Compreensão

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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:A compreensão do que é compreensão passa pela [[intuição]] e pela inteligência, porque ela para acontecer exige um mergulho no que se "prende", capta, a partir do que se dá para poder ser "prendido" (com-preendido) e captado, conceituado. O com-preender só acontece porque estamos nos movendo no intus-ir (intuir) e no intus-legere, no in-teligir. Esse "intus" é o dentro que se doa no "entre". Pois o "intus" se forma do "in", de onde se forma o "entre". Compreender é, pois, o prender que acontece na dinâmica do "entre", ou seja, daquilo que denominamos "intuição" (''noésis'', em grego). Mas esta está ligada à inteligência, porque ela diz o que no e a partir do "entre" se dá como sentido poético no ''lógos''.  Podemos fazer esta ligação a partir do fragmento III de Parmênides: "O mesmo é pensar e ser" (1). É nesse horizonte que se funda a inter-subjetividade, exercício e horizonte da compreensão. A compreensão é o exercício dialético intuitivo, inter-subjetivo e inteligente. Mas na inter-subjetividade enquanto diálogo, quem fala nunca é o sujeito, mas o ''lógos''. O ''lógos'' fala, não o homem. Ao homem convém escutar e corresponder.
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:A compreensão do que é compreensão passa pela [[intuição]] e pela inteligência, porque ela para acontecer exige um mergulho no que se prende, capta, a partir do que se dá para poder ser prendido (com-preendido) e captado, conceituado. O com-preender só acontece porque estamos nos movendo no intus-ir (intuir) e no intus-legere, no in-teligir. Esse ''intus'' é o dentro que se doa no entre. Pois o ''intus'' se forma do "in", de onde se forma o entre. Compreender é, pois, o prender que acontece na dinâmica do entre, ou seja, daquilo que denominamos intuição (''noésis'', em grego). Mas esta está ligada à inteligência, porque ela diz o que no e a partir do entre se dá como sentido poético no ''lógos''.  Podemos fazer esta ligação a partir do fragmento III de Parmênides: "O mesmo é pensar e ser" (1). É nesse horizonte que se funda a inter-subjetividade, exercício e horizonte da compreensão. A compreensão é o exercício dialético intuitivo, inter-subjetivo e inteligente. Mas na inter-subjetividade enquanto diálogo, quem fala nunca é o sujeito, mas o ''lógos''. O ''lógos'' fala, não o homem. Ao homem convém escutar e corresponder.
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:(1) PARMÊNIDES. ''Os pensadores originários''. Trad. Sérgio Wrublewski. Petrópolis: Vozes, 1999, p. 45.
:(1) PARMÊNIDES. ''Os pensadores originários''. Trad. Sérgio Wrublewski. Petrópolis: Vozes, 1999, p. 45.

Edição de 02h09min de 13 de Setembro de 2009

1

"Tudo que se abre para a compreensão é sustentado pelo sentido. O sentido é aquilo que pode ser articulado na abertura da compreensão, sendo esta abertura hermenêutica" (1).


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. Ser e tempo. Parte I. 4ª ed. Petrópolis: Vozes, 1993, p. 208.


2

"Nesse sentido, a compreensão é a vigência do limiar em todo o pensamento que questiona o ser ou que tem a questão do ser como o horizonte em que se dá a pergunta" (1).


Referência:
(1) AGUIAR, Werner. Música: poética do sentido. Tese de Doutorado. Faculdade de Letras da UFRJ. Programa de Pós-graduação de Ciência da Literatura. Área de Poética, 2004, pp. 15-16.


3

A compreensão do que é compreensão passa pela intuição e pela inteligência, porque ela para acontecer exige um mergulho no que se prende, capta, a partir do que se dá para poder ser prendido (com-preendido) e captado, conceituado. O com-preender só acontece porque estamos nos movendo no intus-ir (intuir) e no intus-legere, no in-teligir. Esse intus é o dentro que se doa no entre. Pois o intus se forma do "in", de onde se forma o entre. Compreender é, pois, o prender que acontece na dinâmica do entre, ou seja, daquilo que denominamos intuição (noésis, em grego). Mas esta está ligada à inteligência, porque ela diz o que no e a partir do entre se dá como sentido poético no lógos. Podemos fazer esta ligação a partir do fragmento III de Parmênides: "O mesmo é pensar e ser" (1). É nesse horizonte que se funda a inter-subjetividade, exercício e horizonte da compreensão. A compreensão é o exercício dialético intuitivo, inter-subjetivo e inteligente. Mas na inter-subjetividade enquanto diálogo, quem fala nunca é o sujeito, mas o lógos. O lógos fala, não o homem. Ao homem convém escutar e corresponder.


- Manuel Antônio de Castro


Referência:
(1) PARMÊNIDES. Os pensadores originários. Trad. Sérgio Wrublewski. Petrópolis: Vozes, 1999, p. 45.
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