Alétheia

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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Edição de 01h54min de 12 de Julho de 2016

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Há uma ligação entre o radical etimológico de alétheia e os verbos lanthánomai - esquecer-se e lanthánein estar oculto. O radical é o mesmo na alternância vocálica: leth/lath. Esse mesmo radical aparece no verbo latino latere: estar latente, oculto, seguro. O radical de a-létheia reúne os dois sentidos, porque nele ressoa uma experiência originária da realidade enquanto não-verdade/não-desvelamento da verdade/desvelamento, isto é, a-létheia. Esta palavra forma-se de alethés, isto é, a privativo + leth/lath. Então temos com o alpha privativum respectivamente o sentido de lembrar-se e esquecer-se.


- Manuel Antônio de Castro

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Ao ler na ficha 1 a formação etimológica da palavra "a-létheia", não se propõe aí um mero exercício filológico. O que se pede para o leitor é uma abertura para a questão da "a-létheia", da verdade. Tal abertura para a questão da verdade só acontece quando houver uma experienciação de pensamento ligada à referência entre cada leitor e o ser. A alteração do sentido das palavras remetendo simplesmente para sua origem é inútil e não desfaz os conceitos herdados da sofística metafísica e retórica. Não adianta simplesmente trocar o uso da palavra "verdade" por "desvelamento" ou "abertura" se não houver essa experienciação de pensamento, pois diz Heidegger a propósito de autores que leram sobre a etimologia de verdade: "[...] na frase seguinte onde se escreve sobre a 'verdade', fica evidente que se mantém a representação da essência da verdade ditada por algum manual moderno de epistemologia, deixando inalterada e intocada a essência da alétheia" (1).


- Manuel Antônio de Castro


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. Heráclito. Trad. Marcia Sá Cavalcante Schuback. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1998, p.115.


Ver também:

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Uma vez que a aletheia é a experienciação do real como linguagem, a verdade recebe diferentes interpretações, atrás das quais se faz ouvir o grito do silêncio de toda aletheia, porque esta não é nem pode ser algo que cale as experienciações do real e da linguagem, na medida em que elas sempre acontecem como aletheia. Real, linguagem e aletheia dizem sempre o mesmo diferente de si mesmo.


- Manuel Antônio de Castro
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