Mundo

De Dicionrio de Potica e Pensamento

Edição feita às 03h32min de 15 de janeiro de 2009 por Felipe (Discussão | contribs)

Tabela de conteúdo

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Mundo é uma questão. No entanto, num real dominado pelos conceitos metafísicos, muitos são os seus adjetivos qualificativos, sem nos darmos conta de que o adjetivo já pressupõe o mundo como vigência originária. É isto o que Heidegger quer dizer que o ser-humano é um ser da facticidade. Vivermos, queiramos ou não, quer dizer vivermos já desde sempre no mundo. É impossível pensar a realidade sem mundo. É aqui que podemos citar o fragmento 30 de Heráclito: "O mundo, o mesmo em todos, nenhum dos deuses, e nenhum dos homens o fez, mas sempre foi, é e será, fogo sempre vivo, acendendo segundo a medida e segundo a medida apagando". Notemos que o pensador diz que o Mundo foi, é e será. Porém, o ser se dá enquanto verdade e enquanto verdade é que a obra de arte se constitui originariamente como Mundo e Terra. A dimensão Mundo da obra de arte não é qualqer mundo como adjetivo qualificativo, mas a própria vigência da realidade enquanto verdade e não-verdade, pois mundo está ligado à clareira, o retrair-se do ser para deixar o não-ser ser como presença: mundo.


Referência:
HERÁCLITO. trad. Emmanuel Carneiro Leão. In: Os pensadores originários. Petrópolis: Vozes, 1991, p. 67.


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Mundo é uma questão complexa e fundamental para cada viver humano. Ao longo da trajetória ocidental foram sendo constituídos diversos conceitos de mundo, ligados a concepções da realidade e do homem. Hedegger faz um comentário e levantamento desses conceitos (1). Ele toma o mundo como questão e usa inicialmente a expressão alemã: In der Welt sein (Ser, estar jogado no mundo). Indica no homem a abertura essencial para o Ser, a transcendência, aquilo que constitui o homem como homem. Um outro nome para mundo e transcendência é lógos. É nesse horizonte que se deve ler a sentença órfica:dzoion logon echon (com que se define o homem na ordem da vida)e que significa: O que constitui a essência vital do homem é a transcendência, o lógos.


Referência
(1)Cf. HEIDEGGER, Martin. Da essência do fundamento. Lisboa: Ediçõs 70, 1988, p. 42-43.

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O mundo como questão é visto por Heidegger como In der Welt sein. Mas devemos distinguir o mundo como questão e o mundo como conceito. Destes há muitos, normalmente expressos através de um adjetivo acrescentado a mundo: mundo pessoal, social, medieval etc. Por isso, Heidegger começa o levantamento dos conceitos vulgares de Mundo. Ao discutir a questão da essência do fundamento, Heidegger trata profundamente o mundo como questão em seus aspectos históricos. Mas não devemos esquecer que a questão mundo é uma das mais tratadas pelo pensador, desde Ser e tempo. Ela se torna a questão central, junto com a questão terra, para fazer uma profunda reflexão sobre o que é a arte. A questão mundo também é central no modo como Heidegger vai compreender A coisa.
Referências:
HEIDEGGER, Martin. A origem da obra de arte.Trad. Manuel Antônio de Castro e Idalina Azevedo da Silva, in: www.travessiapoetica.blogspot.com (tradução não comercializada, usada nos cursos de pós-graduação).
________________. A coisa. In: Ensaios e conferências. Petrópolis, Vozes, 2002. Cf. Heidegger, Martin. A essência do fundamento. Lisboa, Edições 70, 1988, p. 42 e 43.

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"Mundo é o acontecimento apropriador de clareira e iluminação" (1).
Referência
(1)HEIDEGGER, Martin. Ensaios e conferências. Petrópolis: Vozes, 2002, p. 244.

Iluminar

"Mundo é o acontecimento apropriador de clareira e iluminação".


Referências:
Heidegger, Martin. "Aletheia". In: Ensaios e Conferências. Petrópolis, Vozes, 2002, p. 244.

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