significa que digam sempre coisas iguais (das Gleiche).' (1)" (2) | + | :"O entendimento da [[história]] nos convida para a [[verdade]] do [[Ser]], lá onde o estático e o dinâmico, o [[absoluto]] e o [[relativo]], o [[divino]] e o [[humano]], dão lugar ao pensamento essencial. Daí inter-essarem sempre as palavras de Heidegger: 'Transformar em [[linguagem]] cada vez esse ad-vento permanente do Ser que, em sua permanência, espera pelo homem, é a única [[causa]](''Sache'') do pensamento. É por isso que os pensadores Essenciais dizem sempre o [[mesmo]] (''das Selbe''), isso, no entanto, não significa que digam sempre coisas iguais (''das Gleiche'').' (1)" (2) |
:Referência: | :Referência: | ||
- | :(1) HEIDEGGER, Martin. ''Sobre o humanismo''. Trad. Emmanuel Carneiro Leão. Rio de Janeiro: Tempo brasileiro, 1967, p.98, ''apud'' CASTRO, Manuel Antônio de. ''O acontecer poético'' - a história literária. Rio de Janeiro: Antares, 1982, | + | :(1) HEIDEGGER, Martin. ''Sobre o humanismo''. Trad. Emmanuel Carneiro Leão. Rio de Janeiro: Tempo brasileiro, 1967, p.98, ''apud'' CASTRO, Manuel Antônio de. ''O acontecer poético'' - a história literária. Rio de Janeiro: Antares, 1982, pp. 59-60. |
- | :(2) CASTRO, Manuel Antônio de. ''O acontecer poético'' - a história literária. Rio de Janeiro: Antares, 1982, | + | :(2) CASTRO, Manuel Antônio de. ''O acontecer poético'' - a história literária. Rio de Janeiro: Antares, 1982, pp. 59-60. |
== 5 == | == 5 == | ||
- | :"Se, para o [[conhecimento]], o grande desafio está em conhecer o desconhecido, para o pensamento, o desafio é pensar o conhecido. Todo pensamento só pensa o já pensado no e pelo não pensado. Neste sentido, o já pensado é o que há de mais escondido e velado no e pelo conhecimento que gera. Se, para o conhecimento, esclarecer está em levar o obscuro para o claro, no pensamento se dá o contrário: esclarecer é levar o claro para o escuro, desmascarando o já sabido, ao revelar o não sabido. É nisto que reside toda a [[ironia]] socrática do não saber no saber. | + | :"Se, para o [[conhecimento]], o grande desafio está em conhecer o desconhecido, para o pensamento, o desafio é pensar o conhecido. Todo pensamento só pensa o já pensado no e pelo não pensado. Neste sentido, o já pensado é o que há de mais escondido e velado no e pelo conhecimento que gera. Se, para o conhecimento, esclarecer está em levar o obscuro para o claro, no pensamento se dá o contrário: esclarecer é levar o claro para o escuro, desmascarando o já sabido, ao revelar o não sabido. É nisto que reside toda a [[ironia]] socrática do não saber no saber." (1) |
Linha 54: | Linha 59: | ||
:Referência: | :Referência: | ||
- | :(1) CASTRO, Manuel Antônio de. Interdisciplinaridade poética: o | + | :(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Interdisciplinaridade poética: o 'entre". In: ''Revista Tempo Brasileiro'', Rio de Janeiro, 164: 7/36, jan.-mar., 2006, p. 13. |
Edição de 01h10min de 18 de Agosto de 2009
1
- O pensamento não é, se por é entendemos um determinado ente em sua forma e conteúdo entitativo. "O pensamento con-suma a referência do Ser à Essência do homem" (1). Neste referenciar, o pensamento se torna linguagem do Ser. A linguagem não é; dá sentido ético-poético ao agir do homem. E, dando sentido, é. O pensamento então é o Ser se dando (tempo) enquanto linguagem no homem. Pensar é agir, é co-nsumar a referência do homem ao Ser. Na referência, o ser humano chega a ser o que é. E o que no ser humano é é o que lhe é próprio, o ser. Chegar a conquistar e realizar o que é próprio é o que se pode denominar: pensar.
- Referência:
- (1) HEIDEGGER, Martin. Carta sobre o humanismo. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1967, p. 24.
2
- "O pensamento con-suma a referência do Ser à Essência do homem. Não a produz nem a efetua. O pensamento apenas a restitui ao Ser como algo que lhe foi entregue pelo próprio Ser. O ser já se destinou sempre ao pensamento" (1).
- Referência:
- (1) HEIDEGGER, Martin. Carta sobre o humanismo. Trad. Emmanuel Carneiro Leão. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1967, p. 24
3
- Pensamento é a reflexão em que vigora a renúncia a qualquer pretensão de convencer. "No âmbito do pensamento Essencial, toda a refutação é uma nescidade." (1) O pensamento se entrega à renúncia para deixar a renúncia mesma falar. Quando a própria renúncia fala, temos a vigência do pensamento. "Em seu dizer, o pensamento eleva apenas à linguagem a palavra impronunciada do Ser." (2)
- Referência:
- (1) HEIDEGGER, Martin. Carta sobre o humanismo. Trad. Emmanuel Carneiro Leão. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1967, p. 59.
- (2) Idem, p. 96.
4
- "O entendimento da história nos convida para a verdade do Ser, lá onde o estático e o dinâmico, o absoluto e o relativo, o divino e o humano, dão lugar ao pensamento essencial. Daí inter-essarem sempre as palavras de Heidegger: 'Transformar em linguagem cada vez esse ad-vento permanente do Ser que, em sua permanência, espera pelo homem, é a única causa(Sache) do pensamento. É por isso que os pensadores Essenciais dizem sempre o mesmo (das Selbe), isso, no entanto, não significa que digam sempre coisas iguais (das Gleiche).' (1)" (2)
- Referência:
- (1) HEIDEGGER, Martin. Sobre o humanismo. Trad. Emmanuel Carneiro Leão. Rio de Janeiro: Tempo brasileiro, 1967, p.98, apud CASTRO, Manuel Antônio de. O acontecer poético - a história literária. Rio de Janeiro: Antares, 1982, pp. 59-60.
- (2) CASTRO, Manuel Antônio de. O acontecer poético - a história literária. Rio de Janeiro: Antares, 1982, pp. 59-60.
5
- "Se, para o conhecimento, o grande desafio está em conhecer o desconhecido, para o pensamento, o desafio é pensar o conhecido. Todo pensamento só pensa o já pensado no e pelo não pensado. Neste sentido, o já pensado é o que há de mais escondido e velado no e pelo conhecimento que gera. Se, para o conhecimento, esclarecer está em levar o obscuro para o claro, no pensamento se dá o contrário: esclarecer é levar o claro para o escuro, desmascarando o já sabido, ao revelar o não sabido. É nisto que reside toda a ironia socrática do não saber no saber." (1)
- Referência:
- (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "A fenomenologia de Edmund Husserl e a fenomenologia de Martin Heidegger". In: Tempo Brasileiro 165, abr.-jun., 2006, p.10.
6
- "Todo pensamento só pensa o pensado no e pelo não pensado. Neste sentido, o já pensado é o que há de mais velado e retraído no e pelo conhecimento que gera." (1)
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Interdisciplinaridade poética: o 'entre". In: Revista Tempo Brasileiro, Rio de Janeiro, 164: 7/36, jan.-mar., 2006, p. 13.