Escrever
De Dicionário de Poética e Pensamento
(Diferença entre revisões)
(→1) |
|||
Linha 1: | Linha 1: | ||
== 1 == | == 1 == | ||
- | : “Então escrever é o modo de quem tem a [[palavra]] como isca: a [[palavra]] pescando o que não é [[palavra]]. Quando essa não-palavra – a | + | : “Então [[escrever]] é o modo de quem tem a [[palavra]] como isca: a [[palavra]] pescando o que não é [[palavra]]. Quando essa não-palavra – a [[entrelinha]] – morde a isca, alguma [[coisa]] se escreveu. Uma vez que se pescou a [[entrelinha]], poder-se-ia com alÃvio [[jogar]] a [[palavra]] fora. Mas aà cessa a [[analogia]]: a [[não-palavra]], ao morder a isca, incorpora-a. O que salva então é [[escrever]] distraidamente†(1). |
: Referência: | : Referência: | ||
: (1) LISPECTOR, Clarice. ''Ãgua viva''. Rio de Janeiro: Artenova, 1973, p. 25. | : (1) LISPECTOR, Clarice. ''Ãgua viva''. Rio de Janeiro: Artenova, 1973, p. 25. |
Edição de 15h50min de 21 de Setembro de 2019
1
- “Então escrever é o modo de quem tem a palavra como isca: a palavra pescando o que não é palavra. Quando essa não-palavra – a entrelinha – morde a isca, alguma coisa se escreveu. Uma vez que se pescou a entrelinha, poder-se-ia com alÃvio jogar a palavra fora. Mas aà cessa a analogia: a não-palavra, ao morder a isca, incorpora-a. O que salva então é escrever distraidamente†(1).
- Referência:
- (1) LISPECTOR, Clarice. Ãgua viva. Rio de Janeiro: Artenova, 1973, p. 25.