Autodiálogo

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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:"- Seus conselhos. Mas existe um grande, o maior obstáculo para eu ir adiante: eu mesma. Tenho sido a maior dificuldade no meu [[caminho]]. É com enorme esforço que consigo me sobrepor a mim mesma. [...] - Sou um monte intransponível no meu próprio caminho. Mas às vezes por uma [[palavra]] tua ou por uma palavra lida, de repente tudo se esclarece. Sim, tudo se esclarecia e ela surgia de dentro de si mesma quase com esplendor."  
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:"Seus conselhos. Mas existe um grande, o maior obstáculo para eu ir adiante: eu mesma. Tenho sido a maior dificuldade no meu [[caminho]]. É com enorme esforço que consigo me sobrepor a mim mesma. [...] Sou um monte intransponível no meu próprio caminho. Mas às vezes por uma [[palavra]] tua ou por uma palavra lida, de repente tudo se esclarece. Sim, tudo se esclarecia e ela surgia de dentro de si mesma quase com esplendor" (1).
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:Referência:
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:LISPECTOR, Clarice. ''Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres''. 4. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1974, p. 54.
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:(1) LISPECTOR, Clarice. ''Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres''. Rio de Janeiro: José Olympio, 4ª ed., 1974, p. 54.
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:"Unicamente porque o Entre-ser enquanto tal é determinado pela ipseidade é que um eu-mesmo se pode relacionar com um tu-mesmo. A ipseidade é o pressuposto para a possibilidade da egoidade, que se revela sempre apenas no tu. A ipseidade, porém, nunca se refere ao tu, mas - porque primeiro possibilita tudo isso - é neutra perante o ser-eu e ser-tu e ainda com mais razão perante a 'sexualidade'" (HEIDEGGER: 1988:75). Quando consideramos que no auto-diálogo se dá um eu que é ao mesmo tempo um tu, então aparece cada um de nós como eu e não-eu, ou seja, há sempre um E, que podemos entender como um ENTRE, onde se dá algo de neutro, no sentido de ser um e outro. Que entre é esse? Não será o próprio logos, como vigor do próprio diá-logo?
 
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:'''Ver também:'''
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:HEIDEGGER, Martin. ''A essência do fundamento''. Lisboa: Edições 70, 1988.
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:"Unicamente porque o [[Entre-ser]] enquanto tal é determinado pela ipseidade é que um eu-mesmo se pode relacionar com um tu-mesmo. A ipseidade é o pressuposto para a possibilidade da egoidade, que se revela sempre apenas no tu. A ipseidade, porém, nunca se refere ao tu, mas - porque primeiro possibilita tudo isso - é neutra perante o ser-eu e ser-tu e ainda com mais [[razão]] perante a 'sexualidade'" (1). Quando consideramos que no autodiálogo se dá um eu, que é ao mesmo tempo um tu, então aparece cada um de nós como eu e não-eu, ou seja, há sempre um E, que podemos entender como um ENTRE, onde se dá algo de neutro, no sentido de ser um e outro. Que entre é esse? Não será o próprio ''lógos'', como [[vigor]] do próprio diá-logo?
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:Falamos cotidianamente, mas nem sempre dialogamos. Tanto o [[diálogo comunicativo]], como o [[heterodiálogo]] pressupõem o autodiálogo. É neste que o ''[[lógos]]'' se faz presente em toda sua densidade. É que a escuta do ''lógos'' nos conduz necessariamente a [[solidão]], que é, como diz Platão, "o diálogo áfono consigo mesmo" (1). Em tal diálogo o ''lógos'' se faz e dá como o próprio (auto) de tal maneira que sempre "entra algo 'indizível' que não pode ser totalmente trazido à voz pela [[linguagem]] e tampouco propriamente à palavra, pois não se comunica nem aos outros nem mesmo ao interessado" (2). Tal solidão não é um isolamento, mas o próprio ''lógos'' como solo nutriz de onde surge tudo que é passível de diálogo e possível no diálogo.
 
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:Referência:
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:- [[Manuel Antônio de Castro]]
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:(1) HEIDEGGER, Martin. ''A essência do fundamento''. Lisboa: Edições 70, 1988.
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:Referências:
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:(1) PLATÃO. ''Sofista''.
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:(2) ARENDT, Hannah. ''Homens em tempos sombrios''. São Paulo: Companhia das Letras, 1987, p. 256.
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:'''Ver também:'''
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:*[[Esplendor]]
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:*[[Logos]]
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:*[[Entre]]
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:*[[Solidão]]
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Edição atual tal como 19h29min de 11 de Setembro de 2009

1

"– Seus conselhos. Mas existe um grande, o maior obstáculo para eu ir adiante: eu mesma. Tenho sido a maior dificuldade no meu caminho. É com enorme esforço que consigo me sobrepor a mim mesma. [...] – Sou um monte intransponível no meu próprio caminho. Mas às vezes por uma palavra tua ou por uma palavra lida, de repente tudo se esclarece. Sim, tudo se esclarecia e ela surgia de dentro de si mesma quase com esplendor" (1).


Referência:
(1) LISPECTOR, Clarice. Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres. Rio de Janeiro: José Olympio, 4ª ed., 1974, p. 54.


Ver também:

2

"Unicamente porque o Entre-ser enquanto tal é determinado pela ipseidade é que um eu-mesmo se pode relacionar com um tu-mesmo. A ipseidade é o pressuposto para a possibilidade da egoidade, que se revela sempre apenas no tu. A ipseidade, porém, nunca se refere ao tu, mas - porque primeiro possibilita tudo isso - é neutra perante o ser-eu e ser-tu e ainda com mais razão perante a 'sexualidade'" (1). Quando consideramos que no autodiálogo se dá um eu, que é ao mesmo tempo um tu, então aparece cada um de nós como eu e não-eu, ou seja, há sempre um E, que podemos entender como um ENTRE, onde se dá algo de neutro, no sentido de ser um e outro. Que entre é esse? Não será o próprio lógos, como vigor do próprio diá-logo?


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. A essência do fundamento. Lisboa: Edições 70, 1988.
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