Eu
De Dicionrio de Potica e Pensamento
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Edição de 00h06min de 19 de Novembro de 2013
1
- "...todos os romances de todos os tempos se voltam para o enigma do eu. Desde que você cria um ser imaginário, um personagem, fica automaticamente confrontado com a questão: o que é o eu? Como o eu pode ser apreendido? É uma dessas questões fundamentais sobre as quais o romance como tal se baseia. Pelas diferentes respostas a esta questão, se você quiser, pode distinguir diferentes tendências e, talvez, diferentes períodos na história do romance" (1).
- Referência:
- (1) KUNDERA, Milan. A arte do romance. São Paulo: Companhia das Letras, 1988, p. 27.
2
- "A busca do eu sempre terminou e terminará sempre por uma insatisfação paradoxal. Não digo fracasso. Pois o romance não pode ultrapassar os limites de suas próprias possibilidades, e a revelação destes limites já é uma imensa descoberta, uma imensa proeza cognitiva. Não obstante, depois de ter tocado o fundo que implica a exploração detalhada da vida interior do eu, os grandes romancistas começaram a procurar, consciente ou inconscientemente, uma nova orientação" (1).
- Referência:
- (1) KUNDERA, Milan. A arte do romance. São Paulo: Companhia das Letras, 1988, p. 27.
3
- "Mas a busca do eu termina, mais uma vez, por um paradoxo: quanto maior é a ótica do microscópio que observa o eu, mais o eu e sua unicidade nos escapam: sob a grande lente joyciana que decompõe a alma em átomos, somos todos parecidos. Mas se o eu e seu caráter único não são atingíveis pela vida interior do homem, onde e como podemos atingi-los?" (1).
- Referência:
- (1) KUNDERA, Milan. A arte do romance. São Paulo: Companhia das Letras, 1988, p. 28.
4
- "Eu não sei o que sou, eu não sou o que sei: / Uma coisa e não-coisa, um ponto e um círculo" (1).
- Referência:
- (1) SILESIUS, Angelus. Angelus Silesius - a meditação do nada. Seleção e organização de Hubert Lepargneur e Dora Ferreira da Silva. São Paulo: T.A. Queiroz, Editor, 1986, p. 68.