Poíesis

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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:"Também a ''[[phýsis]]'', o surgir e elevar-se por si mesmo, é uma pro-dução, é ''poíesis''. A ''phýsis'' é até a máxima ''poíesis''. Pois o vigente da ''phýsis'' tem em si mesmo o eclodir da produção. Enquanto o que é pro-duzido pelo artesanato e pela arte, p. ex., o cálice de prata, não possui o eclodir da pro-dução em si mesmo, mas em um [[outro]], no artesão e no [[artista]]" (1).  
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:"Também a ''[[phýsis]]'', o surgir e elevar-se por si mesmo, é uma [[produzir|pro-dução]], é ''poíesis''. A ''phýsis'' é até a máxima ''poíesis''. Pois o vigente da ''phýsis'' tem em si mesmo o eclodir da produção. Enquanto o que é pro-duzido pelo artesanato e pela arte, p. ex., o cálice de prata, não possui o eclodir da pro-dução em si mesmo, mas em um [[outro]], no artesão e no [[artista]]" (1).  
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:Diz Ernesto Grassi "[[Platão]] diz no Symposion: '''Poíesis'' em conjunto é a [[causa]] de tudo o que transita do não-ser para o ser' (205 B 8)" (1). "Umas linhas adiante salienta que a aplicação do termo ''poíesis'' restrito à poesia é uma limitação artificiosa; ''poíesis'' é, pois, todo e qualquer ato em que algo transita do não-ser para o ser..." "''Poíesis'' possui, portanto, uma enigmática plurivalência de significados. Por um lado, é identificada com [[poesia]] verbal, servindo como exemplo que supomos excelente, da transformação do não-ser em ser. Por outro lado, nem toda ''poíesis'' é idêntica à ''[[techné]]'', pois, como acabamos de ver no Íon, a ''poíesis'' particular da poesia verbal não assenta na ''techné''; pelo contrário, é uma produção que ignora o seu próprio fundamento." Esta passagem de Grassi é muito importante para nos fazer pensar que a ''poíesis'' se realiza de muitas maneiras.  
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:Diz Ernesto Grassi "[[Platão]] diz no ''Symposion'': '''Poíesis'' em conjunto é a [[causa]] de tudo o que [[trânsito|transita]] do não-ser para o ser' (205 B 8)" (1). "Umas linhas adiante salienta que a aplicação do termo ''poíesis'' restrito à poesia é uma limitação artificiosa; ''poíesis'' é, pois, todo e qualquer ato em que algo transita do não-ser para o ser...". "''Poíesis'' possui, portanto, uma enigmática plurivalência de significados. Por um lado, é identificada com [[poesia]] verbal, servindo como exemplo que supomos excelente, da transformação do não-ser em ser. Por outro lado, nem toda ''poíesis'' é idêntica à ''[[techné]]'', pois, como acabamos de ver no Íon, a ''poíesis'' particular da poesia verbal não assenta na ''techné''; pelo contrário, é uma produção que ignora o seu próprio fundamento." Esta passagem de Grassi é muito importante para nos fazer pensar que a ''poíesis'' se realiza de muitas maneiras.  

Edição de 23h15min de 22 de março de 2009

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"Também a phýsis, o surgir e elevar-se por si mesmo, é uma pro-dução, é poíesis. A phýsis é até a máxima poíesis. Pois o vigente da phýsis tem em si mesmo o eclodir da produção. Enquanto o que é pro-duzido pelo artesanato e pela arte, p. ex., o cálice de prata, não possui o eclodir da pro-dução em si mesmo, mas em um outro, no artesão e no artista" (1).


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. Ensaios e conferências. Petrópolis: Vozes, 2002, p. 16.


2

Diz Ernesto Grassi "Platão diz no Symposion: 'Poíesis em conjunto é a causa de tudo o que transita do não-ser para o ser' (205 B 8)" (1). "Umas linhas adiante salienta que a aplicação do termo poíesis restrito à poesia é uma limitação artificiosa; poíesis é, pois, todo e qualquer ato em que algo transita do não-ser para o ser...". "Poíesis possui, portanto, uma enigmática plurivalência de significados. Por um lado, é identificada com poesia verbal, servindo como exemplo que supomos excelente, da transformação do não-ser em ser. Por outro lado, nem toda poíesis é idêntica à techné, pois, como acabamos de ver no Íon, a poíesis particular da poesia verbal não assenta na techné; pelo contrário, é uma produção que ignora o seu próprio fundamento." Esta passagem de Grassi é muito importante para nos fazer pensar que a poíesis se realiza de muitas maneiras.


- Manuel Antônio de Castro


Referência:
(1) Arte e Mito. Lisboa: Livros do Brasil, s/d, p. 81.
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