Signo

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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:O que é o signo? Até onde vai sua consistência, sua substância? Não podemos achar que por o signo ser algo este algo que é no signo de seus traços. Por exemplo, numa fala, não são os traços fônicos que constituem o que o signo é. Quando assim é considerado, acontece uma dupla abstração. A primeira diz respeito à relação dentro da qual qualquer signo é signo. Cada signo é não só signo de, mas também é signo para alguém. A segunda abstração é mais profunda, porque originada na metafísica. O signo como tal se constitui como significado a partir da linguagem mas dentro da linguagem como um código. A primeira abstração consiste em considerar o signo como signo sem o código. Já a segunda silencia o sentido. Porém é na sintaxe poética do sentido que o signo é signo. Ou seja, a partir do sentido que funda o signo, o eu que o usa e o para quê o usa (supondo implicitamente sempre um outro eu) é que o signo se pode tornar significado. O sentido é a linguagem. O significado é o uso da linguagem como instrumento comunicativo. a semiologia trata do signo como signo ou seja da linguagem como instrumento. Por isso jamais ela pensa o velado do véu que é todo signo. A semiologia vive as peripécias do véu sem pensar o vazio insignificado e insignificante do silêncio como sentido de todo significado. A semiologia como estudo e ciência do significado diz respeito aos traços concretizantes na medida em que estes constituem correntes de significados mas sem jamais se voltar para a nascente, sentido de todo rio e correnteza. A semiologia chega até à ambigüidade do véu mas sem jamais adentrar a ambigüidade do velado, porque aí deixaria de ser semiologia como significado de códigos para ser um pensar a poesia como sentido da linguagem, o que em todo desvelamento se vela.
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:O signo é um [[véu]]. O véu é um signo. Mas véu e signo só signam e velam a partir do assinalado e do velado que se doa como signo e véu na [[clareira]]. A partir da clareira, o velar se [[doação|doa]] como véu e signo o que se desvela como assinalar e ao mesmo tempo assinala o velar como véu. O signo e o véu não são ''[[homoíosis]]'' de nada. O des-velo e excessividade amorosa do [[nada]] é que se presentifica como signo e véu. Nesse sentido, a partir do nada, o signo e o véu são criptofânicos. É o que nos diz Heráclito no frag. 123: "''Phýsis krýptesthai phileî''". A ''[[phýsis]]'' se vela no [[desvelo]]. Nesta criptofania amorosa recebe o véu e o signo não só seu significado mas também seu sentido, pois não há significado nem sentido como não há figura/imagem sem vazio. É o que nos mostra o mito de Cura. Há por isso uma semiologia gramático-formal e há também uma semio-poiesis. Uma trata dos significados formais do código. A outra ausculta o sentido da linguagem do código. O signo e o véu guardam (''bewahren'') como signo e véu o desvelamento (verdade) que se vela (não-verdade). Mas então não serão signos e véus como ''homoiosis'', mas obras de arte (''poiesis'').
:- [[Manuel Antônio de Castro]]
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:O signo é um véu. O véu é um signo. Mas véu e signo só signam e velam a partir do assinalado e do velado que se doa como signo e véu na clareira. A partir da clareira, o velar se doa como véu e signo o que se desvela como assinalar e ao mesmo tempo assinala o velar como véu. O signo e o véu não são ''homoiosis'' de nada. O des-velo e excessividade amorosa do Nada é que se presentifica como signo e véu. Nesse sentido, a partir do Nada, o signo e o véu são criptofânicos. É o que nos diz Heráclito no frag. 123: "''Physis kryptesthai philei''". A ''phýsis'' se vela no desvelo. Nesta criptofania amorosa recebe o véu e o signo não só seu significado mas também seu sentido, pois não há significado nem sentido como não há figura/imagem sem vazio. É o que nos mostra o mito de Cura. Há por isso uma semiologia gramático-formal e há também uma semio-poiesis. Uma trata dos significados formais do código. A outra ausculta o sentido da linguagem do código. O signo e o véu guardam (bewahren) como signo e véu o desvelamento (verdade) que se vela (não-verdade). Mas então não serão signos e véus como ''homoiosis'', mas obras de arte (''poiesis'').
 
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:"O vigor da linguagem é a saga do dizer enquanto o mostrante. O seu mostrar não se funda num signo. Todos os signos é que surgem de um mostrar, em cujo âmbito e para o qual os signos podem existir".  
:"O vigor da linguagem é a saga do dizer enquanto o mostrante. O seu mostrar não se funda num signo. Todos os signos é que surgem de um mostrar, em cujo âmbito e para o qual os signos podem existir".  
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:Referência:
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:(1) HEIDEGGER, Martin. ''A camminho da linguagem''. Petrópolis: Vozes, 2003, p.203.
:(1) HEIDEGGER, Martin. ''A camminho da linguagem''. Petrópolis: Vozes, 2003, p.203.
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== Ver também ==
 
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*[[Conotação]]
 
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*[[Linguagem]]
 
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*[[Véu]]
 
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*[[Manifestação]]
 

Edição de 00h32min de 25 de janeiro de 2009

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Conotação é o signo que, como significante e significado, além deste significado enquanto denotação, ainda tem um outro significado não diretamente notado e assinalado, mas que se dá na reunião da realidade denotada com a realidade conotada. Etimologicamente tanto denotação como conotação são sím-bolos. O signo (obra-texto) representação que é um objeto e que como significante, além do seu significado enquanto representação, ainda tem uma outra representação que é o símbolo. Se o signo está mais diretamente ligado a sintomas, enquanto corpo que procura a linguagem: psicanálise concebida como sintoma e signo, o objeto-representação está mais diretamente ligado à imaginação que procura a realidade. Resta a questão: sintoma é, mas de que é sintoma? Imaginação é, mas de que é imaginação? Signo é, mas de que é significante e significado? Símbolo é, mas de que é símbolo? Como ficam todos esses conceitos se o que é se mostrando como aparecimento e aparência é e não é, como é e como não é?


- Manuel Antônio de Castro

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O signo é um véu. O véu é um signo. Mas véu e signo só signam e velam a partir do assinalado e do velado que se doa como signo e véu na clareira. A partir da clareira, o velar se doa como véu e signo o que se desvela como assinalar e ao mesmo tempo assinala o velar como véu. O signo e o véu não são homoíosis de nada. O des-velo e excessividade amorosa do nada é que se presentifica como signo e véu. Nesse sentido, a partir do nada, o signo e o véu são criptofânicos. É o que nos diz Heráclito no frag. 123: "Phýsis krýptesthai phileî". A phýsis se vela no desvelo. Nesta criptofania amorosa recebe o véu e o signo não só seu significado mas também seu sentido, pois não há significado nem sentido como não há figura/imagem sem vazio. É o que nos mostra o mito de Cura. Há por isso uma semiologia gramático-formal e há também uma semio-poiesis. Uma trata dos significados formais do código. A outra ausculta o sentido da linguagem do código. O signo e o véu guardam (bewahren) como signo e véu o desvelamento (verdade) que se vela (não-verdade). Mas então não serão signos e véus como homoiosis, mas obras de arte (poiesis).


- Manuel Antônio de Castro

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"O vigor da linguagem é a saga do dizer enquanto o mostrante. O seu mostrar não se funda num signo. Todos os signos é que surgem de um mostrar, em cujo âmbito e para o qual os signos podem existir".


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. A camminho da linguagem. Petrópolis: Vozes, 2003, p.203.
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