Salvação

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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: A espera de um [[salvador]] que oferte a [[salvação]] é ainda não [[compreender]] que a [[liberdade]] não é um fim nem uma oferta. Por isso, a grande [[luta]] não é por um [[Salvador]], que nos traga a [[salvação]]. A grande [[luta]] é para nos [[salvar]] da [[salvação]]. Essa é uma das [[teses]] centrais da [[poética]] de Kazantzakis. E numa [[afirmação]] [[poética]], e por isso mesmo, [[paradoxal]], diz, dando a [[palavra]] a [[Buda]]: “- A [[salvação]] significa a liberação de todos os [[salvadores]]. Esta é a [[liberdade]] suprema, a mais alta, onde um [[homem]] respira somente com dificuldade ... Em outras [[palavras]] entendes, [leitor], quem é o [[Salvador]] [[perfeito]]... É o [[Salvador]] que libertará a [[humanidade]] da [[salvação]]” (1).(Kazantzakis, 1975: 245).
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: A espera de um [[salvador]] que oferte a [[salvação]] é ainda não [[compreender]] que a [[liberdade]] não é um fim nem uma oferta. Por isso, a grande luta não é por um [[Salvador]], que nos traga a [[salvação]]. A grande luta é para nos [[salvar]] da [[salvação]]. Essa é uma das teses centrais da [[poética]] de Kazantzakis. E numa [[afirmação]] [[poética]], e por isso mesmo, [[paradoxal]], diz, dando a [[palavra]] a [[Buda]]: “- A [[salvação]] significa a liberação de todos os [[salvadores]]. Esta é a [[liberdade]] suprema, a mais alta, onde um [[homem]] respira somente com dificuldade ... Em outras [[palavras]] entendes, [leitor], quem é o [[Salvador]] [[perfeito]]... É o [[Salvador]] que libertará a [[humanidade]] da [[salvação]]” (1).(Kazantzakis, 1975: 245).
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: "O [[grego]] do [[período]] [[originário]] não quer [[ser salvo]] nem quer [[salvar]] ninguém e por isso não busca nenhum [[messias]] e nenhuma [[doutrina]] de [[salvação]]. Não tem [[religião]]. A [[língua]] [[grega]] não possui nenhuma [[palavra]] própria para [[dizer]] [[religião]]. [[Religião]] é um [[étimo]] latino e designa uma [[experiência]] romana. Mas não quer isto [[dizer]] que o [[grego]] seja [[ateu]]. Apenas seus [[deuses]] não são salvadores e sua [[experiência]] [[histórica]] não inclui nenhuma [[missão]] redentora nem [[individual]] nem [[racional]] nem [[universal]]" (1).
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: "O [[grego]] do [[período]] [[originário]] não quer ser salvo nem quer [[salvar]] ninguém e por isso não busca nenhum messias e nenhuma [[doutrina]] de [[salvação]]. Não tem [[religião]]. A [[língua]] [[grega]] não possui nenhuma [[palavra]] própria para [[dizer]] [[religião]]. [[Religião]] é um [[étimo]] latino e designa uma [[experiência]] romana. Mas não quer isto [[dizer]] que o [[grego]] seja [[ateu]]. Apenas seus [[deuses]] não são salvadores e sua [[experiência]] [[histórica]] não inclui nenhuma missão redentora nem [[individual]] nem [[racional]] nem [[universal]]" (1).
: - Faltou [[dizer]] aí como o [[grego]] se relacionava com o [[sagrado]]. Note-se que para cada atividade o [[grego]] tinha um [[deus]]. Daí podermos [[dizer]] que o [[sagrado]] tinha uma [[presença]] muito grande na [[vida]] de cada [[grego]] e de todos os [[gregos]].   
: - Faltou [[dizer]] aí como o [[grego]] se relacionava com o [[sagrado]]. Note-se que para cada atividade o [[grego]] tinha um [[deus]]. Daí podermos [[dizer]] que o [[sagrado]] tinha uma [[presença]] muito grande na [[vida]] de cada [[grego]] e de todos os [[gregos]].   
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: (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "A [[história]] na [[filosofia]] [[grega]]". In: ------. '''[[Filosofia]] [[grega]] - uma [[introdução]]. Teresópolis: Daimon Editora, 2010''', p. 19.
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: (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro.''' "A [[história]] na [[filosofia]] [[grega]]". In: ------. [[Filosofia]] [[grega]] - uma introdução. Teresópolis: Daimon Editora, 2010, p. 19.'''

Edição atual tal como 04h07min de 29 de janeiro de 2025

1

A espera de um salvador que oferte a salvação é ainda não compreender que a liberdade não é um fim nem uma oferta. Por isso, a grande luta não é por um Salvador, que nos traga a salvação. A grande luta é para nos salvar da salvação. Essa é uma das teses centrais da poética de Kazantzakis. E numa afirmação poética, e por isso mesmo, paradoxal, diz, dando a palavra a Buda: “- A salvação significa a liberação de todos os salvadores. Esta é a liberdade suprema, a mais alta, onde um homem respira somente com dificuldade ... Em outras palavras entendes, [leitor], quem é o Salvador perfeito... É o Salvador que libertará a humanidade da salvação” (1).(Kazantzakis, 1975: 245).


- Manuel Antônio de Castro


(1). KAZANTZAKIS, Nikos. Testamento para El Greco. Trad. Clarice Lispector. Rio de Janeiro: Arte Nova, 1975, p. 245.

2

"O grego do período originário não quer ser salvo nem quer salvar ninguém e por isso não busca nenhum messias e nenhuma doutrina de salvação. Não tem religião. A língua grega não possui nenhuma palavra própria para dizer religião. Religião é um étimo latino e designa uma experiência romana. Mas não quer isto dizer que o grego seja ateu. Apenas seus deuses não são salvadores e sua experiência histórica não inclui nenhuma missão redentora nem individual nem racional nem universal" (1).
- Faltou dizer aí como o grego se relacionava com o sagrado. Note-se que para cada atividade o grego tinha um deus. Daí podermos dizer que o sagrado tinha uma presença muito grande na vida de cada grego e de todos os gregos.


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "A história na filosofia grega". In: ------. Filosofia grega - uma introdução. Teresópolis: Daimon Editora, 2010, p. 19.
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