Pintura
De Dicionrio de Potica e Pensamento
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- | - | + | - [[Manuel Antônio de Castro]] |
: (1) HEIDEGGER, Martin. "A teoria platônica da Verdade". In:___. ''Marcas do caminho''. Petrópolis: Vozes, 2008, p. 215-250. | : (1) HEIDEGGER, Martin. "A teoria platônica da Verdade". In:___. ''Marcas do caminho''. Petrópolis: Vozes, 2008, p. 215-250. |
Edição de 15h19min de 21 de Abril de 2009
- Sem dúvida nenhuma a linguagem do pintor é a cor. Mas o que é isto - a cor? Não é que a cor se torne linguagem. A cor já é linguagem, porém sua manifestação está ligada a duas dimensões fundamentais: O que se dá a ver no ver e no brilhar, que podemos olhar e ver ou olhar e não-ver. Por isso, no ensaio de Heidegger: "A teoria platônica da verdade" (1), há uma passagem em que diz que o olho é conatural (originário do) ao Sol (helioeidés). Mas o Sol que tudo ilumina e origina não se pode ver. Se o tentarmos VER ficaremos cegos. E Édipo só viu quando ficou cego ou ficou cego porque viu, isto é, renunciou à sua vontade. A segunda dimensão diz respeito ao pintor: ele é aquele que na COR (e seu brilhar) vê o Sol e o manifesta enquanto OBRA/VERDADE. Não ele como sujeito, mas o Sol se fazendo poeticamente linguagem no operar desta nele. A linguagem fala, não o homem. O pintor só fala quando responde e corresponde ao apelo da Linguagem do Sol: a cor. Não há PERSPETIVA para o pintor sem horizonte/limite e não-limite (fronteira), e não há horizonte sem LUZ/SOL. Eis aí a criação do artista-pintor: deixar o SOL deslimitar as fronteiras liminares do ser humano e do Ser na luminosidade da linguagem da cor enquanto obra. A obra operando é o Ser sendo enquanto verdade e mundo. Pintura é Terra, é mundo.
- Manuel Antônio de Castro
- (1) HEIDEGGER, Martin. "A teoria platônica da Verdade". In:___. Marcas do caminho. Petrópolis: Vozes, 2008, p. 215-250.