Corpo

De Dicionrio de Potica e Pensamento

Edição feita às 19h49min de 14 de janeiro de 2009 por Diego Braga (Discussão | contribs)

Tabela de conteúdo

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A exigência moderna de se partir do ser humano, na realidade, impõe o se pensar e compreender o Entre-ser como Corpo. Este "corpo" se constitui, se figura no poder-ser, como "Entre-ser", como questões, em que as elas são poético-onto-fenologicamente o pro-jeto das possibilidades do poder-ser como disposição e compreensão. Como Entre-ser o Corpo é a Cura e as pro-curas, e reúne em-si e no para-si, como abertura dada pela Cura, "Mundo" e "Verdade". A nossa condição "corporal" é ser-no-mundo, ser-em e ser-com. Realizar o projeto do Entre-ser e o Entre-ser do projeto é realizar o poder-ser inerente ao Entre, à Cura. E isso é realizar o Corpo. Realizar o Corpo é realizar o ser-humano como Entre-ser. Tal realização se dá na medida em que o Corpo se torna obra de arte, ou seja, o sentido do Entre-ser.

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Dr. Idalmo: "...o corpo humano é como um instrumento musical que, quando afinado, tem a capacidade de produzir belas melodias. A essa música chamamos Vida, tanto em seus aspectos físicos quanto mentais e emocionais" (1). Na realidade o corpo não produz vida, mas a manifesta, porque a vida já lhe foi dada.


Referência:
(1) Informativo Tiradentes Gerais, abril de 2005, p. 4.

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As recentes descobertas da genética podem esclarecer nossa compreensão do corpo e da alma. O que Fritjof Capra afirma em Teia da vida (São Paulo: Cultrix, 2004) é que cada célula é uma parte que, em si, contém o todo. O que ocorre em micro ocorre em macro. O código genético sempre comparece e desfaz a visão tradicional metafísica, acentuada pelo cartesianismo. Capra fala de reciclagem e resíduos no processo da célula se produzir e reproduzir, produzindo o próprio código genético. Guimarães Rosa, no conto "Nada e a nossa condição" (Primeiras estórias. Rio de Janeiro: José Olympio, 1967) mostra, no final, a "cremação" do corpo/casa e depois de um ascender acima da montanha numa transfiguração misteriosa, onde luz e trevas não se distinguem, descem à Terra as cinzas. Resíduos?

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Descartes separa o ser-humano-corpo em duas realidades: res cogitans/realidade pensante e res extensa/realidade extensa. Essa divisão é a base da Modernidade, daí a dificuldade de hoje pensar o corpo como um todo. Não só isso, experienciá-lo como um todo. A argumentação da consciência, determinando não só o ser mas o próprio real/corpo só é aceitável se admitirmos a dicotomia cartesiana. Isso levou a entender a leitura apenas como um exercício racional-silêncioso ou em voz alta, mas do qual se afastou o corpo. A tripla leitura de voz-razão, música e dança procura resgatar a leitura-corpo. Mas essas três só são possíveis a partir da escuta do que se é. Neste, nunca há dicotomia cartesiana. As observações de Freud não seriam, no fundo, sobre a recusa do corpo como um todo?

Ver também


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Relacionado à questão da DOR, ver o poema de Fernando Pessoa, "Autopsicografia".
Consultar: Boff, Leonardo. Saber cuidar. 8.e. Petrópolis, Vozes, 2002.