Sentidos

De Dicionrio de Potica e Pensamento

(Diferença entre revisões)
Linha 15: Linha 15:
:(1) HEIDEGGER, Martin. ''De l'essence de la vérité''. Paris: Gallimard, 2001.
:(1) HEIDEGGER, Martin. ''De l'essence de la vérité''. Paris: Gallimard, 2001.
 +
 +
 +
== 3 ==
 +
: Há o universal abstrato e o universal concreto. Os sentidos se fazem presentes no universal concreto, mas não são os sentidos tomados racionalmente. Há nos sentidos o lado, a dimensão emocional, esta não pode ser tomada como o oposto do racional, ou seja, o universal abstrato. Ela remete muito mais para o aspecto criativo, para a dimensão imaginária. Mas também esta pode ser entendida equivocadamente. Não significa algo inventado, projetado em oposição "às coisas". Pelo contrário, são as "coisas" mesmas, em seu aspecto real e concrescente. Isso é o [[imaginário]]. É a physis se manifestando como logos, como sentido e verdade, tanto mais quanto se desvelando se vela, se figurando se retrai no vazio. Todo imaginário nasce e vigora no vazio, no silêncio. À circunscrição das "coisas" como sentido e verdade é que constituem os valores, daí os valores estarem ligados à manifestação, à criação. Criar é manifestar valores. Por isso os valores não advêm das relações, das funções. O valor liberta, a função sistematiza. As "coisas", apreendidas em funções, estabelecem os valores do sistema. Os valores crescem no vigor da "dzoé", ou seja, da physis enquanto acontecer apropriante de desvelamento e velamento.

Edição de 17h27min de 9 de janeiro de 2009

1

Os sentidos sentem o que a physis doa ao sentir e ao sentente. Este logos e esta poiesis da physis no sentir dos sentidos é que "fazem" com que uma nova sinfonia seja muito mais e algo completamente diferente do que uma sucessão de seus ordenados formalmente e que uma "análise" físico-acústica pode calcular e medir. Em tais conhecimentos formais ou físico-acústicos se auto-determinam e jamais podem fundar ou analisar o sentir e o seu sentido ético-poético. Até porque o sentido ético-poético se dá a partir da physis se manifestando na clareira criptofânica de desvelamento e velamento, de som e silêncio. Até porque este ou aquele sentido nunca pode ser isolado a não ser abstratamente, conceitualmente. Até porque todo sentido só pode ser sentido do corpo em sua tripla dimensão.


Referência:
(1) Cf. ficha "Corpos/dzóe".


2

Numa mentalidade positivista como a que a ciência do século XIX criou, a determinação do real é vista, geralmente, como sendo feita pelos sentidos. Contudo, aí não se vê o círculo vicioso em que se move essa determinação: o real é determinado e configurado pelos sentidos que, por sua vez, já são sentidos, ditos e pensados/racionalizados pela realidade. Não se nota que o círculo pressupõe já o manifestar do que os sentidos apreendem e até a razão que os caracteriza além de terem de ser "ditos", ou seja, a Linguagem os precede. A questão do real só passa pelos sentidos se: a) nos abirmos para o que se manifesta para os sentidos sentirem; b) os sentidos são sentidos do real que também se manifesta, não nos sentidos, mas também como sentidos; c) a linguagem que "dita" o alcance dos sentidos; d) os sentidos do sentir. A tensão realidade e sentido traz em si e se move já na questão da verdade (1). Nesse livro, o autor interpreta o Mito da Caverna e algumas passagens do Teeteto, de Platão. É um Platão novo e originário que surge. A grande questão do sentido inerente ao "eidos" platônico está correlacionada à questão dos sentidos, especialmente do VER.


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. De l'essence de la vérité. Paris: Gallimard, 2001.


3

Há o universal abstrato e o universal concreto. Os sentidos se fazem presentes no universal concreto, mas não são os sentidos tomados racionalmente. Há nos sentidos o lado, a dimensão emocional, esta não pode ser tomada como o oposto do racional, ou seja, o universal abstrato. Ela remete muito mais para o aspecto criativo, para a dimensão imaginária. Mas também esta pode ser entendida equivocadamente. Não significa algo inventado, projetado em oposição "às coisas". Pelo contrário, são as "coisas" mesmas, em seu aspecto real e concrescente. Isso é o imaginário. É a physis se manifestando como logos, como sentido e verdade, tanto mais quanto se desvelando se vela, se figurando se retrai no vazio. Todo imaginário nasce e vigora no vazio, no silêncio. À circunscrição das "coisas" como sentido e verdade é que constituem os valores, daí os valores estarem ligados à manifestação, à criação. Criar é manifestar valores. Por isso os valores não advêm das relações, das funções. O valor liberta, a função sistematiza. As "coisas", apreendidas em funções, estabelecem os valores do sistema. Os valores crescem no vigor da "dzoé", ou seja, da physis enquanto acontecer apropriante de desvelamento e velamento.
Ferramentas pessoais