Terra

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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:No ensaio "O originário da obra-de-arte", Heidegger mostra que só podemos saber o que é a Terra a partir da obra-de-arte. Terra, então, nada tem a ver com matéria (um conceito que está em função da interpretação do ''on'' como utensílio). O que é Terra? Ela muito menos tem a ver com o planeta como base e fonte de recursos naturais. O que é a Terra? Talvez o melhor caminho de compreensão esteja na palavra grega para Terra: ''Gaia''. Ocorre que ''Gaia'', em sua etimologia, significa [[vida]]. E esta é o princípio vital, o tempo eterno. É no âmbito da vida que entra a [[arte]], mas é então a vida que amadurece, isso é a vida feito arte, o [[ético]]. A vida e alimento e plenificação no amadurecimento está, misticamente, presentificada na última ceia, de que a missa é a [[memória]]. Contudo, tudo isso toma um sentido secreto profundo, porque é a alimentação sacrificial onde o dar a vida, está ligado à morte, à renúncia, mas em que a renúncia não tira, dá. Isso é a arte, o ético, porque ao manifestar a Terra/vida, arte é a arte enquanto doação que se retrai. Isto é, a Terra quanto mais retrai. E isso é a obra-de-arte. Ela se doa retraindo-se, pois então a arte se torna a própria Terra/vida.
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:No ensaio "O originário da obra-de-arte", Heidegger mostra que só podemos saber o que é a Terra a partir da obra-de-arte. Terra, então, nada tem a ver com matéria (um conceito que está em função da interpretação do ''on'' como utensílio). O que é Terra? Ela muito menos tem a ver com o planeta como base e fonte de recursos naturais. O que é a Terra? Talvez o melhor caminho de compreensão esteja na palavra grega para Terra: ''Gaia''. Ocorre que ''Gaia'', em sua etimologia, significa [[vida]]. E esta é o princípio vital, o tempo eterno. É no âmbito da vida que entra a [[arte]], mas é então a vida que amadurece, isso é a vida feito arte, o [[ético]]. A vida e alimento e plenificação no amadurecimento está, misticamente, presentificada na última ceia, de que a missa é a [[memória]]. Contudo, tudo isso toma um sentido secreto profundo, porque é a alimentação sacrificial onde o dar a vida, está ligado à morte, à renúncia, mas em que a renúncia não tira, dá. Isso é a arte, o ético, porque ao manifestar a Terra/vida, arte é a arte enquanto doação que se retrai. Isto é, a Terra tanto mais se doa  quanto mais retrai. E isso é a obra-de-arte. Ela se doa retraindo-se, pois então a arte se torna a própria Terra/vida.
:- [[Manuel Antônio de Castro]]
:- [[Manuel Antônio de Castro]]

Edição de 20h37min de 26 de Abril de 2009

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"'Existe sobre a terra uma medida?' E deve responder que: 'não há nenhuma'. Por quê? Porque aquilo que nomeamos ao dizer 'esta terra' só se sustenta enquanto o homem habita a terra e, no habitar, deixa a terra ser terra" (1).


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. Ensaios e conferências. Petrópolis, Vozes, 2002, p. 178.

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No ensaio "O originário da obra-de-arte", Heidegger mostra que só podemos saber o que é a Terra a partir da obra-de-arte. Terra, então, nada tem a ver com matéria (um conceito que está em função da interpretação do on como utensílio). O que é Terra? Ela muito menos tem a ver com o planeta como base e fonte de recursos naturais. O que é a Terra? Talvez o melhor caminho de compreensão esteja na palavra grega para Terra: Gaia. Ocorre que Gaia, em sua etimologia, significa vida. E esta é o princípio vital, o tempo eterno. É no âmbito da vida que entra a arte, mas é então a vida que amadurece, isso é a vida feito arte, o ético. A vida e alimento e plenificação no amadurecimento está, misticamente, presentificada na última ceia, de que a missa é a memória. Contudo, tudo isso toma um sentido secreto profundo, porque é a alimentação sacrificial onde o dar a vida, está ligado à morte, à renúncia, mas em que a renúncia não tira, dá. Isso é a arte, o ético, porque ao manifestar a Terra/vida, arte é a arte enquanto doação que se retrai. Isto é, a Terra tanto mais se doa quanto mais retrai. E isso é a obra-de-arte. Ela se doa retraindo-se, pois então a arte se torna a própria Terra/vida.


- Manuel Antônio de Castro
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