Questão
De Dicionrio de Potica e Pensamento
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- | + | :(1) HEIDEGGER, Martin. ''O que é uma coisa?'' Lisboa: Edições 70, 1992, p. 58. | |
- | + | :(2) Idem, p. 58. | |
- | + | :(3) Idem, p. 58. | |
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Edição de 22h03min de 26 de janeiro de 2009
1
- Há cinco questões básicas: phýsis, tempo, linguagem, memória, história. Não basta dizer que não sabemos o que são e que mantêm entre si uma referência fundamental. Não basta tomar o caminho do não-saber como possibilidade de todo saber. Não basta falar das experienciações. Tudo isso é válido. Diz Heidegger: "O que se disse acerca do caráter histórico da questão 'que é uma coisa?' é válido para qualquer questão de filosofia, que colocamos hoje ou no futuro, admitindo, certamente, que a filosofia é um questionar que se põe a si mesmo em questão e que, em conseqüência, se movimenta, sempre e em toda a parte em círculo" (1). Para fugir da linearidade causal da historiografia, do tempo, da memória é necessário ter presente, por exemplo, que quando se pergunta: O que é a história? Esta pergunta não se pode responder através de dados historiográficos. A historiografia já pressupõe que de antemão se defina o seu objeto e o seu método. A historiografia nunca pergunta pelo isto que ela é. Quando pergunta, deixa de ser historiografia e passa a ser "filosofia". Por isso, a experiência da História como conhecimento e como experienciação do que é História são diferentes. Na História (experienciação) há um acontecer. Na historiografia há uma experiência como conhecimento. Aí já se inclui a phýsis (Res/real) o tempo, a linguagem, a memória.
- Referência:
- (1) HEIDEGGER, Martin. O que é uma coisa?. Lisboa: Edições 70, 1992, p. 54.
2
- Não tenho certezas nem incertezas. Sou possuído pelas questões.
3
- "Como a palavra querer, também as palavras questão, questionar e questionamento vêm do latim: quaerere. Quaerere significa: empenhar-se na busca e na procura do que não se tem, por já se ter e para se vir a ter"(1).
- (1)LEÃO, Emmanuel Carneiro. Aprendendo a pensar I. Petrópolis, Vozes: 1977, p. 44.
4
- Não questionamos porque agimos logicamente. Só podemos agir logicamente porque já somos desde sempre questão. E então esta, enquanto o isto da Essência do homem, quer dizer, pelo simples fato de questionarmos - perguntarmos, que já estamos lançados e vigoramos no e a partir do Logos. Questionar é pensar. "O pensamento con-suma a referência do Ser à Essência do homem. Não a produz nem a efetua. O pensamento apenas a restitui ao Ser como algo que lhe foi entregue pelo próprio Ser. Essa restituição consiste em que no pensamento o Ser se torna linguagem. A linguagem é a Casa do ser"(1). A linguagem é o Lógos. Como a questão não somos nós que temos a Linguagem. Mas é a Linguagem que nos tem. A linguagem fala, não o homem.
- (1)HEIDEGGER, Martin.Carta sobre o humanismo. Trad. Emmanuel Carneiro Leão. Rio, Tempo Brasileiro, 1967, p. 24.
5
- "Ao doar-se da physis, da realidade, no homem enquanto mito, poesia, pensamento, filosofia e o místico enquanto mistério, é o que denominamos questões. Não é o homem que tem as questões, são estas que têm e constituem o homem. Ao narrar mitos e ao escreverem-se obras poéticas, nelas e por elas as questões se tornam obras-questões-mitos do real no homem" (1).
- Referência
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. Permanência e atualidade da Poética. In: Revista Tempo Brasileiro, 171, out.-dez., 2007, p. 12.
Ver também
6
- Heidegger procura mostrar a relação entre questão e realidade de uma maneira constante. Os nossos olhos e ouvidos conduzidos pelo senso comum ou pelas certezas dos sistemas epistemológicos não se abrem para a questão das questões. E, para isso, se serve, no início do livro O que é uma coisa?, da passagem do Teeteto de Platão quando fala da criada Trácia a propósito de Tales. Quem é a criada Trácia hoje? Por isso ele afirma: "Quando não suscitamos a questão e não reparamos nela, as conseqüências são as mesmas. Quando não vemos a placa de aviso num fio de alta tensão e nos encostamos nele, morremos. Quando não reparamos na questão "que é uma coisa?", "nada acontece". (1) E ele continua: "Quando um professor interpreta um poema para seus alunos de um modo inadequado, nada acontece". (2) Mas talvez seja bom falarmos aqui cautelosamente: dá a impressão de que nada mais acontece quando não reparamos na questão a ser cada coisa e na interpretação insuficiente do poema. Um dia - talvez daqui a cinqüenta ou cem anos - acontecerá não obstante, qualquer coisa".
- Referências:
- (1) HEIDEGGER, Martin. O que é uma coisa? Lisboa: Edições 70, 1992, p. 58.
- (2) Idem, p. 58.
- (3) Idem, p. 58.