Nada
De Dicionrio de Potica e Pensamento
(Diferença entre revisões)
(→1) |
|||
Linha 1: | Linha 1: | ||
__NOTOC__ | __NOTOC__ | ||
== 1 == | == 1 == | ||
- | :"O poeta, em seu [[canto]], próximo à Terra Natal, desfia a [[alegria]] a troco de Nada. Isso é contradizer-se, jogar no [[Vazio]] ou meditar extra-vagâncias? Devagar, vagando se descobre a falta-que-faz, o fazer-que-falta: cercando o eixo das rodas com raios, se descobre que a utilidade da roda consiste no seu Nada; escavando-se a argila para modelar vasos, descobre-se que a utilidade dos vasos está no seu Nada; abrindo-se portas e janelas para que haja um quarto, descobre-se que a utilidade do quarto está no seu Nada. Por isso, parafraseando Lao-Tzu, em seu fragmento XI, do Tao Te King, pode-se dizer que enquanto nos aproximamos do fazer, o que não é feito se aproxima de nós" (1). | + | :"O poeta, em seu [[canto]], próximo à Terra Natal, desfia a [[alegria]] a troco de Nada. Isso é contradizer-se, jogar no [[Vazio]] ou meditar extra-vagâncias? Devagar, vagando se descobre a falta-que-faz, o fazer-que-falta: cercando o eixo das rodas com raios, se descobre que a utilidade da roda consiste no seu Nada; escavando-se a argila para modelar vasos, descobre-se que a utilidade dos vasos está no seu Nada; abrindo-se portas e janelas para que haja um quarto, descobre-se que a utilidade do quarto está no seu Nada. Por isso, parafraseando Lao-Tzu, em seu fragmento XI, do Tao Te King, pode-se dizer que enquanto nos aproximamos do [[fazer]], o que não é feito se aproxima de nós" (1). |
:Referência: | :Referência: | ||
- | :(1) ALBERNAZ, Maria Beatriz. ''Paideia poética na cidade sitiada - um estudo de Clarice Lispector''. | + | :(1) ALBERNAZ, Maria Beatriz. ''Paideia poética na cidade sitiada - um estudo de Clarice Lispector''. Rio de Janeiro: Faculdade de Letras da UFRJ, Programa de Pós-Graduação em Ciência da Literatura, Área de Poética. Tese de doutorado, 2006. |
+ | |||
== 2 == | == 2 == | ||
Linha 14: | Linha 15: | ||
:Referências: | :Referências: | ||
- | :(1) HEIDEGGER, Martin. De uma conversa sobre a linguagem entre um japonês e um pensador. In: ''Ensaios e conferências''. Petrópolis: Vozes, 2003, p. 87. | + | :(1) HEIDEGGER, Martin. "De uma conversa sobre a linguagem entre um japonês e um pensador". In: ''Ensaios e conferências''. Petrópolis: Vozes, 2003, p. 87. |
+ | |||
+ | |||
== 3 == | == 3 == | ||
:"Através de seus graves defeitos - que um dia ela talvez pudesse mencionar sem se vangloriar - é que chegara agora a poder [[amor|amar]]. Até aquela glorificação: ela amava o Nada. A [[consciência]] de sua permanente queda [[humano|humana]] a levava ao amor do Nada" (1). | :"Através de seus graves defeitos - que um dia ela talvez pudesse mencionar sem se vangloriar - é que chegara agora a poder [[amor|amar]]. Até aquela glorificação: ela amava o Nada. A [[consciência]] de sua permanente queda [[humano|humana]] a levava ao amor do Nada" (1). |
Edição de 21h08min de 21 de Agosto de 2009
1
- "O poeta, em seu canto, próximo à Terra Natal, desfia a alegria a troco de Nada. Isso é contradizer-se, jogar no Vazio ou meditar extra-vagâncias? Devagar, vagando se descobre a falta-que-faz, o fazer-que-falta: cercando o eixo das rodas com raios, se descobre que a utilidade da roda consiste no seu Nada; escavando-se a argila para modelar vasos, descobre-se que a utilidade dos vasos está no seu Nada; abrindo-se portas e janelas para que haja um quarto, descobre-se que a utilidade do quarto está no seu Nada. Por isso, parafraseando Lao-Tzu, em seu fragmento XI, do Tao Te King, pode-se dizer que enquanto nos aproximamos do fazer, o que não é feito se aproxima de nós" (1).
- Referência:
- (1) ALBERNAZ, Maria Beatriz. Paideia poética na cidade sitiada - um estudo de Clarice Lispector. Rio de Janeiro: Faculdade de Letras da UFRJ, Programa de Pós-Graduação em Ciência da Literatura, Área de Poética. Tese de doutorado, 2006.
2
- "P - O vazio é então a mesma coisa que o nada, isto é, o vigor que procuramos pensar como o outro de toda vigência e de toda ausência? J - De certo... Para nós, o vazio é o nome mais elevado para se designar o que o senhor quer dizer com a palavra ser" (1).
- Referências:
- (1) HEIDEGGER, Martin. "De uma conversa sobre a linguagem entre um japonês e um pensador". In: Ensaios e conferências. Petrópolis: Vozes, 2003, p. 87.
3
- "Através de seus graves defeitos - que um dia ela talvez pudesse mencionar sem se vangloriar - é que chegara agora a poder amar. Até aquela glorificação: ela amava o Nada. A consciência de sua permanente queda humana a levava ao amor do Nada" (1).
- Referências:
- (1) LISPECTOR, Clarice. Uma aprendizagem ou O livro dos prazeres. 4. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1974, p. 25.