Diálogo

De Dicionrio de Potica e Pensamento

Edição feita às 21h35min de 29 de março de 2009 por Andre (Discussão | contribs)

1

Podemos falar no diálogo de quatro instâncias: o eu, o outro, o lógos, o diá-. O lógos funda então os três diálogos. Porém, no diálogo há algo bem mais complexo. Podemos então considerar seis instâncias:
1ª Essência: do diálogo como disputa (1), (2);
2ª Essência: da obra de arte como disputa dialógica;
3ª Essência: do pensamento como diálogo (disputa entre as diferentes obras dos pensadores);
4ª Essência: do pensamento como diálogo/disputa com: a) Phýsis/Ser; b) Ser-humano; c) Arte;
5ª Essência: da poíesis como diálogo de disputa de poíesis e pensamento, ou seja, poesia pensante e pensamento poético;
6ª Essência: do ponto de vista do ser-humano, o agir dele no fazer obras ou desvelar, como diálogo/disputa. Então aqui o Diálogo se dá como Leitura. O interpretar é, portanto, um diálogo ético, porque todo interpretar é um interpretar-se pela escuta do lógos. Frag. 53, de Heráclito: "De todas as coisas a guerra é pai, de todas as coisas é senhor; a uns mostrou deuses, a outros, homens; de uns fez escravos, de outros, livres" (3).


- Manuel Antônio de Castro


Referências:
(1)HEIDEGGER, Martin. A origem da obra-de-arte. Trad. Idalina Azevedo da Silva e Manuel Antonio de Castro. Lisboa: Edições 70, 2008.
(2)Fragmento 53 em: HERÁCLITO. trad. Emmanuel Carneiro Leão. In: Os pensadores originários. Petrópolis: Vozes, 1991.
(3)Idem, p. 73.

2

"Ninguém pode fazer uso do que os outros são, nem mesmo uso mental" (1).


Referências:
(1) LISPECTOR, Clarice. Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres. 4. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1974, p. 62.

3

Há a passagem nº III do ensaio de Heidegger: "Hölderlin et l'essence de la poésie", onde Heidegger discute a essência do diálogo, a partir de verso do Hölderlin: "Depuis que nous sommes un dialogue. Et que nous pouvons ouir les uns les autres." Há aí o grande tema da escuta e da fala ligado ao diálogo.


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. Approche de Hölderlin. Paris: Gallimard, 1973, p. 48.

4

Souza faz uma reflexão sobre o EU: a questão do olhar ("O olho não vê a si mesmo") e a questão do espelho. Vê, também, a relação sujeito e objeto enquanto projeção do eu.


Referências:
(1) SOUZA, Ronaldes de Melo e. "Introdução à poética da ironia". In: Linha de pesquisa. Revista de Letras da UVA, Rio de Janeiro, Ano I, No. 1, out. de 2000, p. 34 e 35.


5

"De um diálogo faz parte que seu falar fale do mesmo e isso de um pertencer ao mesmo."

"O pensar, porém, é o poematiza da verdade do ser no diálogo historial dos pensadores."


Referências:
(1) HEIDEGGER, Martin. "A sentença de Anaximandro". In: Pré-Socráticos. Coleção Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1978, p.25.
(2) ibidem, p.47.

6

É do diálogo que seu falar fale do mesmo. E isso a partir de um co-pertencimento ao mesmo dos dialogantes. Na palavra portuguesa diálogo, o mesmo é o próprio logos, ou seja, a Linguagem enquanto mundo e memória. Só porque co-pertencemos ao logos e ele fala é que, se escutarmos, podemos dialogar, na medida em que a fala, como identidade, funda as diferenças de eu e tu, de masculino e feminino, de ser e não-ser. É no sentido do mesmo que a Linguagem é a mãe de todas as línguas.

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