Nome

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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:Guimarães Rosa diz: "Era um nome, ver o que. Que é que é um nome? Nome não dá, recebe" (1). E noutra passagem complementa: "O que é pra ser - são as palavras" (2). E como! Recebe todas as nossas [[aventura|aventuras]] e desventuras, [[via|vias]] e desvios, falas e [[silêncio]]. Essa tensão entre nome e palavra se torna importante porque o nome indica algo ou alguém, ao passo que a palavra nesta citação está se referindo a Hermógenes. E aqui em palavra ressoa o mito de Hermes. Este coloca o sentido original de palavra: mediação entre duas instâncias. Daí Hermes ser o mensageiro dos deuses. E, no caso, tal mito se torna a questão da verdade. Mas esta não entendida como algo pétreo e definitivo. Pelo contrário: há sempre aí a tensão entre verdade e não-verdade. Por isso, no mito o personagem Hermes em determinado momento declara: Direi sempre a verdade, mas não ''toda'' a verdade. Cf. o mito de Hermes para melhor compreender tal personagem-questão.
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: Guimarães Rosa diz: "Era um nome, ver o que. Que é que é um nome? Nome não dá, recebe" (1). E noutra passagem complementa: "O que é pra ser - são as palavras" (2). E como! Recebe todas as nossas [[aventura|aventuras]] e desventuras, [[via|vias]] e desvios, falas e [[silêncio]]. Essa tensão entre nome e palavra se torna importante porque o nome indica algo ou alguém, ao passo que a palavra nesta citação está se referindo a Hermógenes. E aqui em palavra ressoa o mito de Hermes. Este coloca o sentido original de palavra: mediação entre duas instâncias. Daí Hermes ser o mensageiro dos deuses. E, no caso, tal mito se torna a questão da verdade. Mas esta não entendida como algo pétreo e definitivo. Pelo contrário: há sempre aí a tensão entre verdade e não-verdade. Por isso, no mito o personagem Hermes em determinado momento declara: Direi sempre a verdade, mas não ''toda'' a verdade. Cf. o mito de Hermes para melhor compreender tal personagem-questão.
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: (1) ROSA, João Guimarães. ''Grande sertão: veredas'', 6. e. Rio de Janeiro: José Olympio, 1968, p. 121.
: (1) ROSA, João Guimarães. ''Grande sertão: veredas'', 6. e. Rio de Janeiro: José Olympio, 1968, p. 121.
: (2) ROSA, João Guimarães. ''Grande sertão: veredas'', 6. e. Rio de Janeiro: José Olympio, 1968, p. 39.
: (2) ROSA, João Guimarães. ''Grande sertão: veredas'', 6. e. Rio de Janeiro: José Olympio, 1968, p. 39.
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: "O [[homem]] não é só um [[ser]] simplesmente [[finito]]. O [[homem]] é o mais [[finito]] dos [[seres]], porque, na [[finitude]], ele sente sempre o [[infinito]] do [[nada]], mesmo em toda pretensão, escamoteada, de ser [[infinito]]. É na [[finitude]] sem fim do [[nada]] que afirma, em tudo que faz e/ou deixa de fazer, o [[infinito]]. Por isso, todo [[nome]], que dá, é sempre um [[pseudônimo]]" (1).
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: (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "O sentido do pseudônimo". In: -----. ''Aprendendo a pensar III''. Teresópolis/RJ: Daimon Editora, 2017, p. 121.

Edição de 12h58min de 18 de Setembro de 2017

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Guimarães Rosa diz: "Era um nome, ver o que. Que é que é um nome? Nome não dá, recebe" (1). E noutra passagem complementa: "O que é pra ser - são as palavras" (2). E como! Recebe todas as nossas aventuras e desventuras, vias e desvios, falas e silêncio. Essa tensão entre nome e palavra se torna importante porque o nome indica algo ou alguém, ao passo que a palavra nesta citação está se referindo a Hermógenes. E aqui em palavra ressoa o mito de Hermes. Este coloca o sentido original de palavra: mediação entre duas instâncias. Daí Hermes ser o mensageiro dos deuses. E, no caso, tal mito se torna a questão da verdade. Mas esta não entendida como algo pétreo e definitivo. Pelo contrário: há sempre aí a tensão entre verdade e não-verdade. Por isso, no mito o personagem Hermes em determinado momento declara: Direi sempre a verdade, mas não toda a verdade. Cf. o mito de Hermes para melhor compreender tal personagem-questão.


- Manuel Antônio de Castro


Referências:
(1) ROSA, João Guimarães. Grande sertão: veredas, 6. e. Rio de Janeiro: José Olympio, 1968, p. 121.
(2) ROSA, João Guimarães. Grande sertão: veredas, 6. e. Rio de Janeiro: José Olympio, 1968, p. 39.


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"O homem não é só um ser simplesmente finito. O homem é o mais finito dos seres, porque, na finitude, ele sente sempre o infinito do nada, mesmo em toda pretensão, escamoteada, de ser infinito. É na finitude sem fim do nada que afirma, em tudo que faz e/ou deixa de fazer, o infinito. Por isso, todo nome, que dá, é sempre um pseudônimo" (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "O sentido do pseudônimo". In: -----. Aprendendo a pensar III. Teresópolis/RJ: Daimon Editora, 2017, p. 121.