Contemporaneidade

De Dicionrio de Potica e Pensamento

Edição feita às 19h49min de 3 de março de 2009 por Patricia Marouvo (Discussão | contribs)
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"Cada invenção tenta desesperadamente ser a alternativa. No entanto, em geral, para ser uma alternativa, sempre se observa uma carência do alter-, e uma sobra, mesmo que nem sempre considerada, do -nativa. Na tentativa do estabelecimento do novo, que toda a contemporaneidade, a seu modo, almeja, o empecilho é sempre a dificuldade na admissão do outro. A alternativa é sempre postulada desde uma atualização do próprio, desde uma atualitas, desde um tornar ato, desde um aperfeiçoamento dos modos de antemão previstos, racionalizados, calculados e prescritos. Assim, o novo raramente consegue realizar-se como o efetivamente novo. Realiza-se muito mais na dimensão abstrata que todo novo traz consigo, isto é, a novidade. O novo acaba se opondo, de modo falaz, ao velho e este é relegado à memória ou, o que acaba sendo o mesmo, à história, ambas entificadas e assim entendidas como mero depósito, no qual se pode entrar e consultar quando necessário. O clamor pela novidade é equivalente ao seu descarte. A novidade tem uma vigência tão veloz quanto a necessidade de sua superação por outra" (1).


Referência:
(1) JARDIM, Antônio. Música: vigência do pensar poético. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, pp. 28-29.


Ver também:
Ferramentas pessoais