Teoria

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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: "O termo "teoria" provém do [[verbo]] grego ''theorein''. O [[substantivo]] correspondente é ''theoria''. Estas [[palavras]] têm de [[próprio]] uma [[significação]] superior e misteriosa. O verbo ''theorein'' nasceu da composição de dois [[étimos]]: ''thea'' e ''horáw''. ''Thea'' (veja-se teatro) diz a [[fisionomia]], o perfil em que alguma [[coisa]] é e se mostra, a [[visão]] que é e oferece. Platão chama esse perfil em que o vigente mostra o que é, de ''[[eidos]]''. Ter visto, ''eidenai'', o perfil é [[saber]]. O segundo étimo em ''theorein'', o ''horaw'', significa: ver alguma coisa, tomá-la sob os olho, percebê-la com a vista. Assim resulta que ''theorein'' é ''thean'' ''horan'': visualizar a fisionomia em que aparece o vigente, vê-lo e por esta [[visão]] ficar sabendo e sendo com ele" (1).
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: (1) HEIDEGGER, Martin. "Ciência e pensamento do sentido", trad. Emmanuel Carneiro Leão. In: -------. ''Ensaios e conferências''. Petrópolis: Vozes, 2002, p. 44.
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: "Os gregos pensavam, isto é, recebiam da própria [[língua]] grega e, de uma maneira única, seu modo de [[estar]] e ser no [[ser]]. Por isso, junto com o [[lugar]] mais alto atribuído à ''theoria'' pelo ser vivente (''bios'') grego eles costumavam [[escutar]] ainda uma outra [[coisa]] na [[palavra]]. É que os dois [[étimos]] ''thea'' e ''horaw'' podem ter outra acentuação: ''theá'' e ''ora''. ''Theá'' é a [[deusa]]. Foi como deusa que a ''[[aletheia]]'' apareceu ao [[pensador]] [[originário]] Parmênides. Traduzimos ''aletheia'' pelo latim ''veritas'', [[verdade]], e pelo alemão ''wahrheit''. A palavra grega ''ora'' significa o respeito que temos, diz a honra e a consideração que damos. Se pensarmos, pois, a palavra ''theoria'' a partir destas últimas [[significações]], a ''theoria'' se torna a consideração respeitosa da [[revelação]] do vigente em sua [[vigência]]. Em [[sentido]] antigo, isto é, originário, mas de forma alguma antiquado, a teoria é a ''visão protetora da verdade'' " (1).
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: (1) HEIDEGGER, Martin. "Ciência e pensamento do sentido", trad. Emmanuel Carneiro Leão. In: -------. ''Ensaios e conferências''. Petrópolis: Vozes, 2002, p. 45.
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:"Do ponto de vista dos conteúdos vividos, [[crença]] diz pulsão de repetir, [[fé]] diz constância de relações, teoria diz [[cálculo]] de operações. Do ponto de vista das atitudes de andamento, crença inclui adesão, fé implica fidelidade e teoria abrange objetivações. São três vertentes que se excluem mutuamente nos processos de [[fazer]] e [[agir]], mas que a [[vida]] reúne, [[dialeticamente]], nas [[posições]] e situações existenciais" (1).  
:"Do ponto de vista dos conteúdos vividos, [[crença]] diz pulsão de repetir, [[fé]] diz constância de relações, teoria diz [[cálculo]] de operações. Do ponto de vista das atitudes de andamento, crença inclui adesão, fé implica fidelidade e teoria abrange objetivações. São três vertentes que se excluem mutuamente nos processos de [[fazer]] e [[agir]], mas que a [[vida]] reúne, [[dialeticamente]], nas [[posições]] e situações existenciais" (1).  
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: - LEÃO, Emmanuel Carneiro. Crença, fé e teoria na filosofia. In: Revista Tempo Braileiro 186, ''Cláudio Magris'': 125-132, jul.-set., 2011, p.129.
: - LEÃO, Emmanuel Carneiro. Crença, fé e teoria na filosofia. In: Revista Tempo Braileiro 186, ''Cláudio Magris'': 125-132, jul.-set., 2011, p.129.
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Edição de 14h27min de 8 de Abril de 2016

1

"O termo "teoria" provém do verbo grego theorein. O substantivo correspondente é theoria. Estas palavras têm de próprio uma significação superior e misteriosa. O verbo theorein nasceu da composição de dois étimos: thea e horáw. Thea (veja-se teatro) diz a fisionomia, o perfil em que alguma coisa é e se mostra, a visão que é e oferece. Platão chama esse perfil em que o vigente mostra o que é, de eidos. Ter visto, eidenai, o perfil é saber. O segundo étimo em theorein, o horaw, significa: ver alguma coisa, tomá-la sob os olho, percebê-la com a vista. Assim resulta que theorein é thean horan: visualizar a fisionomia em que aparece o vigente, vê-lo e por esta visão ficar sabendo e sendo com ele" (1).


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. "Ciência e pensamento do sentido", trad. Emmanuel Carneiro Leão. In: -------. Ensaios e conferências. Petrópolis: Vozes, 2002, p. 44.


2

"Os gregos pensavam, isto é, recebiam da própria língua grega e, de uma maneira única, seu modo de estar e ser no ser. Por isso, junto com o lugar mais alto atribuído à theoria pelo ser vivente (bios) grego eles costumavam escutar ainda uma outra coisa na palavra. É que os dois étimos thea e horaw podem ter outra acentuação: theá e ora. Theá é a deusa. Foi como deusa que a aletheia apareceu ao pensador originário Parmênides. Traduzimos aletheia pelo latim veritas, verdade, e pelo alemão wahrheit. A palavra grega ora significa o respeito que temos, diz a honra e a consideração que damos. Se pensarmos, pois, a palavra theoria a partir destas últimas significações, a theoria se torna a consideração respeitosa da revelação do vigente em sua vigência. Em sentido antigo, isto é, originário, mas de forma alguma antiquado, a teoria é a visão protetora da verdade " (1).


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. "Ciência e pensamento do sentido", trad. Emmanuel Carneiro Leão. In: -------. Ensaios e conferências. Petrópolis: Vozes, 2002, p. 45.


3

"Do ponto de vista dos conteúdos vividos, crença diz pulsão de repetir, diz constância de relações, teoria diz cálculo de operações. Do ponto de vista das atitudes de andamento, crença inclui adesão, fé implica fidelidade e teoria abrange objetivações. São três vertentes que se excluem mutuamente nos processos de fazer e agir, mas que a vida reúne, dialeticamente, nas posições e situações existenciais" (1).


Refência:
- LEÃO, Emmanuel Carneiro. Crença, fé e teoria na filosofia. In: Revista Tempo Braileiro 186, Cláudio Magris: 125-132, jul.-set., 2011, p.129.

2

"Para um grego, o bíos theoretikós, a vida de visão, sobretudo em sua forma mais refinada, o pensamento, é a atividade mais elevada. A teoria|theoría, já em si mesma e não por uma utilidade posterior, constitui a forma mais perfeita e completa do modo de ser e realizar-se do homem" (1).
Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. "Ciência e pensamento do sentido". In: Ensaios e conferências. Petrópolis: Vozes, 2002, p. 45.


3

“[...] uma teoria partiu da possibilidade que o poético lhe ofereceu para que ela volte como dispositivo explicativo” (1).


(1) PESSANHA, Fábio Santana. A hermenêutica do mar – Um estudo sobre a poética de Virgílio de Lemos. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2013, p. 133.
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