Finito

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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:O problema e densidade do finito ficam bem claros quando fazemos uma escuta do pensamento de Platão, não reduzido a conceitos pelo [[platonismo]]. "Da separação metafísica da finitude sensível e da infinitude inteligível decorrem as oposições antagônicas do corpo e da alma, da matéria e do espírito." (1) O universal [[abstrato]], o conceito, é a infinitude inteligível. "No pensamento criticamente irônico de F. Schlegel, o finito sensível e o infinito inteligível são dois pólos de uma mesma unidade polarizada. Tese e antítese constituem a tensão polar da aparência finita e da idéia infinita." (2) É importante distinguir o que Platão nos propõe como questão do que posteriormente foi reduzido a conceitos. A redução do pensamento de Platão à [[epistemologia]] medieval e moderna faz com que o seu pensamento seja reduzido a dicotomias, quando ele nos propõe um pensamento ambíguo, como por exemplo, no uso das palavras gregas ''[[diánoia]]'' e ''[[éidos]]'', de profunda densidade ambígua. Como traduzir tais palavras gregas, que se contextualizam dentro de um uso cotidiano e ao mesmo tempo dentro do pensamento original de Platão? Por exemplo, se entendemos ''diánoia'' como entre-percepção, tudo se torna bem mais complexo do que uma simples leitura epistemológica. Cf. HEIDEGGER, Martin. ''De l'éssence de la vérité''. Paris: Gallimard, 2001.
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:O problema e densidade do finito ficam bem claros quando fazemos uma escuta do pensamento de Platão, não reduzido a conceitos pelo [[platonismo]]. "Da separação metafísica da finitude sensível e da infinitude inteligível decorrem as oposições antagônicas do corpo e da alma, da matéria e do espírito." (1) O universal [[abstrato]], o conceito, é a infinitude inteligível. "No pensamento criticamente irônico de F. Schlegel, o finito sensível e o infinito inteligível são dois pólos de uma mesma unidade polarizada. Tese e antítese constituem a tensão polar da aparência finita e da ideia infinita." (2) É importante distinguir o que Platão nos propõe como questão do que posteriormente foi reduzido a conceitos. A redução do pensamento de Platão à [[epistemologia]] medieval e moderna faz com que o seu pensamento seja reduzido a dicotomias, quando ele nos propõe um pensamento ambíguo, como por exemplo, no uso das palavras gregas ''[[diánoia]]'' e ''[[éidos]]'', de profunda densidade ambígua. Como traduzir tais palavras gregas, que se contextualizam dentro de um uso cotidiano e ao mesmo tempo dentro do pensamento original de Platão? Por exemplo, se entendemos ''diánoia'' como entre-percepção, tudo se torna bem mais complexo do que uma simples leitura epistemológica. Cf. HEIDEGGER, Martin. ''De l'éssence de la vérité''. Paris: Gallimard, 2001.

Edição de 20h44min de 29 de março de 2009

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O problema e densidade do finito ficam bem claros quando fazemos uma escuta do pensamento de Platão, não reduzido a conceitos pelo platonismo. "Da separação metafísica da finitude sensível e da infinitude inteligível decorrem as oposições antagônicas do corpo e da alma, da matéria e do espírito." (1) O universal abstrato, o conceito, é a infinitude inteligível. "No pensamento criticamente irônico de F. Schlegel, o finito sensível e o infinito inteligível são dois pólos de uma mesma unidade polarizada. Tese e antítese constituem a tensão polar da aparência finita e da ideia infinita." (2) É importante distinguir o que Platão nos propõe como questão do que posteriormente foi reduzido a conceitos. A redução do pensamento de Platão à epistemologia medieval e moderna faz com que o seu pensamento seja reduzido a dicotomias, quando ele nos propõe um pensamento ambíguo, como por exemplo, no uso das palavras gregas diánoia e éidos, de profunda densidade ambígua. Como traduzir tais palavras gregas, que se contextualizam dentro de um uso cotidiano e ao mesmo tempo dentro do pensamento original de Platão? Por exemplo, se entendemos diánoia como entre-percepção, tudo se torna bem mais complexo do que uma simples leitura epistemológica. Cf. HEIDEGGER, Martin. De l'éssence de la vérité. Paris: Gallimard, 2001.


- Manuel Antônio de Castro


Referências:
(1) SOUZA, Ronaldes de Melo e. "Introdução à poética da Ironia". In: Linha da Pesquisa, n. 1, v.1, 2000, p.32.
(2) Idem, p.33.