Ter

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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: (1) PESSOA, Fernando. ''Alberto Caeiro''. S. Paulo: Cia. das Letras, 2004, p. 60, 84.
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[[Existir]] é [[habitar]] no sentido de ter-se. Não [[ter]] algo externo a nós, mas o ter que se tem porque nos foi dado: o [[próprio]]. [[Habitar]] enquanto [[ter]] é apropriar-se do que é próprio: o [[ser]]. Então o ter deve ser pensado no [[horizonte]] em que Emmanuel Carneiro Leão o pensa no ensaio "Uma leitura órfica de uma sentença grega" (1).

Edição de 15h55min de 15 de Setembro de 2018

1

"Ter e ser não são opostos, porque só podemos ter o que somos e só podemos ser o que temos" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Interdisciplinaridade poética: o 'entre'". In: Revista Tempo Brasileiro. Rio de Janeiro: número 164, jan.-mar. 2006, p. 24.


2

"Alberto Caieiro, o poeta-pensador, já o disse poeticamente:
    "Mas isto (tristes de nós que trazemos a alma vestida!),
    Isso exige um estudo profundo,
    Uma aprendizagem de desaprender . (Poema XXIV)
    Procuro despir-me do que aprendi,:
    Procuro esquecer-me do modo de lembrar que me ensinaram,
    E raspar a tinta com que me pintaram os sentidos ... (Poema XLVI)" (1)

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Isso é enigmático porque devemos aprender para desaprender, ter para renunciar, porque só renunciando chegamos a ser o que temos, porque só podemos ter o que somos e só podemos ser o que temos. Portanto, não há uma incompatibilidade entre ter e ser. Entra aí uma terceira dimensão nesse jogo dialético entre ter e ser, e ser e ter: o desprendimento, a renúncia, porque a renúncia não tira, dá. Nesse jogo dialético se torna também claro o jogo entre identidade e diferença. A identidade nos remete para o horizonte do fundar, do ser, do nada. Já a diferença nos mostra em que consiste o próprio, (ter), que só o nada, (ser), pode fundar. Enfim, toda aprendizagem é um desaprender.
Manuel Antônio de Castro.


Referência:
(1) PESSOA, Fernando. Alberto Caeiro. S. Paulo: Cia. das Letras, 2004, p. 60, 84.


3

Existir é habitar no sentido de ter-se. Não ter algo externo a nós, mas o ter que se tem porque nos foi dado: o próprio. Habitar enquanto ter é apropriar-se do que é próprio: o ser. Então o ter deve ser pensado no horizonte em que Emmanuel Carneiro Leão o pensa no ensaio "Uma leitura órfica de uma sentença grega" (1).

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