Ausculta
De Dicionrio de Potica e Pensamento
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+ | : "Ouve-me. Ouve o meu [[silêncio]]. O que falo nunca é o que falo e, sim, outra coisa. Capta a ''outra coisa'' porque eu mesmo não posso" (1). Como nos diz a pensadora-poeta Clarice, a [[escuta]] real pressupõe também [[silêncio]]. Quando tal acontece, temos o [[auscultar]], a [[ausculta]]. Mas toda [[escuta]] do [[silêncio]], ou [[ausculta]], é [[pensar]]. | ||
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+ | : (1) LISPECTOR, Clarice. Texto publicado numa montagem artística de fotos com textos de Clarice, sem indicação da fonte. |
Edição de 18h49min de 23 de janeiro de 2018
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- Ausculta é a audição que se torna audição, isto é, que se ouve como escuta. Porém toda escuta, para se tornar ausculta, pressupõe uma fala. Quem fala? A linguagem. Esta, falando e se dando a escutar, funda a ausculta, isto é, o ser humano. Tudo que é escuta, mas não necessariamente ausculta. O que é se dá em linguagem e funda a escuta e a ausculta. No homem, o Ser se destina como ausculta, a fala da linguagem. A escuta da linguagem (lógos) é a manifestação do Ser no ser humano, em que este se escutando no que fala pode e deve auscultar o Ser. A fala e a escuta sem a ausculta põem e estatuem a subjetividade. A fala e a escuta a partir da ausculta põem, instituem e constituem o humano do homem. Só então o homem é homem e só então, propriamente, o homem fala e escuta. É a vigência da ausculta da fala da linguagem do Ser.
2
- "Ouve-me. Ouve o meu silêncio. O que falo nunca é o que falo e, sim, outra coisa. Capta a outra coisa porque eu mesmo não posso" (1). Como nos diz a pensadora-poeta Clarice, a escuta real pressupõe também silêncio. Quando tal acontece, temos o auscultar, a ausculta. Mas toda escuta do silêncio, ou ausculta, é pensar.
- - [[Manuel Antônio de Castro]
- Referência:
- (1) LISPECTOR, Clarice. Texto publicado numa montagem artística de fotos com textos de Clarice, sem indicação da fonte.