Historiografia

De Dicionrio de Potica e Pensamento

Edição feita às 17h32min de 22 de Outubro de 2009 por Bianka (Discussão | contribs)

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"Enquanto modo de assenhoreamento técnico da história passada, a historiografia talvez constitua o muro de bloqueio que o homem moderno estratificou diante do passado vigente e da simplicidade de seu milagre" (1).


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. Heráclito. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1998, p. 206.

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A historiografia é uma parte menor da memória. Nenhuma obra de arte tem como questão central a historiografia (mesmo os romances históricos). A historiografia é sempre incidental e acidental em toda grande obra de arte. Não que não se inter-esse por ela, mas porque se centraliza sempre na memória como acontecer poético. Na e pela memória toda ficção, como "matéria vertente", se plasma, se figura na teia da vida pela ambiguidade do que foi, é e será. Não podemos simplesmente confundir historiografia com história como se faz em geral. O tempo acontecendo como memória é a história enquanto acontecer poético. A redução da memória ao tempo cronológico e seu estudo é o que se denomina historiografia.


- Manuel Antônio de Castro


Ver também:

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Um dos aspectos mais importantes do tempo como questão é a diferença entre história e historiografia. Para a história, o mais importante diz respeito ao tempo como questão. Já na historiografia o mais importante é a sucessão das representações da questão no que esta tem de mais superficial, porque vistas apenas na sucessividade ou numa determinada interpretação, como é o caso do lógos enquanto ideia e enunciado, ou seja, como "lógica gramatical". Em termos de atitude intelectual e profissional, isso é fundamental. Heidegger insiste muito nisso: "É por aprendermos isso e somente isso que aprendemos a pensar" (1).


- Manuel Antônio de Castro


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. Heráclito. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1998, pp. 285-6.

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"Perdida a dimensão originária do tempo, a historiografia fixou-se no que passou. Como se o homem fosse estático e não fundamentalmente um projeto. Só tem olhos para os fatos, os feitos. O histórico não pode ser reduzido aos fatos na medida em que não abarca o presente em tensão com o porvir. Esta dimensão integradora, essencialmente histórica, se dá no acontecimento" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. O acontecer poéticoA história literária. Rio de Janeiro: Antares, 1982, p. 42.

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"A apropriação da história pela historiografia institui o predomínio do meio, do instrumento, do suporte sobre a própria realidade. A realidade passa a padecer e a imprescindir do suporte. Esta ingênua crença no predomínio do suporte é responsável pelo simulacro de evolução que atinge, não só a história, mas toda a Cultura Ocidental" (1).


Referência:
(1) JARDIM, Antonio. Música: vigência do pensar poético. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 113.