Dobra
De Dicionrio de Potica e Pensamento
(Diferença entre revisões)
(→1) |
(→1) |
||
Linha 1: | Linha 1: | ||
__NOTOC__ | __NOTOC__ | ||
== 1 == | == 1 == | ||
- | :Dobra é o nomear do desdobramento da ''[[arkhé]]'' em ''[[télos]]''. É um desdobrar-se para além e aquém de [[sistemas]], [[relações]] e [[ | + | :Dobra é o nomear do desdobramento da ''[[arkhé]]'' em ''[[télos]]''. É um desdobrar-se para além e aquém de [[sistemas]], [[relações]] e [[causas]], porque toda dobra é sem porquê. Na dobra vige o [[mesmo]] pelo qual a ''[[arkhé]]'' e o ''[[télos]]'' constituem [[identidade]] e [[diferença]]. [[Mesmo]] é a ''arkhé'' vigorando como desdobramento da dobra no ''[[télos]]''. O [[mesmo]] enquanto dobra é o ser do [[sendo]]. [[Sendo]] é o presencializar-se do que sem cessar se presenteia em sua [[presença]]. A plenitude da [[presença]], a ''[[arche]]'' enquanto ''[[telos]]'', não é a afirmação do [[ente]], mas do [[sendo]] em sua plenitude enquanto [[memória]] destinal do [[mesmo]], o retorno à sua fonte de [[origem]], o [[nada]], mas agora como dobra desdobrada, na sua plenitude, onde [[nada]] e [[tudo]] são [[um]] e o [[mesmo]]. A dobra não pára de se desdobrar, assim como diz Heráclito na sentença 84: "Transformando-se, repousa". Por isso, o [[mesmo]] é a dobra originária. |
Edição de 00h35min de 18 de Dezembro de 2016
1
- Dobra é o nomear do desdobramento da arkhé em télos. É um desdobrar-se para além e aquém de sistemas, relações e causas, porque toda dobra é sem porquê. Na dobra vige o mesmo pelo qual a arkhé e o télos constituem identidade e diferença. Mesmo é a arkhé vigorando como desdobramento da dobra no télos. O mesmo enquanto dobra é o ser do sendo. Sendo é o presencializar-se do que sem cessar se presenteia em sua presença. A plenitude da presença, a arche enquanto telos, não é a afirmação do ente, mas do sendo em sua plenitude enquanto memória destinal do mesmo, o retorno à sua fonte de origem, o nada, mas agora como dobra desdobrada, na sua plenitude, onde nada e tudo são um e o mesmo. A dobra não pára de se desdobrar, assim como diz Heráclito na sentença 84: "Transformando-se, repousa". Por isso, o mesmo é a dobra originária.
2
- A dobra se dá no vigorar do eu e do tu enquanto desdobrarmento e doação do ser, desdobramento de pensar e ser (ver sentença III de Parmênides). No vigorar da dobra é que acontece a aletheia, a verdade. Por isso ela será sempre um entre, um diálogo de ser e pensar, no exercício concreto do krinein, do criticar originário. Krinein diz então o vigorar do sentido do ser no dar-se e destinar-se enquanto verdade. Nesse sentido poético, a crítica não é um exercício epistemológico-racional, mas ontológico. No conhecer epistemológico-racional não acontece ser porque só temos a sua representação causal e substantiva, isto é, dual. O modelo pressupõe o dual enquanto duplo, ao passo que a dobra se funda na matriz.