Diálogo
De Dicionrio de Potica e Pensamento
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:(2)Fragmento 53 em: HERÁCLITO. trad. Emmanuel Carneiro Leão. In: ''Os pensadores originários''. Petrópolis: Vozes, 1991. | :(2)Fragmento 53 em: HERÁCLITO. trad. Emmanuel Carneiro Leão. In: ''Os pensadores originários''. Petrópolis: Vozes, 1991. | ||
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Edição de 19h05min de 20 de janeiro de 2009
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- Podemos falar no diálogo de quatro instâncias: o eu, o outro, o lógos, o diá-. O lógos funda então os três diálogos. Porém, no diálogo há algo bem mais complexo. Podemos então considerar seis instâncias:
- 1ª Essência: do diálogo como disputa (1), (2);
- 2ª Essência: da obra de arte como disputa dialógica;
- 3ª Essência: do pensamento como diálogo (disputa entre as diferentes obras dos pensadores);
- 4ª Essência: do pensamento como diálogo/disputa com: a) Phýsis/Ser; b) Ser-humano; c) Arte;
- 5ª Essência: da poiesis como diálogo de disputa de poiesis e pensamento, ou seja, poesia pensante e pensamento poético;
- 6ª Essência: do ponto de vista do ser-humano, o agir dele no fazer obras ou desvelar, como diálogo/disputa. Então aqui o Diálogo se dá como Leitura. O interpretar é, portanto, um diálogo ético, porque todo interpretar é um interpretar-se pela escuta do lógos. Frag. 53, de Heráclito: "De todas as coisas a guerra é pai, de todas as coisas é senhor; a uns mostrou deuses, a outros, homens; de uns fez escravos, de outros, livres" (3).
- Referências:
- (1)HEIDEGGER, Martin. A origem da obra-de-arte. Trad. Idalina Azevedo da Silva e Manuel Antonio de Castro. Lisboa: Edições 70, 2008.
- (2)Fragmento 53 em: HERÁCLITO. trad. Emmanuel Carneiro Leão. In: Os pensadores originários. Petrópolis: Vozes, 1991.
- (3)Idem, p. 73.
2
- "(...) ninguém pode fazer uso do que os outros são, nem mesmo uso mental."
- Referência:
- (1) LISPECTOR, Clarice. Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres. 4. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1974, p. 62.
3
- Há a passagem nº III do ensaio de Heidegger: "Hölderlin et l'essence de la poésie", onde Heidegger discute a essência do diálogo, a partir de verso do Hölderlin: "Depuis que nous sommes un dialogue. Et que nous pouvons ouir les uns les autres." Há aí o grande tema da escuta e da fala ligado ao diálogo.
- Referência:
- (1) HEIDEGGER, Martin. Approche de Hölderlin. Paris: Gallimard, 1973, p. 48.
4
- Souza faz uma reflexão sobre o EU: a questão do olhar ("O olho não vê a si mesmo") e a questão do espelho. Vê, também, a relação sujeito e objeto enquanto projeção do eu.
- Referências:
- (1) SOUZA, Ronaldes de Melo e. "Introdução à poética da ironia". In: Linha de pesquisa. Revista de Letras da UVA, Rio de Janeiro, Ano I, No. 1, out. de 2000, p. 34 e 35.
5
- "De um diálogo faz parte que seu falar fale do mesmo e isso de um pertencer ao mesmo."
"O pensar, porém, é o poematiza da verdade do ser no diálogo historial dos pensadores."
- Referências:
- (1) HEIDEGGER, Martin. "A sentença de Anaximandro". In: Pré-Socráticos. Coleção Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1978, p.25.
- (2) ibidem, p.47.
6
- É do diálogo que seu falar fale do mesmo. E isso a partir de um co-pertencimento ao mesmo dos dialogantes. Na palavra portuguesa diálogo, o mesmo é o próprio logos, ou seja, a Linguagem enquanto mundo e memória. Só porque co-pertencemos ao logos e ele fala é que, se escutarmos, podemos dialogar, na medida em que a fala, como identidade, funda as diferenças de eu e tu, de masculino e feminino, de ser e não-ser. É no sentido do mesmo que a Linguagem é a mãe de todas as línguas.