Ver
De Dicionário de Poética e Pensamento
Edição feita às 19h50min de 30 de Abril de 2009 por Andre Borges (Discussão | contribs)
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- "Agora talvez se sinta melhor tudo o que esta palavrinha exprime: ver. A visão não é um certo modo do pensamento ou de presença a si, é o meio que me é dado de estar ausente de mim mesmo, de assistir de dentro a fissão do Ser, só no termo da qual eu me fecho sobre mim" (1).
- Referência:
- (1) MERLEAU-DONTY, Maurice. O olho e o espÃrito. Rio de Janeiro: Grifo, 1969, p. 99.
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- "O evidente é aquele que já tem visto a totalidade das coisas que se apresenta na presença: em latim vidit; em alemão er steht in Wissen (ele está a par). Ter visto é a ausência do saber. No ter ter visto já há sempre outra coisa em jogo que a simples realização de um processo ótico. No ter visto a relação com aquilo que se apresenta já retrocedeu para trás de toda a espécie de percepção sensÃvel e não-sensÃvel. A partir daÃ, o ter visto está relacionado com a presença que se clarifica.
- O ver não se determina a partir do olho, mas a partir da clareira do ser. A in-sistência nela constitui a articulação de todos os sentidos humanos. A essência do ver enquanto ter visto é o saber. Este contém a visão. Ele permanece na lembrança da presença. o saber é a lembrança do ser. É por isso que Mnemosýne é a mãe das musas. Saber não é a ciência no sentido moderno. Saber é salvaguarda pensante da [ilegÃvel] do ser" (1).
- Referência:
- (1) HEIDEGGER, Martin. "A sentença de Anaximandro". In: Os pré-socráticos. Col. Os pensadores. São Paulo: Abril Cultura, 1978, p.34.