Símbolo

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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:Eis aí um [[conceito]] nuclear, embora seja portador de uma ampla [[semântica]]. "Todas as [[identidade|identidades]]  estão localizadas no espaço e no tempo simbólicos. Elas têm aquilo que Edward Said chama de suas geografias [[imaginário|imaginárias]]" (1). O simbólico não tem o vigor em si mesmo. Há, por exemplo, silêncio simbólico. Porém, não é o simbólico que fala, mas o vigor do silêncio.
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:Eis aí um conceito nuclear, embora seja portador de uma ampla semântica. "Todas as identidades estão localizadas no espaço e no tempo simbólicos. Elas têm aquilo que Edward Said chama de suas geografias imaginárias" .
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:- [[Manuel Antônio de Castro]]
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:HALL, Stuart. ''A identidade cultural na pós-modernidade''. Rio de Janeiro: DP7A, 2001, p. 71. O simbólico não tem o vigor em si mesmo. Há, por exemplo, silêncio simbólico. Porém, não é o simbólico que fala, mas o vigor do silêncio.
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:(1) HALL, Stuart. ''A identidade cultural na pós-modernidade''. Rio de Janeiro: DP7A, 2001, p. 71.
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:Heidegger em ''A origem da [[obra-de-arte]]'' trata do símbolo, em que ocorre uma separação entre a [[coisa]], o [[suporte]] e o que além disso ela "expressa", sendo isto o símbolo. Ele se coloca contra essa separação, na medida em que não aceita a noção de "coisa" como "suporte". Nos ensaios "A coisa" e "Construir, habitar, pensar", desenvolve o que entende por "coisa". E no ensaio "Construir, habitar, pensar" retorna à questão do símbolo. Só podemos apreender e compreender os equívocos que o conceito de símbolo possui se aprofundarmos o que é "coisa" poética e originariamente. Heidegger nesse ensaio dá o exemplo de uma "ponte" como "coisa". E então diz: "Enquanto expresão, a ponte pode tornar-se, por exemplo, símbolo para tudo aquilo que mencionamos anteriormente. Se for autêntica, a ponte nunca é primeiro e apenas ponte e depois um símbolo. A ponte tampouco é, de antemão, um símbolo, no sentido de exprimir algo que, em sentido rigoroso, a ela não pertence. Tomada em sentido, a ponte nunca se mostra como expressão. A ponte é uma coisa e somente isso" (1).
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:Heidegger em ''A origem da obra-de-arte'' trata do símbolo, onde ocorre uma separação entre a coisa, o suporte e o que além disso ela "expressa", sendo isto o símbolo. Ele se coloca contra essa separação, na medida em que não aceita a noção de "coisa" como "suporte". Nos ensaios "A coisa" e "Construir, habitar, pensar", desenvolve o que entende por "coisa". E no ensaio "Construir, habitar, pensar" retorna à questão do símbolo. Só podemos apreender e compreender os equívocos que o conceito de símbolo possui se aprofundarmos o que é "coisa" poética e originariamente. Heidegger nesse ensaio dá o exemplo de uma "ponte" como "coisa". E então diz: "Enquanto expresão, a ponte pode tornar-se, por exemplo, símbolo para tudo aquilo que mencionamos anteriormente. Se for autêntica, a ponte nunca é primeiro e apenas ponte e depois um símbolo. A ponte tampouco é, de antemão, um símbolo, no sentido de exprimir algo que, em sentido rigoroso, a ela não pertence. Tomada em sentido, a ponte nunca se mostra como expressão. A ponte é uma coisa e somente isso."  
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:Referências:
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:HEIDEGGER, Martin. "Construir, habitar, pensar". In: ''Ensaios e conferências''. Petrópolis: Vozes, 2002, p. 133.
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:(1) HEIDEGGER, Martin. "Construir, habitar, pensar". In: ''Ensaios e conferências''. Petrópolis: Vozes, 2002, p. 133.
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:A questão so símbolo está fundamentalmente ligada à discussão do [[significado]] e sentido convencional ou natural das [[palavra|palavras]]. A questão é que não se pode confundir sentido e significado. Tudo isso radica nos muitos significados que a palavra grega ''[[lógos]]'' foi sofrendo pela visão [[metafísica]] e racionalista. O mesmo se pode dizer da outra palavra fundamental: ''[[phýsis]]''. A tradução por natureza pode desfigurar completamente o seu sentido [[poético]] e originário. Dessas duas palavras há duas visões básicas: 1ª Epistemológica; 2ª Ontológica. Segundo cada uma destas posições, o símbolo terá sentidos radicalmente diferentes. Para uma visão epistemológica e metafísica ver (1). O Aristóteles de que a autora fala é o da leitura metafísica. Do Aristóteles pensador, nada se fala aí. Para uma visão ontológica, ver (2).  
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:A questão so símbolo está fundamentalmente ligada à discussão do significado e sentido convencional ou natural das palavras. A questão é que não se pode confundir sentido e significado. Tudo isso radica nos muitos significados que a palavra grega logos foi sofrendo pela visão metafísica e racionalista. O mesmo se pode dizer da outra palavra fudamental: physis. A tradução por natureza pode desfigurar completamente o seu sentido poético e originário. Dessas duas palavras há duas visões básicas: 1ª Epistemológica; 2ª Ontológica. Segundo cada uma destas posições, o símbolo terá sentidos radicalmente diferentes. Para uma visão epistemológica e metafísica ver (1). O Aristóteles de que a autora fala é o da leitura metafísica. Do Aristóteles pensador, nada se fala aí. Para uma visão ontológica, ver (2).  
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:(1) NEVES, Maria Helena de Moura. ''A vertente grega da gramática tradicional''. São Paulo? Hucitec, 1987.
:(1) NEVES, Maria Helena de Moura. ''A vertente grega da gramática tradicional''. São Paulo? Hucitec, 1987.
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:(2) BEAUFRET, Jean. ''Dialogue avec Heidegger III''. Paris: Minuit, 1974, especialmente o ensaio: "Der logos au langaje".
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:(2) BEAUFRET, Jean. ''Dialogue avec Heidegger III''. Paris: Minuit, 1974, especialmente o ensaio: "Der logos au langaje".
 
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Edição de 23h58min de 24 de janeiro de 2009

1

Eis aí um conceito nuclear, embora seja portador de uma ampla semântica. "Todas as identidades estão localizadas no espaço e no tempo simbólicos. Elas têm aquilo que Edward Said chama de suas geografias imaginárias" (1). O simbólico não tem o vigor em si mesmo. Há, por exemplo, silêncio simbólico. Porém, não é o simbólico que fala, mas o vigor do silêncio.


- Manuel Antônio de Castro


Referências:
(1) HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP7A, 2001, p. 71.

2

Heidegger em A origem da obra-de-arte trata do símbolo, em que ocorre uma separação entre a coisa, o suporte e o que além disso ela "expressa", sendo isto o símbolo. Ele se coloca contra essa separação, na medida em que não aceita a noção de "coisa" como "suporte". Nos ensaios "A coisa" e "Construir, habitar, pensar", desenvolve o que entende por "coisa". E no ensaio "Construir, habitar, pensar" retorna à questão do símbolo. Só podemos apreender e compreender os equívocos que o conceito de símbolo possui se aprofundarmos o que é "coisa" poética e originariamente. Heidegger nesse ensaio dá o exemplo de uma "ponte" como "coisa". E então diz: "Enquanto expresão, a ponte pode tornar-se, por exemplo, símbolo para tudo aquilo que mencionamos anteriormente. Se for autêntica, a ponte nunca é primeiro e apenas ponte e depois um símbolo. A ponte tampouco é, de antemão, um símbolo, no sentido de exprimir algo que, em sentido rigoroso, a ela não pertence. Tomada em sentido, a ponte nunca se mostra como expressão. A ponte é uma coisa e somente isso" (1).


Referências:
(1) HEIDEGGER, Martin. "Construir, habitar, pensar". In: Ensaios e conferências. Petrópolis: Vozes, 2002, p. 133.

3

A questão so símbolo está fundamentalmente ligada à discussão do significado e sentido convencional ou natural das palavras. A questão é que não se pode confundir sentido e significado. Tudo isso radica nos muitos significados que a palavra grega lógos foi sofrendo pela visão metafísica e racionalista. O mesmo se pode dizer da outra palavra fundamental: phýsis. A tradução por natureza pode desfigurar completamente o seu sentido poético e originário. Dessas duas palavras há duas visões básicas: 1ª Epistemológica; 2ª Ontológica. Segundo cada uma destas posições, o símbolo terá sentidos radicalmente diferentes. Para uma visão epistemológica e metafísica ver (1). O Aristóteles de que a autora fala é o da leitura metafísica. Do Aristóteles pensador, nada se fala aí. Para uma visão ontológica, ver (2).


Referências:
(1) NEVES, Maria Helena de Moura. A vertente grega da gramática tradicional. São Paulo? Hucitec, 1987.
(2) BEAUFRET, Jean. Dialogue avec Heidegger III. Paris: Minuit, 1974, especialmente o ensaio: "Der logos au langaje".


Ver também: