Ausculta

De Dicionrio de Potica e Pensamento

Edição feita às 18h49min de 23 de janeiro de 2018 por Profmanuel (Discussão | contribs)

1

Ausculta é a audição que se torna audição, isto é, que se ouve como escuta. Porém toda escuta, para se tornar ausculta, pressupõe uma fala. Quem fala? A linguagem. Esta, falando e se dando a escutar, funda a ausculta, isto é, o ser humano. Tudo que é escuta, mas não necessariamente ausculta. O que é se dá em linguagem e funda a escuta e a ausculta. No homem, o Ser se destina como ausculta, a fala da linguagem. A escuta da linguagem (lógos) é a manifestação do Ser no ser humano, em que este se escutando no que fala pode e deve auscultar o Ser. A fala e a escuta sem a ausculta põem e estatuem a subjetividade. A fala e a escuta a partir da ausculta põem, instituem e constituem o humano do homem. Só então o homem é homem e só então, propriamente, o homem fala e escuta. É a vigência da ausculta da fala da linguagem do Ser.


- Manuel Antônio de Castro


2

"Ouve-me. Ouve o meu silêncio. O que falo nunca é o que falo e, sim, outra coisa. Capta a outra coisa porque eu mesmo não posso" (1). Como nos diz a pensadora-poeta Clarice, a escuta real pressupõe também silêncio. Quando tal acontece, temos o auscultar, a ausculta. Mas toda escuta do silêncio, ou ausculta, é pensar.


- [[Manuel Antônio de Castro]


Referência:
(1) LISPECTOR, Clarice. Texto publicado numa montagem artística de fotos com textos de Clarice, sem indicação da fonte.
Ferramentas pessoais