Próprio
De Dicionrio de Potica e Pensamento
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- | :"Talvez antes de ele falar, ela tivesse a intenção de um dia [[dar-se]], pois sabia que teria de dar a alguém o que ela era, senão o que faria de si? Como [[morrer]] antes de dar-se, mesmo em silêncio? Porque no dar-se teria enfim uma testemunha de si própria" (1). | + | == 1 == |
+ | :"Talvez antes de ele falar, ela tivesse a [[intenção]] de um dia [[dar-se]], pois sabia que teria de dar a alguém o que ela era, senão o que faria de si? Como [[morte|morrer]] antes de dar-se, mesmo em silêncio? Porque no dar-se teria enfim uma testemunha de si própria" (1). | ||
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- | :(1) LISPECTOR, Clarice. ''Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres''. | + | :(1) LISPECTOR, Clarice. ''Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres''. 4ª ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1974, p. 63. |
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- | :"O radical ''phil-'' se encontra em várias formas de verbo, substantivo, adjetivo. Corresponde ao pronome ''noos'', cognato do latim ''suus''. Designa de per si a qualidade e ação de próprio, de apropriar-se e ser próprio. Em Homero (Od. 8, 233, II - 3,31) ''phílos'' significa próprio. Mas o que é próprio, proriedade e apropriar-se? Esta é a pergunta que faz o [[filósofo]]. Próprio e propriedade são um conjunto de condições estruturais que se tornou estável por se ter desenvolvido e conquistado num processo de apropriação. Assim, ''philo-sophos'' indica o homem, enquanto se conquista determinada atitude, por ele se ter apropriado do sabor de viver (sóphos). O homem só se empenha por apropriar-se e se lança à apropriação de saber por já ter sido apropriado pela [[paixão]] de viver | + | :"O radical ''phil-'' se encontra em várias formas de verbo, substantivo, adjetivo. Corresponde ao pronome ''noos'', cognato do latim ''suus''. Designa de ''per si'' a qualidade e ação de próprio, de apropriar-se e ser próprio. Em Homero (Od. 8, 233, II - 3,31) ''phílos'' significa próprio. Mas o que é próprio, proriedade e apropriar-se? Esta é a pergunta que faz o [[filósofo]]. Próprio e propriedade são um conjunto de condições estruturais que se tornou estável por se ter desenvolvido e conquistado num processo de apropriação. Assim, ''philo-sophos'' indica o homem, enquanto se conquista determinada atitude, por ele se ter apropriado do sabor de viver (''sóphos''). O homem só se empenha por apropriar-se e se lança à apropriação de [[saber]] por já ter sido apropriado pela [[paixão]] de viver" (1). |
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- | :(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Definições da filosofia". In: ''Revista Tempo Brasileiro'', nº 130/131 | + | :(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Definições da filosofia". In: ''Revista Tempo Brasileiro'', nº 130/131. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1997, p. 153. |
Edição de 12h28min de 23 de março de 2009
1
- "Talvez antes de ele falar, ela tivesse a intenção de um dia dar-se, pois sabia que teria de dar a alguém o que ela era, senão o que faria de si? Como morrer antes de dar-se, mesmo em silêncio? Porque no dar-se teria enfim uma testemunha de si própria" (1).
- Referência:
- (1) LISPECTOR, Clarice. Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres. 4ª ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1974, p. 63.
2
- "O radical phil- se encontra em várias formas de verbo, substantivo, adjetivo. Corresponde ao pronome noos, cognato do latim suus. Designa de per si a qualidade e ação de próprio, de apropriar-se e ser próprio. Em Homero (Od. 8, 233, II - 3,31) phílos significa próprio. Mas o que é próprio, proriedade e apropriar-se? Esta é a pergunta que faz o filósofo. Próprio e propriedade são um conjunto de condições estruturais que se tornou estável por se ter desenvolvido e conquistado num processo de apropriação. Assim, philo-sophos indica o homem, enquanto se conquista determinada atitude, por ele se ter apropriado do sabor de viver (sóphos). O homem só se empenha por apropriar-se e se lança à apropriação de saber por já ter sido apropriado pela paixão de viver" (1).
- Referência:
- (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Definições da filosofia". In: Revista Tempo Brasileiro, nº 130/131. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1997, p. 153.
- Ver também: