Alétheia
De Dicionrio de Potica e Pensamento
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- | : - Manuel Antônio de Castro | + | : - [[Manuel Antônio de Castro]] |
Edição de 18h43min de 17 de Abril de 2009
1
- Há uma ligação entre o radical de alétheia e os verbos esquecer-se e ocultar-se. Temos os verbos lanthánomai - esquecer-se e lanthánein - estar oculto. O radical é o mesmo na alternância vocálica: leth/lath. Esse mesmo radical aparece no verbo latino latere: estar latente, oculto, seguro. O radical de a-letheia reúne os dois sentidos, porque nele ressoa uma experiência originária da realidade enquanto não-verdade/não-desvelamento da verdade/desvelamento, isto é, a-letheia.
2
- A etimologia de alétheia revela um duplo sentido: o primeiro é mostrar-se e lembrar-se; o segundo é ocultar-se e esquecer-se. Alétheia, de alethés: a- privativum + leth, lath, a que se reportam lanthánomai - esquecer-se - e lanthánein: estar oculto, e o latim latere (estar latente). A eclosão da verdade do ser implica a co-participação da latência do desvelamento (alétheia) e da latência do velamento (léthe).
3
- Ao ler acima a formação e etimologia da palavra "a-létheia", não se propõe aí um mero exercício etimológico e filológico. O que se pede para o leitor é uma abertura para a questão da "a-létheia". Tal abertura para a questão só acontece quando houver uma experienciação de pensamento ligada à referência entre cada leitor e o ser. A alteração do sentido das palavras é inútil e não desfaz os conceitos herdados da sofística metafísica e retórica. Não adianta simplesmente trocar o uso da palavra "verdade" por "desvelamento" ou "abertura" se não houver essa experienciação de pensamento, pois diz Heidegger: "... na frase seguinte onde se escreve sobre a "verdade", fica evidente que se mantém a representação da essência da verdade ditada por algum manual moderno de epistemologia, deixando inalterada e intocada a essência da "alétheia" " (1).
- Referência:
- (1) HEIDEGGER, Martin. Heraclito. Trad. Marcia Sá Cavalcante Schuback. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1998, p.115.