Mistério

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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:Normalmente se separa realidade e mistério, como se soubéssemos o que é mistério e realidade. Nem um nem outra cabem no saber, só no não-saber de todo saber.  
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:Normalmente se separa realidade e mistério, como se soubéssemos o que é mistério e realidade. Nem um nem outra cabem no saber, só no não-saber de todo saber. A fim de aprofundar esta questão, é recomendável a leitura do volume II do livro ''Aprendendo a pensar'' (1).  
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:LEÃO, Emmanuel Carneiro. ''Aprendendo a pensar II''. Petrópolis, Vozes, 1992, p. 175.
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:(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. ''Aprendendo a pensar II''. Petrópolis: Vozes, 1992, p. 175.
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:(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. ''Aprendendo a pensar II''. Petrópolis: Vozes, 1992, p. 180.
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:"O mistério da [[vida]] não é alguma coisa de outro [[mundo]]; não é uma vida diferente deste mundo ou um outro mundo; o mistério da vida é a vitalidade desta vida, deste mundo. Esta [[vitalidade]] que não se deixa controlar, subjugar e aplicar. Isso é o que constitui o mistério da vida.
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:"O mistério da [[vida]] não é alguma coisa de outro [[mundo]]; não é uma vida diferente deste mundo ou um outro mundo; o mistério da vida é a vitalidade desta vida, deste mundo. Esta [[vitalidade]] que não se deixa controlar, subjugar e aplicar. Isso é o que constitui o mistério da vida" (1).
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:(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "O corpo, a terra e o pensamento". In: CASTRO, Manuel Antônio de (org.). ''Arte: corpo, mundo e terra''. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2008, p. 70.
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:(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "O corpo, a terra e o pensamento". In: CASTRO, Manuel Antônio de (org.). ''Arte: corpo, mundo e terra''. Rio de Janeiro: 7Letras, 2008, p. 70.
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:(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro."Permanência e atualidade do poético: ''lógos'', ''mýthos'', ''épos''". In: ''Revista Tempo Brasileiro'', nº 171. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2007, pp. 33-38.
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:(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Permanência e atualidade do poético: ''lógos'', ''mýthos'', ''épos''". In: ''Revista Tempo Brasileiro'', nº 171. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2007, pp. 33-8.
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:"[[Pensar]] é expor-se às peripécias dos mistérios, das presenças e ausências, das clarezas e obscuridades. É nessa exposição que o pensar se faz viger e torna vigorosa a força de sua presença. Por sua vez, a apresentação do mistério, como componente da realidade, tem sido produzida de modo a só se apresentarem simulacros de mistérios, isto é, mistérios que de antemão se sabe serem possíveis de virem a ser solucionados, que sejam capazes de se desvanecerem enquanto mistérios" (1).
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:"[[Pensar]] é expor-se às peripécias dos mistérios, das [[presença|presenças]] e [[ausência|ausências]], das clarezas e obscuridades. É nessa exposição que o pensar se faz viger e torna vigorosa a força de sua presença. Por sua vez, a apresentação do mistério, como componente da realidade, tem sido produzida de modo a só se apresentarem [[simulacro|simulacros]] de mistérios, isto é, mistérios que de antemão se sabe serem possíveis de virem a ser solucionados, que sejam capazes de se desvanecerem enquanto mistérios" (1).
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:(1) JARDIM, Antonio. ''Música: vigência do pensar poético''. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 170-1.
:(1) JARDIM, Antonio. ''Música: vigência do pensar poético''. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 170-1.
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:"Do mistério o que é mais característico é o [[movimento]] de concentração no seu âmago, seu recolhimento no íntimo. Ao contrário do que possa parecer a uma concepção dominada pela idéia de meio, de mediação , de instrumento, o concentrar-se no âmago, no imo, traz consigo movimento. A procura do centro do interior não deixa de ser procura. Movimento não implica representação. Concentrar-se é estabelecer um lugar, é, portanto, habitar" (1).
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:"Do mistério o que é mais característico é o [[movimento]] de concentração no seu âmago, seu recolhimento no íntimo. Ao contrário do que possa parecer a uma concepção dominada pela ideia de meio, de mediação , de instrumento, o concentrar-se no âmago, no imo, traz consigo movimento. A procura do centro do interior não deixa de ser procura. Movimento não implica representação. Concentrar-se é estabelecer um lugar, é, portanto, habitar" (1).

Edição de 04h23min de 1 de Setembro de 2009

1

Normalmente se separa realidade e mistério, como se soubéssemos o que é mistério e realidade. Nem um nem outra cabem no saber, só no não-saber de todo saber. A fim de aprofundar esta questão, é recomendável a leitura do volume II do livro Aprendendo a pensar (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. Aprendendo a pensar II. Petrópolis: Vozes, 1992, p. 175.


2

"O mistério não é o misterioso, o estranho, o longínquo, o enigmático. Ao contrário, é a de-ferência mais íntima da interioridade de nós mesmos, dos outros ou de qualquer coisa. Disso já nos fala a própria palavra. Mistério vem do verbo grego que significa trancar-se no centro, concentrar-se [...]" (1).
Há aí uma ligação muito próxima com o ordinário, sendo que o extra-ordinário é o ordinário se dimensionando pelo que lhe é mais interior, mais concentrado. Conclui-se que a criação, a eclosão da linguagem se dá pelo redimensionamento da linguagem cotidiana, pela concentração, pelo que lhe é mais interior. O uso e abuso comunicativo da palavra no cotidiano encobre e esquece seu potencial. Trazer a potência das palavras para a sua manifestação não é trabalhar as formas em novas formas. Rosa diz o que é descer ao núcleo vivo das palavras: é "chocar as palavras".


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. Aprendendo a pensar II. Petrópolis: Vozes, 1992, p. 180.


3

"O mistério da vida não é alguma coisa de outro mundo; não é uma vida diferente deste mundo ou um outro mundo; o mistério da vida é a vitalidade desta vida, deste mundo. Esta vitalidade que não se deixa controlar, subjugar e aplicar. Isso é o que constitui o mistério da vida" (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "O corpo, a terra e o pensamento". In: CASTRO, Manuel Antônio de (org.). Arte: corpo, mundo e terra. Rio de Janeiro: 7Letras, 2008, p. 70.


Ver também:


4

Mistério remete, em toda experiência, para o que se diz e reconhece fora das possibilidades de ser, conhecer e dizer. Para se dar e acontecer mistério é indispensárvel morar e descobrir-se no âmbito da Linguagem, do lógos (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Permanência e atualidade do poético: lógos, mýthos, épos". In: Revista Tempo Brasileiro, nº 171. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2007, pp. 33-8.


5

"Pensar é expor-se às peripécias dos mistérios, das presenças e ausências, das clarezas e obscuridades. É nessa exposição que o pensar se faz viger e torna vigorosa a força de sua presença. Por sua vez, a apresentação do mistério, como componente da realidade, tem sido produzida de modo a só se apresentarem simulacros de mistérios, isto é, mistérios que de antemão se sabe serem possíveis de virem a ser solucionados, que sejam capazes de se desvanecerem enquanto mistérios" (1).


Referência:
(1) JARDIM, Antonio. Música: vigência do pensar poético. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 170-1.


6

"Do mistério o que é mais característico é o movimento de concentração no seu âmago, seu recolhimento no íntimo. Ao contrário do que possa parecer a uma concepção dominada pela ideia de meio, de mediação , de instrumento, o concentrar-se no âmago, no imo, traz consigo movimento. A procura do centro do interior não deixa de ser procura. Movimento não implica representação. Concentrar-se é estabelecer um lugar, é, portanto, habitar" (1).


Referência:
(1) JARDIM, Antonio. Música: vigência do pensar poético. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 171.