Recolher

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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: "... em todo [[pensamento]] se dá algo que não somente não pode ser pensado como, sobretudo e em tudo que se pensa, significa [[pensar]], isto é, faz e torna possível o [[pensamento]]. Este "não pensado", que nunca poderá ser pensado, é, pois, um [[nada]]. Mas não um [[nada]] somente [[negativo]], nem um [[nada]] somente [[positivo]] e nem uma mistura, com ou sem [[dialética]], de [[negativo]] e [[positivo]]. Mas então que [[nada]] é este?  Um [[nada]] somente criativo tanto da [[negação]] como da [[posição]] e da composição de ambos" (1). Temos no verbo recolher-se o mesmo que recolher. A mudança está em que pratica a possível ação do recolher. No recolher-se temos um verbo reflexivo, com uma diferença. Como em recolher-se a ação vigora no ser. Neste caso a noção gramatical de reflexivo não dá conta do que diz recolher-se, uma vez que a fonte do agir não está no sujeito, mas no ser. Acolher o agir do ser é o recolher-se. E isto depende de quem se recolhe. Há um agir e um não agir, pois neste caso o sujeito é o ser.
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: "Não podemos [[limitar]] a [[linguagem]] à [[fala]], pois ficar em [[silêncio]] é já [[radicar]] na máxima [[potencialidade]] da [[linguagem]] de todo [[sentido]] e [[fala]]. Ficar em [[silêncio]] é [[recolher-se]] ao [[ser]], ao [[silêncio]] enquanto [[nada criativo]], de onde surge a [[compreensão]], radicada, portanto, em uma [[abertura]] de [[pré-compreensão]], advinda no [[silêncio]] vigoroso do [[sentido]] do [[ser]]. [[Ser]] é deixar-se tomar pelo [[vigorar]]  do [[silêncio]]" (1). Temos no [[verbo]] [[recolher-se]] o mesmo que [[recolher]]. A [[mudança]] está em quem pratica a [[possível]] [[ação]] do [[recolher]]. No [[recolher-se]] temos um [[verbo]] reflexivo, com uma [[diferença]]. Em [[recolher-se]] a [[ação]] vigora no [[ser]]. Neste caso a noção gramatical de reflexivo não dá conta do que diz [[recolher-se]], uma vez que a [[fonte]] do [[agir]] não está no [[sujeito]], mas no [[ser]]. [[Acolher]] o [[agir]] do [[ser]] é o [[recolher-se]]. E isto depende de quem se recolhe. Há um [[agir]] e um não agir, pois neste caso o [[sujeito]] [[é]] o [[ser]].
: [[Manuel Antônio de Castro]]
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Liberdade, vontade e uso de drogas”. In: -----. ''Arte: o humano e o destino''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 246.
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Liberdade, vontade e uso de drogas”. In: -----. ''Arte: o humano e o destino''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 271.

Edição de 22h14min de 7 de Julho de 2018

1

"A palavra recolher se compõe de dois prefixos, re- e cum- (co-) e do verbo legere, em latim, e legein, em grego. E o que dizem? Pôr e depor, reunir, dizer, mundificar. Já o prefixo re- diz o tornar a fazer, e o prefixo com- diz o tornar comum, manifestar a unidade. Portanto, recolher é reconstituir a unidade. Esta unidade é que se mostra no diá-logo, pois de legein formou-se a palavra logos, que é o radical de diálogo. Todo diálogo diz o deixar vigorar a diferença, a identidade, o mesmo" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Identidade: os dois ocidentes". In: NOYAMA, Samon (org.). O sagrado, a arte e a família. São Paulo: Editora LiberArs, 2011, p. 39.


2

"Não podemos limitar a linguagem à fala, pois ficar em silêncio é já radicar na máxima potencialidade da linguagem de todo sentido e fala. Ficar em silêncio é recolher-se ao ser, ao silêncio enquanto nada criativo, de onde surge a compreensão, radicada, portanto, em uma abertura de pré-compreensão, advinda no silêncio vigoroso do sentido do ser. Ser é deixar-se tomar pelo vigorar do silêncio" (1). Temos no verbo recolher-se o mesmo que recolher. A mudança está em quem pratica a possível ação do recolher. No recolher-se temos um verbo reflexivo, com uma diferença. Em recolher-se a ação vigora no ser. Neste caso a noção gramatical de reflexivo não dá conta do que diz recolher-se, uma vez que a fonte do agir não está no sujeito, mas no ser. Acolher o agir do ser é o recolher-se. E isto depende de quem se recolhe. Há um agir e um não agir, pois neste caso o sujeito é o ser.
Manuel Antônio de Castro
Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Liberdade, vontade e uso de drogas”. In: -----. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 271.


Referência:


(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. Posfácio. In: HEIDEGGER, Martin. Ser e tempo. 2. e. Petrópolis: Vozes, 2006, p. 550.
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