Método

De Dicionrio de Potica e Pensamento

Edição feita às 05h13min de 14 de janeiro de 2009 por Felipe (Discussão | contribs)

Tabela de conteúdo

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"O meu propósito não consiste aqui em ensinar o método que cada um deve seguir para bem dirigir a razão, mas sim mostrar apenas de que modo consegui dirigir a minha... Logo que terminei o curso de estudos com que é costume ser-se recebido na classe dos doutos, mudei inteiramente de opinião, pois vi-me tão embaraçado com dúvidas e erros que me pareceu não ter obtido outro proveito, ao tratar de me instruir, senão descobrir cada vez mais a minha ignorância."


Referências:
KIERKEGAARD, Sören. Temor e tremor. Lisboa: Guimarães Editores, 1998, p. 20.

2

Emmanuel Carneiro Leão precisa bem o conteúdo do método enquanto metodologia, em seu livro Aprendendo a Pensar II. Destaco, na página 164: “É necessário ter bem claro o objetivo deste fazer específico que é investigar. O objetivo estabelecido no tema determina o método, isto é, o conjunto das decisões sobre o caminho a seguir, o nível e registro a tomar, os recursos e meios a empregar, o grau e o como fazer. Decide, sobretudo, do necessário para a viagem chegar ao fim e atingir o objetivo. Pois desta definição prévia depende tudo: quem investiga, para quê, o quê, como e onde investigar!”
Referências:
LEÃO, Emmanuel Carneiro. Aprendendo a pensar II. Petrópolis, Vozes, 1992

3

A questão do método tem muitos caminhos, mas para uma hermenêutica ontológica, ele passa necessariamente pela “questão que é digna de ser pensada”, pela “questão do pensamento”. Em relação ao método diz Ernildo Stein na “Nota do Tradutor”: “Não discutiremos aqui até que ponto Heidegger terá razão quando critica e procura superar Hegel e Husserl. É, sem dúvida, simplificação resumir a filosofia de ambos na subjetividade e, conseqüentemente, na questão do método; como também é impossível pensar em separar, na “questão do pensamento”, método e questão.” Ora, Heidegger não separa método e questão, apenas não fica preso às formulações metodológicas de ambos, que acabam por configurar seu pensamento, mas Heidegger pensa o método já dentro da questão, ao pensar o círculo da circularidade perfeita, nas trilhas do pensador Heráclito. Não se pode entender método em seu aspecto formal. Por isso Heidegger fala muito em caminho e o caminho nunca está desligado da questão. Ver só como exemplo o ensaio “O caminho do campo”. Esta questão do método também é fundamental para a questão da arte.
Referências:
STEIN, Ernildo. In: Os Pensadores. Heidegger. São Paulo, Abril Cultural, 1979, p. 67

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O método, enquanto caminho, implica a verdade, porque aí caminho é, no fundo, realizar como ethos/agir o que nos é próprio. Ethos, de onde se forma a palavra ética, é o agir no horizonte do sentido do ser, onde se dá a ética, o livre agir movido pela sabedoria. Há, portanto, no método: 1-caminho; 2-ação; 3-ethos; 4-logos, como reunião de desvelamento e velamento. Portanto, tudo isso leva à alétheia (desvelamento ou verdade). verdade enquanto alétheia, a palavra grega para verdade, não pode ser confundida com verdadeiro (a que se opõe falso). A verdade se dá em tensão com a não-verdade e não com o falso. Não se pode falar de verdadeiro se já não nos movemos dentro e a partir da verdade.

5

Para as obras de arte não há um método geral e único. Quando isso ocorre, o próprio da obra de artre se retrai e fica silenciado. Toda obra de arte institui nela mesma o método ou caminho que devemos pela escuta seguir atenta e inauguralmente. Ao solicitar em primeiro lugar a escuta, a obra exige de cada leitor um caminho sempre inaugural. Por isso é que, nas leituras das grandes obras de arte, não só diferentes leituras do mesmo leitor, mas também as leituras de diferentes momentos históricos encontram sempre caminhos novos. “A Paidéia poética hölderliniana revigora a hermenêutica, pois esta admite que cada obra de arte solicita um método adequado ao princípio que articula seu corpo. O método canônico, pretensamente único e verdadeiro, tão cultuado pela metodologia *hipertrofiada* na *metodomania*, se denuncia como uma abstração que vale para tudo e coisa nenhuma.”

Referências:

Atualidade do trágico, In: SOUZA, Ronaldes de Melo e. Filosofia e literatura. Rio de Janeiro, Zahar, 2001, p.126.

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