Mímesis

De Dicionrio de Potica e Pensamento

Edição feita às 21h29min de 19 de Setembro de 2009 por Fábio (Discussão | contribs)

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A questão poética articula-se com a questão mundo. A mímesis é o problema da representação e, por extensão, do problema da criatividade ou do agir, da essência do agir, daí ser importante ao aprofundamento da questão a leitura de A poética ocidental (1), que fala sobre a criatividade poética.


- Manuel Antônio de Castro


Referência:
(1) DOLEIZEL, Lubomir. A poética ocidental. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 1990, pp. 22-3.


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Em geral trata-se do problema da mímesis numa comparação entre a coisa natural e a coisa cultural (que pode ser igual, pior ou melhor). Nessa comparação e relação se esquecem duas facetas essenciais. A primeira: o vigor da phýsis enquanto manifestação (phýsis: o viço dominante daquilo que brota e permanece), ou seja, é pelo próprio vigor da phýsis que se dá o agir do homem, como se o homem completasse o agir da phýsis, pois não podemos esquecer que o homem também é phýsis. A segunda relação é que a mímesis se dá enquanto linguagem, mas esta linguagem não é uma produção da mímesis, mas da própria phýsis enquanto lógos (linguagem). Assim sendo, a grande questão da mímesis eclode na questão da linguagem (sentido e verdade) e da poíesis, enquanto o agir e seu sentido e valor ético. A grande questão da mímesis em Platão está relacionada à sua concepção de verdade e da leitura da phýsis e da diánoia enquanto lógos como Eîdos. A tradução em Platão do Eîdos por ideia, e a mímesis por representação, são equívocas e não correspondem à questão que, para Platão, está em questão: o que é que no fluxo das mudanças permanece?


- Manuel Antônio de Castro


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Por que surge com Aristóteles o problema da mímesis? Simplesmente porque ele já separa os phýsei ónta dos tekhné ónta: "Os primeiros são aquilo que no seu emergir se produz a partir de si mesmo; os outros são aquilo que é produzido através da representação e do fazer humano" (1).


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. "A sentença de Anaximandro". In: Os Pré-socráticos – Os pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1978, p. 21.
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